Muitas pessoas sentem ansiedade ao tomar vacinas ou injeções, para algumas esse medo pode se tornar um verdadeiro desafio para manter a imunização em dia. Esse medo, conhecido como “tripanofobia”, pode ter diversas origens, desde experiências traumáticas na infância até a associação com dor ou desespero. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou a hesitação vacinal como uma das dez principais ameaças à saúde pública, e o medo de agulhas pode prejudicar a adesão a campanhas de imunização.
De acordo com a psicóloga Nuriá Oliveira, o medo de injeções pode estar ligado a causas psicológicas variadas como traumas passados ou predisposições biológicas. “Experiências negativas com agulhas, especialmente na infância, podem criar associações duradouras com dor ou desconforto. Além disso, a sensação de vulnerabilidade e perda de controle ao tomar uma injeção pode intensificar esse medo”, explica. A forma como cada pessoa lida com o medo também influencia a intensidade e persistência desse sentimento, que pode evoluir de um receio comum para uma fobia.
Elis Caetano compartilha seu trauma pessoal relacionado a vacinas. “Eu tenho um trauma desde que eu era criança. Minha mãe me segurava, e eu não sei dizer bem o porquê desse medo, apenas tenho pavor”, conta. Ela relata que, por conta desse medo, deixou de tomar diversas vacinas na adolescência, incluindo as da COVID-19. “A vacina contra o COVID, por exemplo, tomei apenas duas doses, pois tive muito medo. Não tenho medo dos efeitos colaterais, mas da situação em si, de tomar a injeção.”
Ela ainda revela que as dificuldades para encontrar sua veia durante exames intensificaram a aversão ao procedimento. “É torturante aquela agulha ficar dentro de mim procurando minha veia. O braço fica roxo e sou furada mais de três vezes até dar certo”, desabafa. Elis admite que o medo a impede de completar seu ciclo vacinal e não se sente confortável com a situação.
A especialista Nuriá Oliveira alerta que, quando o medo se torna excessivo e prejudica o acesso a cuidados médicos, é necessário buscar ajuda profissional. “Se o medo de agulhas impede tratamentos importantes, é hora de buscar estratégias para lidar com ele, como a exposição gradual e técnicas de respiração”, sugere. Ela também destaca que o medo de injeções pode estar relacionado a outros transtornos, como a ansiedade generalizada, e é importante tratar essas questões de forma integrada.
Para quem enfrenta esse desafio, a psicóloga recomenda diversas abordagens, como a psicoeducação, o foco no propósito da vacina e a presença de um acompanhante de confiança. “Desenvolver uma relação saudável com o medo é essencial para superá-lo e continuar a cuidar da saúde. Não se trata de nunca sentir medo, mas de aprender a lidar com ele de forma construtiva”, conclui Nuriá.
O envelhecimento da população já é uma realidade que impacta a rotina das famílias e a estrutura social brasileira. No Acre, segundo dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE, entre 2010 e 2022 o número de pessoas com 65 anos ou mais no estado cresceu 64,9%, passando de 31.706 (4,3% da população) para 52.297 idosos, que hoje representam 6,3% dos acreanos.
No mesmo período, a proporção de crianças até 14 anos recuou de 33,7% para 26,6%,com isso, o índice de envelhecimento, que mede o número de idosos para cada 100 crianças, chegou a 23,8 em 2022, quase o dobro do registrado em 2010.
Esse crescimento no número de idosos, embora menos acelerado que em outras regiões do país, indica um aumento na demanda por cuidados e uma redução no número de jovens disponíveis para desempenhar essa função, o que amplia a sobrecarga de quem exerce essa atividade.
Nesse cenário, está a história de Juliette Silva, cuidadora formada em um curso de três meses, que deixou Rio Branco há dois anos e se mudou para Goiânia em busca de melhores condições de trabalho.
“A minha rotina diária como cuidadora hoje é uma carga horária 12/36 diurno, trabalho autônomo para uma agência de cuidadores aqui em Goiânia. Vim em busca de ganhar um valor melhor, pois em Rio Branco a profissão é mais desvalorizada”, afirma.
Suas atividades diárias incluem administrar medicações via oral, dar banho, cuidar da higiene, trocar fraldas, fornecer alimentação e garantir o banho de sol. Mesmo com formação técnica, ela avalia que “mudaria nossa vida a valorização do nosso trabalho. Que pudéssemos ter nossos direitos trabalhistas reconhecidos como profissionais que somos. Infelizmente, nossa profissão é registrada em carteira como uma função doméstica. Isso é muito injusto.”
Juliette considera o cuidado com idosos uma missão, mas destaca o custo emocional envolvido, que afeta diretamente a saúde física e mental de quem cuida. “Nossa profissão é linda, vai além de uma profissão. Eu costumo dizer que é uma missão. Mas, infelizmente, existem muitos cuidadores que são explorados por famílias, que desviam as funções e sobrecarregam o cuidador, pedindo para fazer outras tarefas além de cuidar do idoso.”.
O relato de Juliette reflete a rotina de muitos cuidadores, marcada por jornadas extensas, múltiplas responsabilidades, baixa segurança trabalhista e vulnerabilidade emocional. Grande parte atua como autônomo ou é formalmente enquadrada como empregado doméstico, o que reduz direitos como jornada regulamentada, descanso remunerado, FGTS e contribuição para aposentadoria.
Embora o Estatuto da Pessoa Idosa estabeleça direitos como assistência à saúde e à dignidade, o cuidador, figura essencial nesse processo, ainda carece de políticas públicas específicas. O Ministério da Saúde oferece cursos e capacitações por meio da UNA-SUS, mas a abrangência dessas ações para cuidadores familiares ou autônomos, especialmente no interior do Acre, é limitada.
Sobrecarga
A ausência de uma rede de apoio estruturada tem reflexos diretos na saúde física e emocional de quem cuida. A psicóloga e psicanalista Sara Saraiva destaca que os impactos sobre a saúde mental dos cuidadores já estão implícitos na própria pergunta que norteia este trabalho: “Quem cuida de quem cuida?”. Segundo ela, é comum que esses profissionais, e também familiares que assumem a função, acabem esquecendo de cuidar de si mesmos.
“Surge aquela sensação de: Se eu não fizer, quem vai fazer? Mas também é preciso pensar: E quem faz por mim?”, afirma.
Essa dedicação exclusiva, explica Saraiva, pode gerar estresse e um sentimento de culpa excessiva por não se permitir descansar, por sentir-se cansado ou, até mesmo, por não querer cuidar em determinados momentos.
“Muitos acabam se perdendo de si e passam a viver quase que integralmente a vida da pessoa assistida”, acrescenta.
De acordo com a psicanalista, essa sobrecarga emocional e física, quando acumulada, pode desencadear crises de estresse intenso, quadros de ansiedade e até depressão. Para ela, prevenir o adoecimento exige a atuação conjunta da família, da sociedade e do poder público.
“No caso de cuidadores familiares, é fundamental dividir tarefas e responsabilidades. Também é necessário oferecer suporte psicológico e acompanhamento dentro da rede pública de saúde. A prevenção começa com a conscientização: entender que, embora cuide do outro, essa pessoa também precisa de cuidado, acolhimento e de olhar para si, lembrando que sua vida não se resume àquele que ela assiste”, conclui.
Rede de apoio
Além de profissionais autônomos, o Acre também conta com iniciativas coletivas que tentam suprir a carência de apoio. É o caso do Anjos do Cuidado, grupo fundado por Benedita do Anjos Silva, que hoje reúne mais de 200 cuidadoras e técnicos. Ela conta que a ideia nasceu de forma espontânea e cresceu rapidamente.
“Eu criei esse grupo porque, depois que me formei como técnica, fui trabalhar em uma família e, com o tempo, as pessoas foram conhecendo meu trabalho e me chamando para cuidar de outros pacientes. Chegou um momento em que eu não conseguia dar conta sozinha, então comecei a convidar colegas”, explica.
No início, era um grupo de WhatsApp com três ou quatro pessoas, atualmente são 232 profissionais prestando serviços em hospitais e domicílios. São atendidos pacientes que precisam de ajuda para se locomover, acompanhar consultas ou até viajar. “Tudo começou pequeno, mas virou uma rede de apoio muito importante”, afirma a técnica.
Para Benedita dos Anjos, um dos maiores desafios é a falta de planejamento das famílias.“Muitos só pensam em contratar um cuidador quando o idoso já está debilitado ou quando a família já está emocionalmente sobrecarregada. Se houvesse essa contratação preventiva, o cuidado seria melhor para todos”.
Apesar da rotina intensa e da pouca valorização profissional, cuidadores também precisam de atenção e cuidado, como mostram as iniciativas que apostam em solidariedade e compreensão.
Aumento da busca por dietas radicais levanta alertas sobre os riscos à saúde
Nos últimos anos, a busca por dietas radicais para emagrecimento rápido tem se intensificado, principalmente com o impacto das redes sociais, onde promessas de perda de peso acelerada ganham visibilidade. Essas dietas, muitas vezes extremamente restritivas, podem levar a resultados imediatos, mas, segundo especialistas, podem acarretar sérios riscos à saúde. Em busca de um corpo magro em um curto espaço de tempo, muitas pessoas optam por eliminar tipos de alimentos ou reduzir drasticamente a ingestão calórica, sem considerar as consequências a longo prazo.
Nos últimos anos, a busca por dietas radicais para emagrecimento rápido tem se intensificado, principalmente com o impacto das redes sociais, onde promessas de perda de peso acelerada ganham visibilidade. Essas dietas, muitas vezes extremamente restritivas, podem levar a resultados imediatos, mas, segundo especialistas, podem acarretar sérios riscos à saúde. Em busca de um corpo magro em um curto espaço de tempo, muitas pessoas optam por eliminar tipos de alimentos ou reduzir drasticamente a ingestão calórica, sem considerar as consequências a longo prazo.
O nutricionista Ítalo Oliveira alerta que as dietas radicais podem causar uma série de efeitos colaterais negativos. “O indivíduo pode apresentar fraqueza, tontura, dores de cabeça, cansaço, mau humor, indisposição, dificuldade de concentração e até desmaios. Além disso, essas dietas sobrecarregam órgãos como fígado e rins e podem resultar em carências nutricionais graves, como anemia”, afirma.
As dietas radicais representam um perigo cada vez maior. Foto: Reprodução
O especialista destaca ainda que a redução drástica de calorias desacelera o metabolismo, prejudicando a produção de hormônios essenciais, como T3 e leptina, que regulam o controle do peso e a sensação de fome. “Isso pode levar à perda de massa muscular e, consequentemente, ao efeito sanfona, no qual o peso perdido é rapidamente recuperado, muitas vezes com aumento de gordura corporal maior”, completa o nutricionista.
Além dos danos físicos, a saúde mental também pode ser severamente afetada pelas dietas restritivas. Ítalo Oliveira ressalta que a falta de carboidratos, por exemplo, impacta a serotonina, o hormônio responsável pelo bem-estar, gerando mudanças de humor, ansiedade e até transtornos alimentares.
“Dietas radicais aumentam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, o que pode causar compulsões alimentares, irritabilidade e perda de foco, prejudicando também o desempenho físico, principalmente no esporte”, explica.
Magreza extrema é tema de debates na atualidade. Foto: Reprodução
O especialista alerta que a solução para uma perda de peso saudável deve ser baseada na reeducação alimentar aliada à prática regular de exercícios físicos, evitando métodos extremos. A chave é adotar um déficit calórico moderado e ajustável, sem eliminar grupos alimentares essenciais.
“A ingestão de proteínas deve ser priorizada para preservar a massa muscular, enquanto carboidratos e gorduras precisam ser distribuídos estrategicamente para garantir energia e equilíbrio hormonal. O treinamento de força, combinado com atividades aeróbicas, deve ser ajustado de acordo com as necessidades individuais”, conclui.
O Ministério da Saúde divulgou dados relativos à incidência de casos de dengue no país, e o estado do Acre figura em segundo lugar com maior número de casos da doença. Ao todo o estado tem 212,5 casos a cada 100 mil habitantes, ficando atrás apenas do Distrito Federal, que lidera o ranking. A capital do país já registrou 15.542 casos prováveis da doença desde o início do ano, o que corresponde a 551,7 casos a cada 100 mil habitantes.
Devido à situação, o governo acreano decretou estado de emergência em saúde pública após o aumento de 106% nos casos da doença em 2023. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE), em 5 de janeiro e tem validade de 90 dias.
SINTOMAS
Os principais sintomas da doença são febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. No entanto, a infecção por dengue também pode ser assintomática ou apresentar quadros leves.
Foto: Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa).
PREVENÇÃO E COMBATE
A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada em recipientes que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.
Listamos algumas dicas que fazem a diferença:
• Não deixe água parada, destruindo os locais onde o mosquito nasce e se desenvolve, evita sua procriação.
• Deixe sempre bem tampados e lave com bucha e sabão as paredes internas de caixas d’água, poços, cacimbas, tambores de água ou tonéis, cisternas, jarras e filtros
• Não deixe acumular água em pratos de vasos de plantas. Coloque areia fina até a borda do prato.
• Plantas que possam acumular água devem ser tratadas com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando no mínimo, duas vezes por semana. Tire sempre a água acumulada nas folhas.
• Não junte vasilhas e utensílios que possam acumular água (tampinha de garrafa, casca de ovo, latinha, saquinho plástico de cigarro, embalagem plástica e de vidro, copo descartável etc.) e guarde garrafas vazias de cabeça para baixo.
• Entregue pneus velhos ao serviço de limpeza urbana, caso precise mantê-los, guarde em local coberto.
• Deixe a tampa do vaso sanitário sempre fechada. Em banheiros pouco usados, dê descarga pelo menos uma vez por semana.
• Retire sempre a água acumulada da bandeja externa da geladeira e lave com água e sabão.
• Sempre que for trocar o garrafão de água mineral, lave bem o suporte no qual a água fica acumulada.
• Mantenha sempre limpo: lagos, cascatas e espelhos d’água decorativos. Crie peixes nesses locais, eles se alimentam das larvas dos mosquitos
• Lave e troque a água dos bebedouros de aves e animais no mínimo uma vez por semana.
• Limpe frequentemente as calhas e a laje das casas, coloque areia nos cacos de vidro no muro que possam acumular água.
• Mantenha a água da piscina sempre tratada com cloro e limpe-a uma vez por semana. Se não for usá-la, evite cobrir com lonas ou plásticos.
• Mantenha o quintal limpo, recolhendo o lixo e detritos em volta das casas, limpando os latões e mantendo as lixeiras tampadas. Não jogue lixo em terrenos baldios, construções e praças. Chame a limpeza urbana quando necessário.
• Permita sempre o acesso do agente de controle de zoonoses em sua residência ou estabelecimento comercial.
Foto: Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa).
AÇÕES REALIZADAS PELO PODER PÚBLICO
A prefeitura de Rio Branco vem realizando ações nas regiões onde está concentrada a maior quantidade de focos da larva do mosquito da dengue.
Através do departamento de endemias, a prefeitura montou estratégias de enfrentamento para o período de alta transmissão de Arboviroses no Município de Rio Branco.
Além do investimento em outdoors, busdoors e campanhas nas mídias sociais.
No dia 01 de fevereiro de 2024, a Policlínica Barral Y Barral, em colaboração com os estudantes do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Acre (Ufac), promoveu uma iniciativa de combate e prevenção à dengue.
Foram distribuídos panfletos contendo informações sobre os métodos de prevenção contra o mosquito (dentro e fora de casa) e os principais sintomas da dengue, Chikungunya e Zika.
Juntamente com os panfletos, foram fornecidos frascos de hipoclorito de sódio para a higienização de alimentos e purificação da água, acompanhados de instruções detalhadas sobre a correta utilização do produto.
Além disso, vem ocorrendo mutirões de visitas domiciliares, e um reforço na atenção básica, com ações voltadas ao manejo ambiental, identificação e eliminação de criadouros passíveis de eliminação mecânica, aplicação de larvicida em reservatórios com água e orientações à comunidade sobre as medidas de prevenção, a fim de evitar a proliferação do mosquito, estimulando o autocuidado.
A aplicação de inseticida espacial, com equipamento costal motorizado, tem como objetivo cortar a cadeia de transmissão das arboviroses, tem como alvo alcançar a mortalidade do vetor na fase adulta (fêmeas possivelmente infectadas).
Foto: Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa).
VACINAÇÃO
A vacinação no estado do Acre começou em fevereiro. Os primeiros municípios a receber as vacinas foram Rio Branco, Senador Guiomard, Capixaba, Sena Madureira, Plácido de Castro, Manoel Urbano, Porto Acre, Acrelândia, Bujari, Santa Rosa do Purus e Jordão.
O foco inicial da imunização é em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, residentes em cidades com mais de cem mil habitantes e alto volume de casos de dengue tipo 2.