Siga a Catraia

Cultura

Feira de economia fortalece empreendedorismo em Rio Branco

Empreender é um desafio, sobretudo no Acre. Mas com criatividade e propósito, os resultados são positivos para o fortalecimento do comércio na capital

Publicado há

em

Por: Bruna Rozalina de Freitas e Walace Matheus Gomes

50 serviços indiretos geraram o lucro de R$300 mil em suas noites. Foto: Walace Gomes

Empreender do zero não é uma tarefa fácil, o medo do desconhecido e a falta de orçamento, são as principais barreiras encontradas por autônomos, mas, o sonho de ver o próprio negócio crescer, é infinitamente maior. O comércio no Acre tem sido alavancado por esses trabalhadores que lutam para empreender suas ideias, contribuindo para o aparecimento de novos produtos e serviços. 

É o caso de Eliadar Linhares, que montou o empreendimento Bolos da Lia, ela é mais uma dos milhares de empreendedores que começaram com quase nada, mas com determinação, transformaram o próprio em renda principal. Lia relata que a ideia de vender bolos surgiu durante a pandemia, quando fez um grupo no WhatsApp para vender uma fatia de bolo como se fosse um leilão. “Nesse grupo ofertei uma fatia, levava quem pagava mais, essa fatia saiu por R$ 15, 00 reais, e continuei porque vi que era a hora certa de montar meu negócio”, comentou.

Amigos e conhecidos passaram a encomendar bolos inteiros, inicialmente, apenas os tradicionais, como formigueiro e mesclado. E com o sucesso das encomendas, a boleira ampliou seus conhecimentos, por vídeos no YouTube, onde criou técnicas de confeitaria, focadas no sabor caseiro. Por meio da visualização dos vídeos foi possível receber encomendas para festas de aniversário e até casamento. A beleza e capricho tornaram Lia a dona do melhor recheio de chantilly num concurso de bolos e tortas.

Para engajar o próprio negócio em meio a tantos outros empreendimentos parecidos, é preciso enfrentar uma série de dificuldades como a elevada taxa dos preços alimentícios. “O alto preço dos insumos para confeitaria dificultam muito. Além de ser necessário ter um local adequado para fabricação, estou no ramo há quase quatro anos, e hoje meus bolos estão adoçando várias festas daqui de Rio Branco”, comemora.

Economia solidária

Segundo Aldemar Maciel, analista de apoio às micro e pequenas empresas do Sebrae, sua intenção é promover o encontro de negócios entre quem quer comprar e quem quer vender, potencializando  a economia. E este impacto também pôde ser percebido durante os seis dias do arraial cultural 2023, que reuniu quarenta mil pessoas, segundo pesquisa da Fundação Elias Mansour — FEM, movimentando mais de trezentos mil reais aos empreendedores da feira de economia solidária com mais de 50 serviços indiretos gerando um lucro de R$300 mil em suas noites.

Com o apoio de quatorze instituições parceiras, o evento contribuiu estrategicamente para fomentar as vendas dos participantes da feirinha do Badate, que atualmente vem se espalhando por todo o estado e por onde passa tem dado resultado. ‘’ São esses eventos que trazem gás pra nós continuarmos investindo na nossa gente. Tem vendedores que vieram sem muita esperança e estão saindo motivados a continuar, porque deu certo’’, declarou o diretor de ação, Sérgio Siqueira.

Quiosques de artesanatos presentes no Arraial. Foto: Walace Gomes

Arraial cultural

O sucesso para os empreendedores foi garantido, e as opções mais buscadas se encontravam na praça de alimentação denominada quintal dos quitutes, com caldos, galinha picante, carne na chapa, sarapatel, doces e derivados do milho. Na casa da farinha o preparo de beijus e tapiocas ajudou a alavancar as vendas. Por outro lado, o capricho presente nos artesanatos e brinquedos para as crianças, se destacou como sucesso de vendas, garantindo renda extra aos comerciantes que já aproveitaram o mês das festas juninas para arrecadar fundos para os próximos eventos, como a Expoacre 2023. 

Coordenado pela Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo – SEET, Lara Cristina informa quais foram as estratégias e planejamentos utilizados no evento, que trouxe mais de sessenta barracas, sendo treze participantes da feira de economia solidária. E os demais, vendedores que estavam em sua primeira exposição. ‘’A escolha dos participantes foi mediante sorteio, junto ao Sebrae, e conseguimos trazer variedade de exposições, para nutrir e miscigenar o nosso evento, auxiliando os vendedores antes, durante e depois daqui, numa parceria de sucesso.’’

Empreendendo suas ideias

Entre os destaques presentes no arraial, o stand do projeto ISE Arte, mostrou que com criatividade e capricho é possível criar peças glamourosas. Os produtos são feitos pelos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, trazendo bonecas de pano, origamis, pulseiras e peças de decoração.’’Os meninos e meninas que estão cumprindo medida, tem um exemplo vivo de que isso funciona e pode ser um grande negócio. Abrindo a visão deles de que as peças produzidas tem mercado aqui fora. O  nosso papel é contribuir para virar essa chave e ajudá-los a vencer’’, disse Julieta Costa, instrutora de artesanato no instituto.

A hospitalidade é a principal marca do acriano e nas vendas não poderia ser diferente. A microempreendedora Maria Hiolanda, contou que o seu sucesso está no atendimento às pessoas com amor, carinho e muita empatia. ‘’Antes daqui, tivemos várias palestras de instrução que me ajudaram até a compreender melhor o meu negócio e assim, eu pude vender a minha carne de sol, galinha picante e o bobó de camarão para os meus clientes, que foi um grande sucesso de vendas, eu espero que a edição do próximo ano venha ser ainda melhor e com mais oportunidades”, destacou.

Para fomentar o empreendedorismo não é preciso de muito, e este apoio é tão importante que novas ideias vão surgindo ao constatar que o ambiente de negócios deu certo. Por outro lado, a burocratização, falta de capacitação e até políticas públicas prejudicam quem quer começar do zero o seu negócio. Pensando nesta solução, o Sebrae lançou a Feira do Empreendedor, entre os dias 16 e 19 de outubro, com o propósito de apresentar soluções que colaboram para a geração de novos negócios, por meio de palestras e oficinas. E com a economia local fortalecida, novos rumos vão se criando na configuração de cidadania e business para as novas gerações.

Cultura

Retorno das supermodelos dos anos 2000 às passarelas no outono/inverno 2024

Publicado há

em

por

As brasileiras Caroline Trentini e Isabeli Fontana foram destaque na semana de moda de Paris.

Por Felipe Souza

A temporada outono/inverno 2024 tem sido um prato cheio para os amantes da moda “vintage” e das grandiosas modelos. Além de peças que remetem à época, as supermodelos dos anos 2000 retornaram com tudo nas passarelas de Nova York, Londres, Milão e Paris.

Muitas eras de modelos se encontraram em um curto período de tempo em que ocorreram as Semanas de Moda. Das brazilian bombshells às doll faces, os rostos mais conhecidos pela comunidade fashion mundial apareceram e brilharam nas cidades mais badaladas do mundo.

Não importava em qual desfile você assistia. Do mais ‘fashion’ ao mais comercial, as poderosas das passarelas dos anos 2000 estavam lá. Claro que o Brasil esteve presente, considerando que a maioria das grandes modelos no início do século era brasileira.

A gaúcha Caroline Trentini, por exemplo, representou o país nas passarelas da Schiaparelli, Carolina Herrera, Michael Kors e Max Mara. Além de Caroline, a paranaense Isabeli Fontana cruzou a Balenciaga e Alessandra Ambrósio, a icônica angel da Victoria’s Secret, fechou o desfile do estilista Elie Saab.

Caroline Trentini, Isabeli Fontana e Alessandra Ambrósio/Créditos: Condé Nast

Mas não foi só de brazilian bombshells que a moda dos anos 2000 viveu. A norte-americana Frankie Rayder também cruzou, assim como Fontana, as passarelas da Balenciaga. Rayder foi uma das favoritas de Donatella Versace na era de ouro da italiana ‘Versace’.

Frankie Rayder para Balenciaga/Créditos: Condé Nast

As Slavas, sem sombras de dúvidas, estavam em peso também. O maior nome da temporada foi Natasha Poly, a mais bem-sucedida russa. Poly desfilou para Max Mara, Ferrari, Dolce & Gabbana, Fendi, Mugler e, majestosamente, fechou a coleção da Acnes Studio.

Natasha Poly para Fendi/Créditos: Condé Nast

Ainda representando as Slavas, a lendária ucraniana Carmen Kass e – segunda maior modelo dos anos 2000, apenas atrás de Gisele Bündchen -, e a russa Natalia Vodianova, juntas,  receberam todos os holofotes da plateia presente no show da Vetements.

Hana Soukupova, com seus 1,85 metros, também fez um retorno com maestria e cruzou a francesa Balmain e ainda brilhou com um outfit todo preto do Elie Saab.

Carmen Kass, Natalia Vodianova e Hana Soukupova/Créditos: Condé Nast

Uma menção mais que honrosa: Gemma Ward para Max Mara. A doll face original, com seus cabelos loiros e olhos azuis, por muito tempo brilhou nas maiores grifes do mundo. Hoje, reclusa das câmeras, faz trabalhos selecionados e no outono 2024 foi escolhida para encerrar o desfile, além de ter reencontrado as amigas de longa data.

Gemma Ward, Natasha Poly e Caroline Trentini no backstage da Max Mara/Créditos: Arquivo pessoal/Caroline Trentini

Continue lendo

Cultura

Coletivo Errantes e a democratização da arte

Publicado há

em

por

O coletivo artístico Errantes, existente a poucos meses, está se consolidando na cena artística da Universidade Federal da Ufac e de Rio Branco.

Por Tacila Muniz

Fundado em outubro de 2023 pelos estudantes de história licenciatura da Universidade Federal do Acre (UFAC) Diego Fontenele, Jhonatas Nathan e José Lucas, o grupo apresenta desenhos que consistem em estilos ligados às referências de interesse de cada artista como o surrealismo, exploração de aspectos anatômicos e de cultura pop.

Sua origem e identidade estão intrinsecamente ligadas à universidade. O projeto que primeiramente uniu os colegas de curso foi a última edição da Semana Acadêmica de História, realizada em outubro do ano passado, onde puderam expor seus materiais pessoais. O stand chamou atenção de professores da Associação de Docentes da Ufac (ADUFAC) como a presidente Letícia Mamed, que firmou uma parceria.

Os estudantes sentiram a necessidade de se apresentarem como um grupo e não só como artistas individuais parceiros. Dessa forma criaram o coletivo, sendo sua primeira exposição como grupo, denominado “Devaneios”, realizada em 23 de novembro de 2023, na sede na ADUFAC.

A partir daí oportunidades surgiram e novos artistas foram inseridos como João Victor e Franciele Feittosa.  Além disso, uma equipe de apoio foi montada, sendo Mariana Maia e Débora Fontinele como comunicação, Lucas Nobre, Jardel França e Débora Tacana no editorial e curadoria e por fim uma equipe pedagógica, ainda em desenvolvimento, mas que já conta com João Pedro.

“É uma junção de pessoas da periferia que estão ocupando um espaço que naturalmente não é nosso”

Os integrantes falam que a ideia das últimas exposições e o que dá o tom dentro do coletivo é a possibilidade de democratizar a arte, “a arte não precisa ser cara, ela não precisa de muitos estudos, várias técnicas específicas. Cada um de nós tem técnicas diferentes, estilos diferentes, querendo passar mensagens diferentes, e ainda assim todos nós somos autodidatas e nenhum de nós representa alguma escola”, afirma José Lucas.

O coletivo também traz cada vez mais em sua identidade a utilização de materiais utilizados como tela, como pedaços de madeira e ferro avulsos, usados tanto para suprimir gastos quanto também para reciclar materiais que serviriam como lixo.

Além do ambiente universitário, para eles, a origem periférica é um grande ponto de referência para refletir sobre a prática de cada artista, mas também como o grupo pode atingir mais indivíduos em vulnerabilidade social.

 “É uma junção de pessoas da periferia que estão ocupando um espaço que naturalmente não é nosso,” acrescenta Fontenele. Por esse motivo o grupo planeja montar materiais educacionais auxiliares na prática e conhecimento artístico voltado a crianças e jovens de escolas localizadas em bairros não centrais de Rio Branco.

Como perspectiva, o grupo tem como norte continuar a prática dos ideais citados, mas também institucionalizar o coletivo na Ufac, podendo impulsionar pesquisas envolvendo cultura e arte dentro e fora dos muros da universidade,

 “É fazer um programa que vai ficar além de nós. Quando a gente sair daqui a gente quer deixar o coletivo para as gerações que vão entrar como algo dos estudantes”, explica Nobre.

Apesar do pouco tempo de existência, o grupo reflete sobre o que já foi possível construir e mantém a confiança de conquistar ainda mais, para nós, a quatro meses atrás era totalmente impensado. É muito doido você imaginar que os moleques da quebrada de Rio Branco, estão indo simplesmente expor lá no (museu) Juvenal Antunes sendo convidado. E a ideia é que a gente consiga abrir portas para que outras pessoas da quebrada também consigam fazer isso”.

Continue lendo

Cultura

Cineasta Acreana vai dirigir documentário sobre mulheres no cárcere intitulado “Amor Bandido”

Publicado há

em

por

Projeto no seguimento do audiovisual foi apresentado no edital da Lei Paulo Gustavo e a autora aguarda resultado para seguir na sua produção

Por Enilson Amorim

A cineasta e historiadora acreana Kelen Gleysse Maia dirigirá o documentário “Amor Bandido”, que abordará a história de mulheres envolvidas em crimes motivados pela influência de seus companheiros. Segundo a autora, o projeto está em fase inicial, mas as pesquisas para a realização do filme estão bem avançadas. “Para você ter uma ideia, o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, conforme uma pesquisa nacional realizada em 2022. No Acre, dados oficiais indicam um aumento gradual no número de mulheres reclusas, totalizando 231, sendo 193 em Rio Branco, 17 em Cruzeiro do Sul e 21 em Tarauacá, sem contar aquelas em que estão em regime aberto e semiaberto, sob Monitoramento Eletrônico Penitenciário”, comenta a cineasta e pesquisadora.

Kelen Gleysse Maia Andrade acumula experiência em pesquisa com grupos silenciados desde seus estudos de história até o mestrado em linguagens e identidades pela Universidade Federal do Acre (Ufac). “Já realizei diversos trabalhos com comunidades isoladas em seringais distantes e outros grupos esquecidos pelo Estado. Minhas incursões nas temáticas voltadas para as mulheres começaram com meu primeiro trabalho no audiovisual, chamado ‘Mulheres Lavandeiras’, exibido no Segundo FestCineMulher – edição 2022 realizado pela Associação Acreana de Cinema (Asacine). A partir desses trabalhos audiovisuais, surgiu a ideia de realizar o documentário ‘Amor Bandido’.”

Cineasta produzirá curta que narra as histórias de mulheres encarceradas no Acre. Foto: Cedida

No roteiro do novo documentário, a cineasta pretende denunciar as dificuldades e a negligência do poder público em relação a essas mulheres encarceradas, destacando que muitas são esposas, mães de família pobres que foram separadas de seus filhos e enfrentam diversos tipos de preconceitos dentro dos presídios. “São donas de casa que se veem largadas nos presídios, frequentemente sem garantias de saúde, higiene e proteção, violando seus direitos fundamentais e humanos.”

A cineasta planeja revelar também que essas mulheres, frequentemente sem instrução acadêmica e estrutura familiar adequada, são alojadas em presídios insalubres, escuros e malcheirosos, sem condições mínimas de higiene nas celas e com uma alimentação precária. Elas acabam nesses presídios por influência de seus companheiros, que, direta ou indiretamente, as levam ao crime devido à dependência emocional e financeira.

O documentário não busca justificar práticas criminosas, mas sim abrir espaço para novas perspectivas, estimulando discussões na sociedade e promovendo a reflexão sobre a vulnerabilidade social vivenciada pelas mulheres encarceradas atualmente. Acima de tudo, pretende assegurar que as vozes dessas mulheres não sejam silenciadas. “Este curta-metragem se compromete a dar voz a elas e influenciar o poder público a adotar uma abordagem mais humanista em relação à causa das mulheres encarceradas no Acre e no Brasil. E, principalmente, alertar outras mulheres a não entrarem no mundo do tráfico e destacar que o crime não compensa”, conclui a pesquisadora e cineasta.

Continue lendo

Mais Lidas