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Redação
Ensino Remoto possibilita permanência de estudantes na Universidade durante a pandemia, mas recebe críticas de alunos e professores
Por Carlos Alexandre, Bianca Alexandre Cabanelas Disney Mendes de Oliveira
Com as aulas presenciais suspensas desde março de 2020, a Universidade Federal do Acre (Ufac), na tentativa de dar continuidade ao processo de formação dos alunos e evitar mais atrasos, deu início as aulas do Ensino Remoto Emergencial (ERE) em 26 de outubro do mesmo ano, que foram finalizadas em janeiro de 2021. Os mais de 70% dos alunos em situação de vulnerabilidade social foram contemplados com dois editais, lançados pela Ufac, que garantiram internet e equipamento digital para os estudos.
Em 25 de março deste ano, a Ufac retornou com o ensino remoto para dar continuidade as atividades acadêmicas relativas aos anos de 2020 e 2021. As aulas deste primeiro semestre devem se estender até o dia 28 de junho, enquanto no dia 12 de julho devem se iniciar as aulas referentes ao segundo semestre do ano de 2020, de acordo com o calendário da Universidade. A instituição planeja iniciar o primeiro semestre referente ao ano de 2021 em 20 de outubro e a previsão é que este seja finalizado no fim de janeiro de 2022.
Mesmo garantindo que muitos alunos consigam se formar neste período de pandemia, a decisão do Ensino Remoto não foi bem aceita por uma parte dos estudantes e professores. As principais razões são a falta de um ambiente físico propício para alunos, a falta de aulas práticas, a ausência de equipamentos corretos para estudo e a situação social em que vivemos.

(Foto: Arquivo pessoal)
A coordenadora do Curso de Bacharelado em Psicologia da Ufac, Madge Porto, leciona há seis anos no curso, mas antes disso já atuava como psicóloga na Universidade, atendendo estudantes e servidores.
A professora se coloca contra as aulas online no momento em que vivemos: “Entendendo que a situação não é sobre ter aula online e sim sobre estar vivendo uma pandemia, onde o número de pessoas adoecidas e de luto só aumenta. A população e nossos alunos estão com medo e sofrendo com a perda de familiares. Era um clima que não cabia a gente retomar aula como se nada estivesse acontecendo”, ressalta.
Para a professora, as atividades que se relacionam com a pandemia seriam de maior valor do que ter aulas regulares, pois acredita que o papel ideal para a Universidade seja o de ajudar a população nesse momento. Ela também pontua que mesmo para aqueles que têm pressa para se formar com a ajuda do ensino remoto, a situação do mercado de trabalho não é favorável: “Se não há emprego, não há como se trabalhar. Precisamos repensar esse sistema capitalista de vida. As pessoas estavam com muito mais medo de perder o emprego do que de morrer. Para mim, o foco é pensar a pandemia e formas de auxiliar a população”.
Mesmo relatando que muitos alunos sentem dificuldades de se concentrar nas aulas e realizar seus trabalhos em um ambiente que não é propício, além da falta de incentivo e fornecimento de equipamentos apropriados para os professores, Madge falou que as dificuldades do ensino remoto são muito maiores do que as estruturas físicas que deixam de ser oferecidas com ele e que é preciso pensar de modo social como esses alunos irão acessar esse ensino.
Com conhecimento de causa por seus nove anos de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS) e mestrado em Saúde Coletiva, ela espera que os alunos entendam a gravidade da situação que está sendo vivenciada: “Posso afirmar que não há política de saúde pública nesse governo e consequentemente não sabemos o número de pessoas que morreram por conta dessa doença. Considero este um momento muito difícil vendo o desprezo do governo diante da calamidade, vendo mortes que poderiam ser evitadas e o investimento sendo retirado da Universidade”.
A coordenadora acredita que não existe possibilidade de melhora no ensino remoto, entendendo que a impossibilidade de se relacionar com a turma e ver o andamento da disciplina não é favorável com o atual modelo.
Sobre futuras esperanças, ela se emociona ao falar da possibilidade de se vacinar e mostra descontentamento com a falta de organização do governo atual: “Diante da possibilidade desse governo acabar, tenho mais esperança acreditando em uma gerência com um presidente como o Lula. Essa pandemia será enfrentada de uma outra forma. É um momento muito difícil, mas eu carrego a esperança de dias melhores”, finaliza a docente.

(Foto: Arquivo Pessoal)
O professor Henrique Jorge de Freitas que leciona nos cursos de Agronomia e Veterinária vê o ensino remoto como uma ferramenta válida para o momento que vivemos. Freitas atua como professor há 27 anos e viu como uma possibilidade a opção de ministrar aulas à distância, mas se diz preocupado de como aulas práticas seriam realizadas, a adaptação dos professores com as novas ferramentas de ensino e as condições dos alunos de acessar a internet.
Ele sente que por meio de telas há uma menor interação entre professor e aluno, sentindo uma diminuição nos questionamentos que eram mais recorrentes na sala de aula, assim minando a discussão sobre os conteúdos apresentados. A falta de aulas práticas e o convívio com seus alunos são outros fatores que se perderam com o ensino remoto. O docente enfatiza a importância das aulas práticas que aconteciam nos laboratórios, uma experiência essencial para a formação dos futuros profissionais.
Freitas, que já teve a oportunidade de se vacinar, têm a expectativa de que as aulas presenciais retornem no início de 2022 e diz estar aprendendo muito com o atual tipo de ensino. Ele pretende levar para suas aulas presenciais essas novas experiências, como enviar material complementar para seus alunos.
Desgaste dos alunos
A falta do ambiente da Universidade que costumavam frequentar diariamente e de estrutura em alguns ambientes familiares que não são favoráveis para se estudar com tranquilidade estão entre os principais problemas apontados pelos alunos. O espaço físico da Universidade também é destacado como de extrema importância por possibilitar que os alunos tenham acesso aos materiais que os auxiliem no estudo, um exemplo é a biblioteca central que era um dos espaços de recorrente uso por muitos universitários.
A aluna Ranna Macedo, estudante de psicologia, comenta sobre como o ambiente também era um espaço onde as dificuldades financeiras eram minimizadas por meio de pequenos empreendimentos que alunos exerciam fora das salas de aula.
“No ensino remoto essa renda extra, que era feita na faculdade, não é possível. Quem passa fome, não estuda. Quem não tem estrutura para se alimentar, não tem estrutura para estudar. E quando falo de estrutura, falo de um ambiente silencioso e favorável, acesso à luz, internet e materiais que eram possíveis com a Universidade. Estamos falando de pessoas que passam a ter um ambiente escolar adequado e possibilidades de se reinventarem dentro daquele ambiente”.
Cursando o nono período do curso, ela se encontra a um passo da tão sonhada formação. Mas mesmo com a possibilidade de conseguir o diploma com o ensino remoto, ela acredita que a medida tenha mais desvantagens do que vantagens.
‘’Sou contra o ensino remoto. Trata-se de uma situação que assegura a divisão e a diferença exorbitante que tem entre as pessoas que são a favor do EAD e as pessoas que não conseguem acompanhar. Isso porque existe uma grande diferença na situação econômica das pessoas que conseguiram estar em uma Universidade. Essa segregação estimula e acaba sendo favorável ao sucateamento da educação pública no nosso país.”
A futura psicóloga reforça a necessidade de um olhar cuidadoso com as pessoas que não estão sendo alcançadas nesse momento, de políticas de assistencialismo e auxílios que possam garantir maior igualdade entre esses estudantes. Além disso, ela se mostra ansiosa para a tão sonhada volta às aulas presenciais:
“A psicologia, antes do período pandêmico, recebeu nota 5 no ENADE, e conseguimos isso presencialmente. É de forma presencial que o nosso trabalho é feito, mesmo que exista um ou outro que seja possível a realização de forma online, e ainda assim, não é o ideal.
É inegável que o ensino presencial também tem problemas e questões para serem repensadas e remodeladas, mas de modo geral, ele é muito mais vantajoso do que o ensino remoto. Desejar voltar ao presencial é o sonho mais puro que tenho tido. Infelizmente, parece tão distante graças ao governo atual. Poderíamos estar tirando nossas máscaras, mas ao invés disso, continuamos contabilizando mortes.”
Outro ponto em comum entre os entrevistados é a preocupação de se ter um ensino remoto igualitário, que não prejudique ainda mais alunos mais desfavorecidos. A aluna do sétimo período do curso de direito bacharelado, Ana Flávia Carvalho se mostra contra o ensino remoto e fala sobre as dificuldades que o modelo de ensino expõe:
“Me posicionei contra desde o início, primeiramente pela injustiça frente aos alunos que não possuíam equipamentos e segundo pela qualidade das aulas. Acredito que esteja comprometendo a qualidade do ensino. Eu não tinha computador quando o ensino começou, mas com os esforços do meu pai, pude adquirir um. Estudo dentro do meu quarto, sem escrivaninha ou cadeira, e sinto muita falta de um ambiente adequado para os estudos e um lugar silencioso. E também considero essencial a presença do professor, de forma física, para ter mais foco.”
A estudante reforça que, apesar de ter apenas aulas teóricas, outros cursos estão sendo prejudicados por conta das aulas práticas que acabam não sendo realizadas. E que os problemas do ensino remoto vão muito além das questões simples e técnicas que envolvem as discussões sobre o sistema:
“Entretanto, as matérias teóricas também precisam ser repassadas da melhor forma possível. E mesmo assim, se o aluno não estiver focado, num ambiente adequado, não vai absorver o conteúdo de forma proveitosa. Estamos envoltos por muita tristeza, insegurança, incerteza e medo. É difícil estudar, é difícil trabalhar, mas continuamos cumprindo nossos deveres como se o mundo não estivesse um verdadeiro caos. É muito complicado pensar em prazos das faculdades enquanto um tio está sendo velado, pensar em corrigir provas enquanto o irmão está entubado, lutar pela Universidade enquanto o governo federal corta todas as verbas em meio a uma pandemia, entre outros cenários.”
Apesar de ter receios em relação a uma possível volta as aulas presenciais, Ana Flávia conta que se sentia muito mais estimulada antes justamente por conta do ambiente universitário já que este “é fundamental para o sentimento de pertencimento e para impulsionar os alunos”.
De acordo com uma estudante do curso de bacharelado em Enfermagem ouvida pelo A Catraia, mas que não quis se identificar, existem muitas dificuldades no ensino remoto como um conteúdo mais denso, dificuldade nos horários assíncronos e síncronos e atividades mais extensas, além de perceber as adversidades que seus professores enfrentam, como a de se adaptarem com as plataformas utilizadas na nova modalidade de ensino.
A futura profissional da saúde acredita que a Universidade deveria investir em auxiliar e ensinar os docentes no manuseio das plataformas digitais: “Principalmente nos cursos da área de saúde, temos que exercitar nossa imaginação de maneira mais precisa e o conteúdo de doenças mais complexas são dadas de forma corrida devido ao tempo reduzido de aula. O aluno deve ter consciência e estudar com mais afinco do que no presencial, para que os prejuízos sejam menores para si mesmo na sua futura profissão.”
Esperando retomar às aulas presenciais no ano que vem, Juliana pontua sobre o atual governo e a situação pandêmica que nosso país vive: “É compreensível a indignação e raiva que essa pandemia nos gera. Um sentimento de revolta contra esse governo genocida que nega à sua população e o sucateamento das universidades, tendo inclusive a nossa Universidade como vítima de cortes e o futuro cada vez mais sombrio. Tento pensar que o brasileiro vai perceber o buraco que se enfiou ao escolher o pára-quedista ao invés do professor.”
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Notícias
Cresce o número de acidentes e lesões nas ruas de Rio Branco no 1º Trimestre de 2025

Publicado há
3 semanas atrásem
13 de junho de 2025por
Redação
Número de mortes cai 41%, mas ocorrências aumentam e imprudência ainda preocupa autoridades e população
Por Ana Flávia Santos, Gabriela Fintelman, Luísy Xavier, Patrícia Pinheiro e Pedro Amorim
No primeiro trimestre de 2025, Rio Branco registrou 676 acidentes de trânsito, com um aumento de 3% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizadas 656 ocorrências. Os dados são da Coordenadoria de Engenharia e Estatística de Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AC) e apontam para um cenário ainda preocupante na capital acreana.
Desse total, 261 resultaram em vítimas não fatais, com 310 pessoas lesionadas. Por outro lado, o número de vítimas fatais apresentou uma queda significativa: foram sete vítimas fatais de janeiro a março deste ano, contra 12 no mesmo período do ano passado — uma redução de aproximadamente 41,7%.
Embora o recuo nas mortes seja um sinal positivo, o cenário ainda está longe de ser considerado seguro nas vias da capital. Mesmo quando os acidentes não resultam em fatalidades, os efeitos são visíveis, como os engarrafamentos, pessoas feridas, danos materiais e prejuízos emocionais.
Perfil de vítimas no trânsito
Segundo dados do Detran divulgados em 2016 e que permanecem como a base mais recente disponível —, homens representavam 69,6% das vítimas de acidentes em Rio Branco, enquanto as mulheres correspondiam a 30,16%. A faixa etária mais atingida era de 18 a 29 anos, com predominância de condutores (74,11%), seguidos por passageiros (17,46%) e pedestres (8,42%).
As motocicletas estavam envolvidas em 55,09% dos acidentes com vítimas, enquanto os automóveis lideravam os acidentes sem vítimas, com 64,45%.
A maioria dos casos envolvia colisões (79,9%) e atropelamentos (9,75%), com maior incidência nos horários de pico: entre 5h30 e 7h, 11h e 12h, e 18h e 19h.
Em uma entrevista para o jornal Folha Nobre em janeiro deste ano, a coordenadora de Educação do Detran, Cléia Machado, destacou que o grupo mais vulnerável no trânsito são primeiramente os pedestres e em segundo os ciclistas. Embora os dados mais recentes disponíveis sejam de 2016, não há evidências de mudanças significativas no perfil das vítimas.
“Os pedestres e ciclistas são os mais vulneráveis no trânsito, por isso precisam ter atitudes que protejam a vida. Aqui no Parque Ipê, por exemplo, os pedestres devem utilizar as vias para pedestres, assim como o ciclista deve transitar na ciclovia e sempre utilizar os equipamentos de segurança”, afirma.
Imprudência lidera causas de acidentes na capital
De acordo com o Detran, cerca de 90% dos acidentes registrados na capital são causados por imprudência no trânsito. Além disso, em âmbito nacional, estudos realizados pelo Ministério dos Transportes indicam que a imprudência dos motoristas é responsável por 53,7% deles no Brasil.
Entre os comportamentos de risco mais comuns estão excesso de velocidade, avanço de sinal vermelho e ultrapassagens perigosas. O advogado de trânsito Sandro Oliveira alerta que o problema não se resume à falta de conhecimento: “A falta de educação está diretamente ligada aos acidentes. Muitos motoristas agem como se estivessem certos, mesmo quando claramente estão errados”, comenta.
Outro fator preocupante é o crescimento da frota de veículos em Rio Branco. Entre 2020 e 2024, o número de automóveis registrados saltou de 186.723 para 217.962 — um aumento de 16,75%. A expansão, sem melhorias proporcionais na infraestrutura, contribui para congestionamentos, cruzamentos perigosos e aumento nos índices de acidentes.
As vias mais perigosas da capital
Segundo o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), os cruzamentos são os locais com maior incidência de acidentes, principalmente nos horários de pico e em vias de grande fluxo. Entre janeiro e março de 2025, as dez vias com maior número de ocorrências somaram 148. A Avenida Ceará lidera o ranking com 30 ocorrências no trimestre.
Além de fatores comportamentais, a ausência de sinalização adequada em trechos movimentados da capital também contribui para o risco nas vias. Para o advogado, o papel do poder público é fundamental nesse cenário.
“Cabe ao poder público garantir a sinalização horizontal e vertical conforme determina o artigo 80 do CTB [Código de Trânsito Brasileiro]. Sem isso, a responsabilidade pela segurança nas vias fica comprometida”, pontua.
Vozes das ruas: o olhar de quem vive o trânsito
Para além dos dados e estatísticas, as experiências cotidianas de quem enfrenta o trânsito todos os dias oferecem uma visão concreta e urgente da realidade. “Os principais desafios são nas ruas, com muitos motoqueiros imprudentes”, relata Jeferson Bessa, motorista de aplicativo.

Ele também aponta a precariedade da malha viária como um agravante: “Há várias ruas em Rio Branco que precisam de atenção do governo porque estão com muitos buracos, alguns sendo quase impossíveis de passar de moto, principalmente quando chove”, enfatiza.
Essa dificuldade também foi vivida por João Gustavo Rocha, vendedor externo da empresa Acrepan, que teve prejuízo após cair em um buraco encoberto pela água da chuva. “Era uma rua bem esburacada e todos os buracos estavam com água. Não dava pra ver o quão fundo eles eram. Acabei batendo em um buraco no carro da empresa e quebrou um pouco do para-choque. A empresa ficou no prejuízo” relata.
Bairro Sobral, Rio Branco – AC. Foto: Hélio Vitalino
Ele também avalia que a desinformação sobre regras e deveres no trânsito ainda é um entrave. “A maioria dos motoristas não está bem-informada. Falta conscientização da população, e mais investimento do governo em educação para o trânsito. Muitas autoescolas também não oferecem uma formação de qualidade”, conclui.
Como prevenir acidentes e contribuir para um trânsito mais seguro
Diante dos números alarmantes e dos relatos de quem vivencia diariamente os desafios nas vias de Rio Branco, a prevenção se torna indispensável. Confira algumas orientações que podem ajudar a salvar vidas durante a rotina de trânsito.
- Respeite os limites de velocidade e a sinalização;
- Nunca dirija sob efeito de álcool ou outras substâncias;
- Use sempre o cinto de segurança e capacete, no caso de motociclistas;
- Evite o uso do celular ao volante;
- Mantenha a manutenção do veículo em dia, especialmente pneus e freios;
- Esteja atento às condições da pista, principalmente em dias de chuva.
Além da responsabilidade individual, o papel da população também é fundamental na fiscalização cidadã. Irregularidades no trânsito, buracos em vias públicas e comportamentos de risco podem – e devem – ser denunciados.
Canais de Denúncia e Contato:
- RBTrans (Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito): (68) 3212-7040
- Detran/AC: (68) 3229-5500, site: www.detran.ac.gov.br
- Ouvidoria da Prefeitura de Rio Branco: 0800 647 1311
- Polícia Militar (em caso de emergência ou flagrante de infração): 190, site: www.pm.ac.gov.br
As orientações seguem recomendações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), que reforçam a importância da educação, fiscalização e boas práticas para a redução de acidentes. Somente com a união entre poder público, condutores e pedestres será possível transformar Rio Branco em uma cidade mais segura para todos.
Notícias
Empreendedorismo, arte e ativismo: narrativas de resistência de mulheres periféricas no primeiro podcast original A Catraia
Os 3 episódios do programa mergulham nas experiências de mulheres periféricas na capital acreana, explorando como o ativismo, a arte e o empreendedorismo social se entrelaçam como formas concretas de existir e transformar a realidade.

Publicado há
4 semanas atrásem
6 de junho de 2025por
Redação
Produção explora como mulheres de Rio Branco constroem caminhos de autonomia e dignidade, utilizando o empreendedorismo e a arte para resistir à exclusão
Por: Victor Manoel
A realidade social e econômica apresenta desafios únicos em Rio Branco, especialmente para grupos minorizados que enfrentam barreiras estruturais no acesso a direitos básicos, inclusive no mercado formal. Nesse contexto, o empreendedorismo surge não apenas como um meio de subsistência, mas como uma poderosa ferramenta de resistência, emancipação política e busca por autonomia e dignidade.
É essa força e criatividade que impulsionam o podcast “Trabalhar e Resistir”, projeto do curso de Jornalismo da Ufac, realizado no âmbito do jornal laboratório A Catraia, que busca ouvir essas narrativas de luta e superação. Os 3 episódios do programa mergulham nas experiências de mulheres periféricas na capital acreana, explorando como o ativismo, a arte e o empreendedorismo social se entrelaçam como formas concretas de existir e transformar a realidade.
Uma das vozes do podcast é da Luar Maria, atriz e estudante, que compartilha a dura realidade enfrentada pela população trans no Acre. Ela aponta a falta de seriedade e compreensão por parte de algumas gestões públicas em relação às necessidades dessa população e destaca a precariedade do acesso à saúde e a ligação entre empregabilidade e saúde. Luar ressalta que a luta por direitos e a busca por meios de subsistência andam juntas. Para ela, falta “seriedade no sentido de realmente tocar o que o recorte das secretarias está faltando”, e é preciso acreditar que essas políticas são cruciais para entender e avançar.
O podcast também apresenta Vands, artivista e empreendedora de ilustrações da periferia. Ela vê sua arte não apenas como expressão, mas como uma ferramenta de ativismo e uma forma de gerar renda, conectando seu trabalho a questões de justiça social, ambiental e direitos humanos. Transformar sua arte em empreendimento foi um passo natural, mas cheio de desafios práticos no contexto periférico. Vands define seu “artivismo” como a união da arte com o ativismo e considera “resistência”, pois fala de questões importantes e é criada “em um contexto em que (…) o capitalismo incentiva muito a gente a consumir sem pensar”.
Para oferecer um panorama mais amplo, o podcast incluiu a perspectiva institucional com Julci Ferreira, analista do Sebrae Acre e gestora de projetos como o Plural, focado em grupos sub-representados e pessoas em situação de vulnerabilidade. Julci explica a abordagem do Sebrae para o empreendedorismo inclusivo, buscando integrar esses grupos e dar a eles “luz e autoridade para se verem como empreendedores”. Ela afirma que “a ideia do Sebrae não é número, não é abrir CNPJ. A ideia do Sebrae é cada vez mais desenvolver ideias de negócio”.
Ouça “Trabalhar e Resistir: Vozes Periféricas do Empreendedorismo no Acre” no Spotify: https://open.spotify.com/show/6un2SKAou6c8OfkehlAv5Q?si=0572cdc289e345c3
Histórias de vida
Mulheres que fazem acontecer: a força do trabalho manual no empreendedorismo acreano
Elas não apenas produzem: elas plantam, moldam, carregam, vendem e resistem. Em um cenário onde empreender não é só uma escolha, mas uma forma de sobrevivência, mulheres do Acre estão transformando o que têm — terra, cimento, fruta, memória — em renda, autonomia e permanência. Muitas fazem isso com as próprias mãos. Outras, com apoio da família. Mas todas compartilham algo em comum: a decisão de permanecer criando.

Publicado há
4 semanas atrásem
5 de junho de 2025por
Redação
Por Thaynar Moura
Elas não apenas produzem: elas plantam, moldam, carregam, vendem e resistem. Em um cenário onde empreender não é só uma escolha, mas uma forma de sobrevivência, mulheres do Acre estão transformando o que têm — terra, cimento, fruta, memória — em renda, autonomia e permanência. Muitas fazem isso com as próprias mãos. Outras, com apoio da família. Mas todas compartilham algo em comum: a decisão de permanecer criando.
Da colheita ao pote: Lucilene e a trajetória de um doce feito com raízes
Lucilene Nonata, de 58 anos, vive com o marido em um sítio no interior do Acre. Foi ali que, há cerca de duas décadas, ela decidiu começar a fazer doces com frutas do próprio quintal. “Meus filhos estavam entrando na adolescência e eu queria fazer algo meu, que também ajudasse na renda da casa”, conta.
A escolha pelo doce não foi aleatória: os pais de Lucilene já faziam compotas com frutas temporãs, e o marido, cearense, também gostava de preparar receitas simples. “Foi natural. Começamos com o que a gente tinha: cupuaçu, mamão, banana. O leite vinha do vizinho.”
Hoje, mesmo com o pomar envelhecido e parte da matéria-prima comprada de produtores vizinhos, o processo segue artesanal. Tudo é feito por Lucilene e o esposo, desde a limpeza até o ponto do doce. A venda acontece em feiras e comércios locais, e o contato com o público é parte do valor do produto. “As pessoas perguntam se é a gente mesmo que faz. Criamos laços. Muitos viram amigos.”
A formalização veio com apoio do Sebrae, que orientou desde o registro como MEI até a criação dos rótulos e da tabela nutricional. “O Sebrae foi nosso primeiro e melhor parceiro. Nos abriu portas e deu acesso a linhas de crédito, cursos e assistência técnica”, relata.

Apesar dos avanços, o desafio é constante: o alto custo dos insumos e a concorrência com produtos industrializados. “É difícil competir. Nosso estado não é rico. Mas a gente vai atravessar essa fase também”, afirma Lucilene. E para outras mulheres que pensam em empreender, ela é direta: “Somos guerreiras. Se cada dia traz um leão, que venham os leões.”
Concreto, família e criação: a arte que resiste com Elizabete e Maria Eliane
Elizabete Monteiro tem 25 anos e voltou ao Acre em 2025, depois de concluir a graduação em Curitiba. Junto com a mãe, Maria Eliane, de 61, criou o negócio “Arte em Concreto”, voltado à produção manual de peças decorativas feitas a partir de cimento, areia, pedrita e moldes reaproveitados.
“O gosto pelo artesanal sempre veio da minha mãe. Quando ela ia passar um tempo comigo, ficava procurando o que fazer com as mãos”, lembra Elizabete. A dupla começou estudando técnicas no YouTube e fazendo testes em casa, até descobrir formas de agregar valor às peças — como a inclusão de plantas e o uso criativo do concreto na decoração.
O trabalho é familiar. Elizabete e a mãe cuidam da produção. O pai ajuda nas feiras. A irmã apoia na divulgação digital. “É algo muito em família, e cada um colabora do seu jeito”, afirma.
Entre os maiores desafios, Elizabete destaca o início do processo. “É preciso vencer o medo de começar. Mostrar o que você faz e lidar com o marketing exige constância.”Atualmente, participa da associação “Elas Fazem Acontecer”, formada por mulheres empreendedoras que organizam feiras e dão suporte às expositoras. “Faz diferença. A gente se sente parte de algo.”
A empresa começou a vender peças há cerca de um mês, e uma das metas de Elizabete é investir mais na divulgação pelo Instagram. “Hoje, se você quer saber de algo de uma loja, já vai direto no Instagram. Quero turbinar as postagens.”
Para ela, o mercado de decoração artesanal está crescendo. “As pessoas querem peças com identidade, que sejam únicas.” E para outras mulheres que sonham empreender: “Persistam. Se você ama o que faz, o retorno vem. Mas é preciso estar atenta às novidades e criar com propósito.”
Arte, dedicação e persistência: de uma conversa entre amigas ao ateliê em casa – o sonho de Adriana
Adriana Balica, 32 anos, é proprietária da FazerArt Personalizados, um ateliê montado na própria casa, onde ela cuida de tudo: do atendimento à criação das artes e à embalagem personalizada. “A FazerArt nasceu numa conversa entre amigas, juntando minha paixão pelo trabalho manual. Hoje, faço tudo sozinha,” conta.
Para Adriana, empreender é uma jornada que exige atenção constante. “Empreender é uma tarefa extremamente difícil, pois temos que dominar um pouquinho de cada coisa e estar sempre atenta a todos os detalhes. Há dias e dias, há altos e baixos, assim como a nossa vida”, reflete.

Assim como as outras mulheres desta reportagem, Balica destaca o apoio do Sebrae. “O Sebrae sempre esteve de portas abertas pra ajudar, tirar dúvidas, oferecer cursos, palestras e concursos. Sempre que posso, participo.”
E sobre tecnologia? Ela brinca: “Não uso nenhuma tecnologia avançada, eu acho, kkk.”
Para quem pensa em empreender, Adriana tem um conselho: “Lute! Lute pelos seus sonhos. Deus não coloca sonho no nosso coração que a gente não possa alcançar. É difícil, cansativo, cheio de desafios, mas vale a pena! ”
Onde termina o produto, começa a história
As histórias de Lucilene, Elizabete e Adriana, não são exceções. Elas representam milhares de mulheres no Brasil e no Acre que vivem daquilo que fazem, cultivam ou aprendem. Os dados mais recentes reforçam o que as histórias contam: empreender, para muitas mulheres, é uma decisão moldada pela necessidade, mas sustentada pela criatividade e pelo trabalho diário. Que trabalham com o corpo, com a memória e com o tempo.
No Acre, o número de mulheres à frente de negócios oscilou nos últimos três anos. Segundo dados do DataSebrae, em 2022, eram 23.564 empreendedoras no estado. Em 2023, esse número caiu para 20.453, representando 23,7% do total de donos de negócios. No entanto, em 2024, houve uma leve recuperação: 21.350 mulheres atuavam como donas de negócio no estado no 4º trimestre, o que representa 25,1% dos empreendedores locais.

Esse avanço percentual, frente aos 23,7% registrados no ano anterior, revela uma retomada gradual da presença feminina no mercado.
Em números nacionais, 42% dos empregadores ou trabalhadoras por conta própria no Brasil são mulheres — um universo de 10,4 milhões de empreendedoras que movimentam a economia com pequenos negócios, muitas vezes construídos no quintal, na sala de casa ou em uma feira.
O aumento na participação percentual indica que as mulheres seguem ocupando espaço, criando soluções e sustentando seus negócios com o que têm – seja terra, concreto ou papel.

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