Se você não sabe o que é o TikTok, então você não conhece um dos maiores fenômenos da internet, que virou febre entre os jovens desde o ano passado.
A jovem acreana Bia Araújo, ou @magicardb, como muitos conhecem, de 19 anos, atualmente possui 2,7 milhões de seguidores no TikTok e está na plataforma desde 2019. Para ela, o aplicativo já tomou forma e ganhou espaço, mesmo competindo com o Instagram, mas acredita que talvez não dure tanto tempo como os outros aplicativos.
Bia começou a usar o app por influência de uma amiga, decidiu iniciar com vídeos de customização e às vezes postava de comidas e receitas. Mas um vídeo específico, em que ela ensina uma receita na cozinha, chegou a 18 mil visualizações. Foi quando a empolgação “tomou de conta”.
Foto: Reprodução/TikTok
“Foi assim que comecei a pegar gosto pelas gravações e aos poucos fui achando meu conteúdo, que hoje é comida. Aos poucos fui crescendo e, no meio da pandemia, em 2020, meus vídeos passaram a viralizar. E hoje, graças a Deus, estou onde estou”, enfatiza Bia.
A jovem conta que em sua relação com o aplicativo, no início, passava horas navegando, justamente por estar no auge da pandemia e quando ninguém saía de casa. Com o tempo, passou a navegar menos no TikTok e postar mais seu conteúdo, porque é o que gosta de fazer.
Foto: Reprodução/Instagram
Ela faz algumas críticas à plataforma, considerando que existem conteúdos ruins e desnecessários, “Mas lá também encontramos de tudo, como história, humor, curiosidades e culinária. São várias opções de conteúdos bons e também conteúdos ruins, como vemos em qualquer outro aplicativo da internet”, afirma a criadora de conteúdo. Hoje Bia trabalha somente com a internet, criando conteúdos de receitas e culinária para o TikTok e Instagram.
O que é o TikTok?
Lançado pela ByteDance, na China, em setembro de 2016, o aplicativo conhecido como Douyin, foi desenvolvido em 200 dias. No primeiro ano, recebeu mais de 100 milhões de usuários, tendo mais de 1 bilhão de vídeos visualizados todos os dias. A rede foi lançada no mercado internacional em setembro de 2017 e um ano depois continuou registrando números absurdos. O app foi baixado cerca de 80 milhões de vezes nos Estados Unidos e 800 milhões de vezes em todo o mundo, de acordo com dados da empresa Sensor Tower.
Considerado um dos aplicativos mais populares do mundo, ele funciona da seguinte forma: os usuários gravam vídeos com duração de até 15 segundos e podem escolher músicas e efeitos visuais ou sonoros. Além disso, também é possível fazer duetos com alguém respondendo ao seu vídeo, o que cria uma tela “dupla”, alimentando assim uma cadeia interminável de reações. Os usuários também podem fazer upload de seus próprios sons, para que seja possível sincronizar uma dublagem com o vídeo original de outra pessoa.
Foto: Reprodução/Internet
O TikTok não parece ser tão diferente de outros aplicativos que também entregam vídeos, como Snapchat, o “finado” Vine e Dubsmash. Ele trabalha com a mesma proposta, mas o diferencial é seu algoritmo de inteligência artificial (IA) e uma variedade sofisticada de efeitos. Agora você já sabe o porquê não consegue sair da plataforma tão facilmente logo quando entra, é isso que o torna irresistível. O TikTok oferece muitas possibilidades para criadores e marcas, digamos que seja mais “fácil” trabalhar com este aplicativo.
A plataforma chegou a 1.289 bilhão de usuários ativos, contra 1.221 bilhão do Instagram, segundo levantamento realizado em março deste ano. Em fevereiro de 2021, o TikTok foi o aplicativo mais baixado do mundo, com 56 milhões de downloads.
Foto: Reprodução/TikTok
De acordo com o site da ByteDance, o TikTok foi fundado em um esforço “para combinar o poder da inteligência artificial com o crescimento da Internet móvel, de forma que revolucione a maneira como as pessoas consomem e recebem informações”. É exatamente graças a IA que o TikTok só entrega ao usuário aquilo que ele deseja consumir. Ou você acha que o aplicativo usa de poderes mágicos para saber que você gosta de assistir vídeos com memes, receitas ou good vibes?
Soberania e popularidade
Em junho de 2020, a Índia decidiu banir o TikTok, junto com outros 58 aplicativos chineses, numa forte afronta a Pequim. O governo alegava que eles seriam “prejudiciais à soberania, à integridade e à defesa da Índia”. No país do Tio Sam, a brincadeira também virou alvo de tensões geopolíticas. A rede acabou entrando na disputa entre os Estados Unidos e a China, quando o ex-presidente, Donald Trump determinou o encerramento do uso do app em território americano. Segundo ele, o TikTok estaria monitorando os cidadãos a serviço do Partido Comunista da China. Mas a ideia não foi muito longe e os vídeos continuaram fazendo sucesso.
Foto: Reprodução/TikTok
Além de ser um aplicativo fácil e divertido, outros motivos levaram o TikTok a ter uma grande visibilidade. O apoio das celebridades foi algo crucial para que o aplicativo tivesse grande alcance em pouco tempo. O apresentador do The Tonight Show, Jimmy Fallon, por exemplo, realizou uma sessão de “desafios” em seu programa e usou o TikTok como plataforma. No Japão, o aplicativo chamou a atenção da célebre Kinoshita Yukina, na Tailândia, a youtuber Kaykai Salaider e na Índia a atriz Aashika Bhatia. Já no Brasil, a cantora Ludmilla lançou vários desafios de dança em parceria com o FitDance. O conteúdo localizado, a fácil criação, compartilhamento e alcance de visualizações também são fatores poderosos para que a plataforma continue a crescer todos os dias.
A popularidade atual do TikTok é realmente surpreendente, mas ainda não garante que atingirá os níveis de outras redes sociais como Instagram e YouTube. Para que isso aconteça, o aplicativo precisará inovar e encontrar novas maneiras de continuar engajando seus usuários. Eles também terão que tornar a plataforma mais acessível para as marcas. Algo possível para uma plataforma que cresceu tanto em tão pouco tempo.
Por Ana Luiza Pedroza, Ádrya Miranda, Daniel de Paula e Wellington Vidal
O jornal impresso, símbolo histórico e cultural no Acre, começa a se despedir lentamente do cotidiano da população. A era digital assume o protagonismo, apostando em novos formatos de levar acesso à informação, no entanto, sem apagar o legado construído pelo impresso na história acreana.
Apesar dos esforços para reinventar o jornalismo local, a transição do impresso para o digital trouxe grandes desafios. No Acre, essa movimentação ocorreu de forma tardia, mas com a contribuição de jornalistas que se desdobram diariamente para acompanhar as mudanças no modo de noticiar, mantendo o compromisso social com a população.
Entre os obstáculos, a pandemia de Covid-19 foi um dos que aceleraram o declínio dos jornais impressos em todo o país, e no Acre não foi diferente. O A Gazeta, um dos veículos mais populares do estado, foi diretamente impactado.
Rotativa, máquina utilizada na impressão dos jornais A Gazeta. Foto: Ádrya Miranda
Fundado em 1985, sob direção de Silvio Martinello e Elson Martins, o jornal se destacou pelo jornalismo investigativo e de cunho social, sendo pioneiro em projetos editoriais gráficos com diagramação no impresso acreano. Foi por meio de suas páginas que os acreanos acompanharam coberturas históricas, como o assassinato do sindicalista Chico Mendes.
Em 1998, tornou-se o primeiro jornal a circular em cores no estado, com até 3.500 exemplares vendidos em dias movimentados, segundo Silvio. Apesar das inovações com o jornal impresso, o veículo enfrentou as adaptações tecnológicas do século 21. O portal online, criado ainda nessa fase, tinha estrutura simples, servindo apenas para replicar, de forma reduzida, as notícias do jornal físico.
À esquerda, Maíra Martinello; ao fundo, Paula Martinello; e à direita, Silvio Martinello. Foto: Arquivo pessoal
A edição impressa teve o seu fim em 2021, após uma expressiva queda nas vendas. Paula Martinello, jornalista do A Gazeta do Acre, relata que a migração definitiva para o digital foi desafiadora e impulsionada pela pandemia. “Foi um processo muito gradativo, porque o trabalho online não é fácil. É muita concorrência, é um outro tipo de público e perfil de consumo da notícia”, comenta.
Para os jornalistas do A Gazeta, hoje, A Gazeta do Acre, o desafio não foi apenas adaptar-se ao ambiente online, mas reinventar a rotina de produção jornalística sem abrir mão da credibilidade construída. Segundo Maíra Martinello, foram necessárias estratégias para garantir a sobrevivência e a relevância no meio digital, que exige mais agilidade, versatilidade e presença em todas as plataformas.
“A gente foi entrando nesse mundo online, digital. Claro que tem pontos positivos, como o custo mais baixo, a praticidade e a democratização do acesso à informação. Mas a era digital exige muito mais do jornalista, que hoje precisa escrever, gravar vídeo, áudio, editar, usar várias ferramentas ao mesmo tempo”, explica.
A transição da notícia do impresso para o ambiente digital, embora tenha sido impactante para todo o campo jornalístico, foi recebida de maneira diferente por cada veículo, conforme suas particularidades. Outro nome importante da imprensa acreana, como o jornal O Rio Branco, também enfrentou esses momentos de transformação.
Portal de notícias oriobranco.net. Foto: Ádrya Miranda
Mendes também reforça a necessidade dos jornalistas manterem seu compromisso social, mesmo diante das mudanças impostas pela era digital. “Se vocês forem jornalistas e pretenderem ser responsáveis, não esperem que a notícia chegue até vocês. Vocês têm que ir atrás da notícia”, conclui.
Essa transformação também é percebida por leitores que acompanharam de perto o auge das edições impressas no Acre. “Porque o jornal é um documento, então ele vai ficar ali para sempre”, comenta o jornalista e leitor assíduo Gleilson Miranda, de 55 anos, ao destacar que o jornal impresso carrega um valor que vai além da notícia do dia, mas também a documentação de histórias.
Segundo ele, com o jornal impresso era possível encontrar experiências afetivas, que marcavam seu momento de leitura.
“O jornal é impresso, tem esse charme, tem essa coisa de você sentar, tomar um café e folhear as páginas, lendo as principais notícias. Isso era muito bom para a época. Hoje você tem essa notícia mais rápida. Notícia que chega muito rápido”, afirmou Gleilson, ao relembrar as sensações que os impressos lhe proporcionaram.
A transição dos jornais impressos para os portais digitais no Acre marca uma mudança profunda no modo de fazer e consumir jornalismo. Conhecer a história da imprensa local, com a contribuição das edições do A Gazeta e O Rio Branco, é essencial para entender o papel que esses veículos tiveram na formação da identidade e da memória do estado.
Edição impressa O Rio Branco. Foto: Arquivo Espaço Cultural Palhukas
Para Narciso Mendes, atual proprietário da TV Rio Branco, o impresso no Acre carrega o legado de muitas figuras marcantes da história local. No entanto, a migração do jornal impresso O Rio Branco para o meio online não teve o mesmo peso como teve para os demais veículos.
Por Diogo José, Letícia Zimmer, Liz Melo e Vitória Messias
Por muito tempo, o Chico’s Rock Bar foi sinônimo de encontro entre amigos, boas conversas, drinks autorais e, claro, muita música. De 2013 até seu fechamento em 2019, o espaço se tornou ponto de encontro para quem buscava um ambiente alternativo em Rio Branco. Com a promessa de trazer novas histórias e um clima de nostalgia às noites da capital, o bar volta neste mês de junho.
Para Gabriela Pantoja, de 28 anos, antiga frequentadora da cena noturna da capital, o bar era mais do que um local de diversão. “Eu costumava ir nesse bar, no Emporium e no Loft. Era sempre movimentado, com bastante gente, inclusive na frente do bar, e o atendimento era tranquilo, sempre fui bem atendida lá”, relembra.
Uma memória afetiva, e, de certa forma, coletiva, foi criada devido ao clima underground e intimista do lugar. “Tenho boas lembranças desse tempo, era um dos poucos lugares da cidade com esse estilo mais alternativo, então a gente acabava sempre se encontrando por lá”, completa Pantoja.
O espaço não era apenas um lugar de conforto para o público, mas também para os artistas que o frequentavam. Segundo a cantora e compositora Duda Modesto, o Chico’s tem um significado especial: foi o primeiro palco de sua carreira. “Conheci muitos amigos ali, o que causava aquela sensação de reencontrar na noite as pessoas da nossa bolha de pertencimento. Por isso, tô ansiosa pelo retorno do bar e também porque aumentam nossas opções de espaços para frequentar na cidade”, conta.
Agora, em junho deste ano, o Chico’s está de volta, com cara nova, mas com a mesma essência. O proprietário, Ricardo Melo, conta que o retorno foi motivado pelo desejo de reviver o local, agora, com uma proposta personalizada e acolhedora. “Acreditei em um modelo de negócio personalizado, onde já havia uma clientela fiel e que necessitava de um ambiente mais reservado, longe de aglomerações e situações de paqueras ou assédio, principalmente para as mulheres”.
Segundo Ricardo, o bar funcionará com atendimento exclusivo feito por ele mesmo, desde a preparação dos pratos até o serviço. A reabertura acontecerá de forma restrita, com previsão de abertura de 10 vagas semanais para o público geral e turistas. “A comida é feita por mim e servida na mesa ou balcão. A restrição de público é porque não consigo atender muitas pessoas”, explica.
O nome do bar, originalmente inspirado no pai do proprietário, Francisco Sá de Souza, também sofrerá uma leve mudança. “Fiz uma homenagem a quem me deu a base do empreendedorismo. O nome passará por uma alteração. Por não poder registrar o nome ‘Chico’s’ no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), será alterado apenas a forma de escrever”
O fechamento em 2019, segundo Ricardo, foi reflexo direto das limitações econômicas e da baixa movimentação cultural da cidade. “A renda da capital do Acre, Rio Branco, é 80% do funcionalismo público. Temos o mesmo público para consumir nos empreendimentos que tentam se reinventar todas as horas, dias, meses e anos. A falta de incentivo através de políticas públicas do município e do Estado também contribuem para que o comércio não se desenvolva”
Além disso, o empresário destaca a escassez de eventos relevantes no calendário cultural da cidade: “Temos um calendário anual reduzido com cinco grandes eventos: Natal, Réveillon, Carnaval, enchentes e Expoacre”
Dificuldades enfrentadas por bares e casas de show em Rio Branco
A reabertura do Chico’s reacende uma discussão necessária sobre os desafios enfrentados por bares e casas de show em Rio Branco. Em meio ao fechamento de diversos espaços culturais, como a Confraria, alguns estabelecimentos resistem. O Studio Beer, por exemplo, é um dos poucos que ainda consegue operar com regularidade.
Organizador de eventos e filho dos proprietários da casa, Bala Padula, afirma que manter o negócio é um constante exercício de adaptação e resistência. “Acredito que o maior problema que todos nós da noite enfrentamos é o poder público; são muitas taxas, impostos, exigências que, não todas, são desnecessárias. Pagamos a taxa de música ao vivo para a Polícia Militar e não ao artista, isso é uma ofensa a toda classe. São muitos fatores que trabalham contra a cultura”.
Para ele, um dos segredos da sobrevivência do Studio Beer é o trabalho colaborativo com artistas e a ausência de custos com aluguel. “Se você tem os artistas como parceiros e amigos, as chances da apresentação se tornar um espetáculo é muito maior. O mercado imobiliário de Rio Branco é absurdamente caro”.
A ausência de políticas públicas voltadas para o setor também é motivo de alerta para o vice-presidente da Câmara Municipal e presidente da Associação de Bares e Restaurantes e Promotores de Eventos do Acre, Leôncio Castro. Segundo ele, a situação do entretenimento local é crítica.
“Não existe no momento nenhum tipo de política pública para tentar ajudar o entretenimento local. Meu gabinete está levantando algumas alternativas, inclusive com propostas de mudança de horário”, afirma.
Castro ainda destaca que a crise no setor é nacional, mas em estados como o Acre, os efeitos são ainda mais severos. “No Brasil, uma parte do setor está trabalhando no vermelho. No Acre acredito que seja uma estimativa ainda maior. O comportamento do cliente mudou pós-pandemia, as pessoas pararam de ter vida noturna”.
O retorno do Chico’s Rock Bar, portanto, é mais do que a reabertura de um espaço físico: é um respiro em meio ao sufoco vivido por quem insiste em manter viva a cultura da noite acreana.
Por Gabriela Costa, Jhon Christophe, Laura Vilhena, Luiza Mariano e Maria Mariana Mota
De 1 a 5 de abril, o Cine Teatro Recreio será o cenário do cinema feminino amazônico, com a realização da primeira edição da Mostra “Norte Delas”. O evento apresenta filmes que expõem perspectivas de identidade, religião, afetos e meio-ambiente, tornando o cinema uma via de acesso à cultura, lazer e interação social para a população, a partir do olhar feminino.
O evento gratuito realizado pela Seiva Colab Amazônica com o apoio da Prefeitura de Rio Branco, dará visibilidade às realizadoras audiovisuais nortistas e exibirá curtas, médias e longas-metragens de todos os sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Dentre as produções selecionadas estão obras premiadas como “O Barulho da Noite” de direção da tocantinense Eva Pereira e estrelado por Emanuelle Araújo (vencedor do Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles) e estreias como a do documentário “Osmarina”, da jornalista e cineasta acreana Juliana Machado, diretora de produção da mostra.
Para Juliana, a mostra nasce do desejo de ser um manifesto feminino para que se possa valorizar a diversidade criativa e cultural das mulheres do Norte, já que a representatividade no cinema enfrenta desafios agravados também pelo isolamento regional”.
Foto: divulgação do filme “Juliana”
Além das sessões que se iniciam todos os dias das 18h às 20h, a programação também conta com workshops de formação em direção artística, figurino e processo criativo na direção cinematográfica, nos dias 02 e 03 das 14h às 17h, as inscrições são gratuitas e feitas no instagram @mostranortedelasdecinema, onde também está disponível a lista completa dos filmes a serem exibidos.
*Texto produzido na disciplina Fundamentos do Jornalismo sob supervisão do professor Wagner Costa