Saúde
Histórias de heróis
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3 anos atrásem
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RedaçãoProfissionais de saúde se destacam no atendimento de pacientes com covid-19. Durante a pandemia, abandonaram suas famílias, mudaram rotinas, passaram por longas jornadas de trabalho, tudo para prestar o melhor atendimento e salvar vidas
Entre a fé e a ciência: a médica do 4º piso que viu milagres
Por Maria Fernanda Arival, Juilyane Abdeeli e Gustavo Almeida de Sousa
No quarto andar do prédio do Pronto Socorro de Rio Branco, no Acre, a médica endocrinologista Fabíola Helena de Souza atua desde a chegada do primeiro paciente contaminado com Covid-19 em meados de março de 2020. Os três andares superiores do prédio foram destinados às enfermarias Covid e Fabíola tira seus plantões no quarto andar, onde exerce a medicina sem medo e com muita fé.
“Confirmei que nasci para ser médica. Para mim é uma satisfação atender um paciente covid – como são chamados os pacientes contaminados com o vírus -. Com eles, eu assisti milagres, ouvi e vi o renascimento deles e o meu a cada alta hospitalar. Entrei em luto junto das famílias daqueles que eu não consegui ajudar”, diz.
Casada e mãe de duas meninas, Fabíola jamais se viu amedrontada pelo vírus. Cumpria seus plantões fazendo uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), mas sem as luvas e acabou por deixar uma marca registrada entre seus pacientes: as unhas com alongamento de fibra de vidro.
Cada paciente que recebia a visita da Dra. Fabíola do 4º piso via suas unhas sempre bem feitas e com manutenção em dia, além dos cílios que também são alongados fio a fio e estão sempre acompanhados de um olhar que transmite aconchego e força.
“Eu passei a tirar as minhas luvas para que na hora que eu passasse minha visita pegasse na mão deles e olhasse para dizer que eles tenham fé. O paciente precisava sentir um calor humano e precisava saber que eu estaria ali com ele até o final. Não é por acaso que meus pacientes me conheciam pelas minhas unhas de vidro. Eu nunca tirei minhas unhas de vidro, meus cílios eram tirados pelas lágrimas quando a gente perdia um paciente. Eu sempre chegava de bom humor, mesmo que ele estivesse muito cansado eu sentava ao lado e ficava lá até encorajá-lo a fazer o uso novamente do tratamento da Ventilação Não Invasiva (VNI)”, relata a médica com orgulho.
“Essa foi minha pior experiência com Covid: atender os meus”
Apesar de não mostrar medo em suas falas e no tom de voz, Fabíola conta que o único medo que ela tinha era de contaminar os familiares, mas mesmo se cuidando por diversas vezes precisou cuidar da família até dentro do hospital. Em junho de 2020, Fabíola recebe a ex cunhada com 10% do pulmão comprometido, mas o quadro se agravou muito e chegou a quase 80% de comprometimento pulmonar, e ali estava um dos maiores desafios: evitar a intubação daquela paciente que é também mãe da sua sobrinha. Outro desafio em 2020: receber o irmão também em estado grave na enfermaria que trabalha.
“Minha ex cunhada foi muito grave, fiz do medo uma questão de honra para devolvê-la às filhas. Com ela conseguimos escapar, nasceu de novo, foi uma das pacientes mais graves que eu tive para não deixar intubar. Eu sempre fui contra a intubação, nós tínhamos que investir no paciente até onde ele e Deus nos permitisse”, diz.
Aquele medo que Fabíola tinha de contaminar os familiares e não conseguir salvá-los a tempo se concretizou: no pico da segunda onda de Covid-19 no Acre, a médica recebe o tio e faz todos os procedimentos possíveis para evitar a intubação. “Quando meu tio chegou eu falei: ‘vai dar’, mas chegou um momento que ele precisava ser intubado, já estava muito exausto. No dia em que me ligaram pedindo permissão para inturbar, eu me senti a pior pessoa e soube que tinha perdido uma batalha. No momento da intubação, eu vi meu tio com o coração parado por 12 minutos e eu não pude fazer nada, não era meu plantão naquele setor”, diz emocionada.
O tio de Fabíola esteve na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por 12 dias e não resistiu, vindo a óbito no plantão dela. Cinco dias depois, a confirmação da mãe da médica e da cunhada contaminadas pelo Coronavírus. “Depois de 15 dias do tratamento delas, eu soube que estava com o vírus junto com meu marido e minha filha mais velha. Com meu marido foi outra experiência muito ruim. Ele chegou a 100% de comprometimento pulmonar, mas com toda fé e orações que as pessoas fizeram e com o tratamento convencional daquilo que eu acredito, ele aguentou firme”, recorda Fabíola.
Gratidão
Desde o início da pandemia, os pacientes que recebiam alta hospitalar exalavam gratidão a toda equipe e a Dra. Fabíola. “Todos os pacientes têm minha rede social e meu número, todos que ficaram internados na enfermaria do 4º piso tiveram um contato muito grande com a equipe, parecia que éramos família, e saber que em algum lugar eu estou nas orações de alguém que eu ajudei e hoje conta que sobreviveu a Covid, para mim não tem preço”, fala Fabíola ao ser questionada como se sente recebendo presentes e visitas de ex pacientes sempre que pode.
A senhora da janela e o filho que ficou sozinho
“Eu jamais vou ter outra experiência como essa. Eu vi histórias marcantes como a da senhora da janela. Ela olhava a casa dela do prédio da enfermaria onde ficou internada por 33 dias. A senhora dormia e acordava olhando para a casa dela. Uma senhora muito educada, passiva, semi analfabeta, mas de uma educação de três vidas, precisaria disso para ter essa educação. Uma generosidade e fé que poucas vezes eu vi antes da Covid”, a médica fala quando indagada sobre histórias e experiências que marcaram a vida dela como pessoa e como profissional durante a pandemia.
Fabíola também conta a história de um paciente do interior que perdeu a mãe, o pai, dois irmãos e a esposa e questionou diversas vezes o motivo de Deus ter escolhido ele para ficar. “A partir daquele dia, eu fui para casa e pedi em orações que me mostrasse o caminho, pois tinha que ter um”, fala.
O amor e o cuidado não acabam
Por Juilyane Abdeeli
Edvan Ferreira de Meneses, enfermeiro do Pronto Socorro de Rio Branco, lotado na UTI Covid e Observação Adulto, se viu sem saída quando foi escalado para fazer parte da linha de frente da Covid-19 no início da pandemia. Enquanto a segurança de seus familiares estava ameaçada, Edvan teve que se afastar de todos com medo de infectar aqueles que ama.
O enfermeiro conta o sentimento que teve ao receber o primeiro paciente infectado. “Foi um plantão extremamente estressante, pois passei horas sem ir ao banheiro e sem beber água. Tinha muito medo de tirar a roupa e acabar me contaminando”, recorda.
Casado há 5 anos, Edvan relata o quanto foi difícil ficar longe do esposo que tem um quadro de Anemia Talassêmica Crônica. Por medo de contaminá-lo, passou a morar sozinho por três meses, trabalhando em uma escala dobrada de plantões, enquanto o esposo ficou com a família que mora no interior do Acre.
Mesmo a angústia em ficar longe de quem ama, a satisfação em saber que ele se encontrava seguro era maior. Após esses meses separados, o enfermeiro já estava se familiarizando com os riscos e conhecendo mais sobre a Covid-19 e o esposo voltou para casa.
Edvan, quando sentia os sintomas, dormia em quartos separados até ter a certeza que não estava com a doença. “Mesmo com todos os cuidados, tinham dias que eu imaginava ter sido contaminado, pois sentia alguns sintomas que estavam correlacionados com a sobrecarga de trabalho.’’
“A pressão, o medo e a desconfiança dos vizinhos construíram momentos intensos e muito difíceis para mim e meu esposo”, relembra o enfermeiro as situações difíceis que passou. No início da pandemia, os vizinhos evitavam cruzar com ele no prédio em que mora. “Muitas pessoas têm a ideia de que os profissionais da saúde são os principais vetores da doença, mas não é verdade. O que poucos sabem é que os profissionais seguem corretamente os protocolos exigidos, ou seja, não há o que temer”, diz.
Para o enfermeiro, a pandemia está sendo um período de aprendizados. “Trouxe também a humanização e um olhar completo para o paciente e suas necessidades. Nos fez lembrar do uso adequado de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), lavagem adequada das mãos e o cuidado redobrado com as contaminações cruzadas que existem dentro do hospital”
O enfermeiro conta que só existem arrependimentos na escolha da profissão quando perde confraternizações familiares e datas comemorativas, pois sempre está de plantão, mas o amor que tem pela profissão e por cuidar dos pacientes chega a suprir qualquer outro descontentamento que possa vir a ter. “A enfermagem é uma das profissões que atua diretamente na devolução da dignidade das pessoas, na devolução da autonomia, do autocuidado, da saúde, da vida”, finaliza.
A fisioterapeuta que encontra apoio na família
Por Gustavo Sousa
“Sou mãe de um casal de filhos. Fiquei muito tempo longe deles porque tínhamos muitos casos acontecendo e poucos profissionais dispostos a ficarem na linha de frente por medo do desconhecido, por medo de ficarem doentes e passarem para as suas famílias”. O isolamento da família foi uma das decisões mais difíceis para a profissional de saúde Helen Freitas, 50 anos, que atua na Unidade de Terapia Intensiva do Pronto Socorro de Rio Branco.
Apesar do medo da contaminação, foi com o apoio da família que ela encontrou forças para transformar o medo em determinação. Helen e o marido conversaram bastante antes do vírus chegar ao Brasil e, por conta disso, ela decidiu optar por ficar isolada devido ao que estava acontecendo no mundo.
Área de atuação
O fisioterapeuta com título em terapia intensiva é o especialista que conduz a ventilação mecânica tanto invasiva como a não invasiva, ou seja, o fisioterapeuta que mantém o quadro pulmonar do paciente juntamente com a equipe médica.
“O nosso papel é melhorar as trocas gasosas e expandir os pulmões para que eles se reestabeleçam e os pacientes possam ser extubados (sair da intubação). Inicialmente a função dos profissionais dessa área é evitar que o paciente seja entubado, mantendo-o em oxigenoterapia (terapia feita com a utilização de oxigênio) e Ventilação Não Invasiva (VNI) método para ajudar na respiração por meio de aparelhos que não são introduzidos no sistema respiratório. Nos casos mais graves, em que a intubação seja inevitável, administramos a ventilação mecânica conduzindo o funcionamento dos pulmões para que o paciente possa se recuperar.
Dificuldades
A pandemia de Covid-19 não é a primeira que a fisioterapeuta enfrenta. “Já tive experiência com outra pandemia. A do H1N1 foi mais branda, porém eu já imaginava que essa que estava por vir seria de uma maior proporção”, diz. Helen menciona algumas dificuldades que enfrentou ao longo dos últimos meses intensos de trabalho. O seu psicológico estava ficando afetado pela distância da família e a falta de um carinho ao chegar do trabalho e a mudança repentina na sua rotina acabou impactando bastante, apesar da família ter se acostumado com a rotina de plantões diários. Outra complicação é a exaustão física que vinha por conta da nova rotina de plantões cada vez mais prolongados.
Caso Marcante
Dentre tantos casos, um especificamente a marcou pois era um desafio. Eles estavam no início do processo para conhecer a doença “Foi em um momento que ainda estávamos começando a conhecer a doença, o Estado ainda estava se equipando e ainda tínhamos muito medo de fazer VNI. Alguns estudos da época afirmavam que a VNI contaminava os profissionais”, recorda. Como o paciente ainda respirava, a equipe com a qual Helen trabalha tomou a decisão de fazer de tudo para salvar o paciente e usar a VNI. “Ele está vivo hoje, graças a Deus, e valeu muito a pena os nossos esforços”
Helen explica que essa técnica era usada em outras doenças e ao usarem nesses casos do covid e notarem os resultados positivos não pararam mais de usar esse método. A profissional ressalta que no Brasil todos estão usando a técnica o que vem evitando muitas intubações.
Superação
Mesmo com tantas dificuldades em torno dessa nova pandemia, Helen encontra forças e compreensão na família. Os encontros com o marido e os filhos retornaram quando os casos tiveram uma baixa considerável.
“Passado um ano de pandemia, posso dizer que é impossível presenciar esse acontecimento com tantos óbitos e tanto sofrimento não mudar a sua essência”. A força que precisa para seguir em frente encontra na religião e no sorriso dos seus pacientes recuperados. “Essas pequenas vitórias do dia a dia impulsionam a nossa jornada”, fala.
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Notícias
O aumento nos casos de dengue em 2024 se torna uma preocupação para os acreanos
Publicado há
9 meses atrásem
11 de março de 2024por
RedaçãoPor Remilson Júlio e Jamile Romano
O Ministério da Saúde divulgou dados relativos à incidência de casos de dengue no país, e o estado do Acre figura em segundo lugar com maior número de casos da doença. Ao todo o estado tem 212,5 casos a cada 100 mil habitantes, ficando atrás apenas do Distrito Federal, que lidera o ranking. A capital do país já registrou 15.542 casos prováveis da doença desde o início do ano, o que corresponde a 551,7 casos a cada 100 mil habitantes.
Devido à situação, o governo acreano decretou estado de emergência em saúde pública após o aumento de 106% nos casos da doença em 2023. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE), em 5 de janeiro e tem validade de 90 dias.
SINTOMAS
Os principais sintomas da doença são febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. No entanto, a infecção por dengue também pode ser assintomática ou apresentar quadros leves.
PREVENÇÃO E COMBATE
A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada em recipientes que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.
Listamos algumas dicas que fazem a diferença:
• Não deixe água parada, destruindo os locais onde o mosquito nasce e se desenvolve, evita sua procriação.
• Deixe sempre bem tampados e lave com bucha e sabão as paredes internas de caixas d’água, poços, cacimbas, tambores de água ou tonéis, cisternas, jarras e filtros
• Não deixe acumular água em pratos de vasos de plantas. Coloque areia fina até a borda do prato.
• Plantas que possam acumular água devem ser tratadas com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando no mínimo, duas vezes por semana. Tire sempre a água acumulada nas folhas.
• Não junte vasilhas e utensílios que possam acumular água (tampinha de garrafa, casca de ovo, latinha, saquinho plástico de cigarro, embalagem plástica e de vidro, copo descartável etc.) e guarde garrafas vazias de cabeça para baixo.
• Entregue pneus velhos ao serviço de limpeza urbana, caso precise mantê-los, guarde em local coberto.
• Deixe a tampa do vaso sanitário sempre fechada. Em banheiros pouco usados, dê descarga pelo menos uma vez por semana.
• Retire sempre a água acumulada da bandeja externa da geladeira e lave com água e sabão.
• Sempre que for trocar o garrafão de água mineral, lave bem o suporte no qual a água fica acumulada.
• Mantenha sempre limpo: lagos, cascatas e espelhos d’água decorativos. Crie peixes nesses locais, eles se alimentam das larvas dos mosquitos
• Lave e troque a água dos bebedouros de aves e animais no mínimo uma vez por semana.
• Limpe frequentemente as calhas e a laje das casas, coloque areia nos cacos de vidro no muro que possam acumular água.
• Mantenha a água da piscina sempre tratada com cloro e limpe-a uma vez por semana. Se não for usá-la, evite cobrir com lonas ou plásticos.
• Mantenha o quintal limpo, recolhendo o lixo e detritos em volta das casas, limpando os latões e mantendo as lixeiras tampadas. Não jogue lixo em terrenos baldios, construções e praças. Chame a limpeza urbana quando necessário.
• Permita sempre o acesso do agente de controle de zoonoses em sua residência ou estabelecimento comercial.
AÇÕES REALIZADAS PELO PODER PÚBLICO
A prefeitura de Rio Branco vem realizando ações nas regiões onde está concentrada a maior quantidade de focos da larva do mosquito da dengue.
Através do departamento de endemias, a prefeitura montou estratégias de enfrentamento para o período de alta transmissão de Arboviroses no Município de Rio Branco.
Além do investimento em outdoors, busdoors e campanhas nas mídias sociais.
No dia 01 de fevereiro de 2024, a Policlínica Barral Y Barral, em colaboração com os estudantes do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Acre (Ufac), promoveu uma iniciativa de combate e prevenção à dengue.
Foram distribuídos panfletos contendo informações sobre os métodos de prevenção contra o mosquito (dentro e fora de casa) e os principais sintomas da dengue, Chikungunya e Zika.
Juntamente com os panfletos, foram fornecidos frascos de hipoclorito de sódio para a higienização de alimentos e purificação da água, acompanhados de instruções detalhadas sobre a correta utilização do produto.
Além disso, vem ocorrendo mutirões de visitas domiciliares, e um reforço na atenção básica, com ações voltadas ao manejo ambiental, identificação e eliminação de criadouros passíveis de eliminação mecânica, aplicação de larvicida em reservatórios com água e orientações à comunidade sobre as medidas de prevenção, a fim de evitar a proliferação do mosquito, estimulando o autocuidado.
A aplicação de inseticida espacial, com equipamento costal motorizado, tem como objetivo cortar a cadeia de transmissão das arboviroses, tem como alvo alcançar a mortalidade do vetor na fase adulta (fêmeas possivelmente infectadas).
VACINAÇÃO
A vacinação no estado do Acre começou em fevereiro. Os primeiros municípios a receber as vacinas foram Rio Branco, Senador Guiomard, Capixaba, Sena Madureira, Plácido de Castro, Manoel Urbano, Porto Acre, Acrelândia, Bujari, Santa Rosa do Purus e Jordão.
O foco inicial da imunização é em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, residentes em cidades com mais de cem mil habitantes e alto volume de casos de dengue tipo 2.
Notícias
Aspectos da inclusão social das pessoas com Transtorno do Espectro Autista
Publicado há
9 meses atrásem
4 de março de 2024por
RedaçãoPor Akenes Mesquita e Luís Felipe Silva Do Nascimento
A vida social é um dos pilares do ser humano e muitos indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrentam dificuldades em se relacionar com outras pessoas, estigmas e preconceitos sociais. Tainara da Silva Souza é estudante do Ensino Médio da Escola Sebastião Pedrosa e comenta sobre algumas dificuldades enfrentadas no seu cotidiano, especialmente em ser aceita e fazer amigos. “É difícil socializar porque as pessoas olham com estranhamento. Em muitos lugares que eu vou as pessoas fazem comentários e piadas com pessoas autistas, falam que somos doidos e isso causa desconforto e ansiedade”, relata.
O preconceito ainda impera em nosso meio e temos que levar em conta que a inclusão social é fundamental para que essas pessoas possam desenvolver suas habilidades sociais e se tornar membros ativos e participativos da sociedade. Sendo assim, a inclusão de pessoas com TEA nas escolas regulares tem se mostrado cada vez mais necessária.
É importante ressaltar que cada pessoa com TEA possui necessidades e habilidades diferenciadas, portanto, é fundamental oferecer um ambiente inclusivo e adaptado às especificidades de cada indivíduo. Além disso, é necessário garantir profissionais capacitados para lidar com as demandas específicas, como professores e profissionais de apoio. Cristina Brilhante, que atua como Mediadora no Instituto São José e é mãe de uma criança Autista, explica que a rede de ensino do Estado tem condições para receber crianças ou adultos que tenham TEA ou algum tipo de deficiência, disponibiliza várias formações para os profissionais e só contrata quem tem nível superior e formação em Ensino Especial.
“Lidar com esse público é muito delicado, são alunos de inúmeras especificidades, vários tipos de deficiência, várias limitações e é necessário um atendimento de forma igualitária mas com apoio de um mediador ou assistente educacional especializado. Para isso, também tem a sala de recursos multimídia AEE [Atendimento Educacional Especializado] que as escolas disponibilizam para um apoio”
Na sala de Atendimento Educacional Especializado é realizada uma avaliação com base em laudo médico e, a partir dessa avaliação, é realizado um planejamento para que o aluno com TEA consiga se adequar ao ambiente escolar.
É importante destacar que quanto mais cedo for feito o diagnóstico e o acompanhamento terapêutico melhor será o desenvolvimento das habilidades sociais e cognitivas das pessoas com TEA. No entanto, muitas famílias não têm acesso a essas terapias devido aos altos custos envolvidos. De acordo com o psicólogo Marcelo Lopes de Souza, o valor da avaliação psicossocial em clínicas privadas gira em torno de R$1.800,00 a R$6.500,00. Na visão do profissional, é necessário que o governo e a sociedade promovam políticas públicas que garantam o acesso gratuito a terapias para todas as pessoas com TEA.
Para garantir a inclusão social e escolar é fundamental que haja investimento na formação de profissionais da saúde e educação, capacitando para atender as demandas das pessoas com TEA. Além disso, é necessário promover campanhas de conscientização para combater o preconceito e estigma associados ao TEA, criando uma sociedade mais inclusiva e acolhedora.
A inclusão social, educacional e o acesso gratuito a terapias para pessoas com TEA são aspectos essenciais para garantir o pleno desenvolvimento e qualidade de vida desses indivíduos. É necessário um esforço conjunto entre governos, sociedade civil e profissionais da saúde e educação para promover uma inclusão efetiva e garantir o acesso a terapias adequadas para todas as pessoas.
Entendendo o TEA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica que afeta a forma como as pessoas se comunicam e interagem socialmente. A Organização Mundial de Saúde estima que existam 70 milhões de pessoas com autismo no mundo, 2 milhões somente no Brasil. No Acre são aproximadamente 11 mil, sendo registrado em Rio Branco cerca de 5 mil casos.
Notícias
Piso salarial da enfermagem no Acre: avanços e desafios
Publicado há
9 meses atrásem
26 de fevereiro de 2024por
RedaçãoPor Luiz Eduardo Souza de Oliveira
O salário mínimo para os profissionais da enfermagem foi definido em 2023, estipulando que enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem receberam, respectivamente, R$4.750, R$3.325 e R$2.375 mensais. O governo federal repassou R$26,9 milhões aos estados para suportar os custos do novo piso salarial, beneficiando mais de 17 mil profissionais. Entretanto, o pagamento não foi realizado no período estipulado.
Mesmo que o Ministério da Saúde tenha realizado o primeiro repasse em setembro de 2023, abrangendo retroativamente quatro parcelas referentes a maio, junho, julho, agosto e setembro, os pagamentos começaram a ser feitos apenas em outubro de 2023. E continuam sendo realizados mensalmente, mas com um mês de atraso, com o pagamento sempre relativo ao período anterior.
No Acre, foram repassados R$6.791.107,00 sendo R$2,4 milhões para a administração estadual e o restante distribuído entre os 22 municípios, incluindo a capital Rio Branco.
Em 13 de dezembro de 2023, a Câmara de Vereadores de Rio Branco aprovou um projeto de lei complementar regulamentando o salário mínimo da enfermagem para servidores do município, com aprovação por 12 votos em uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac).
Esses valores correspondem a uma carga horária de 44 horas por semana, conforme informações do Sindicato dos Profissionais Auxiliares, Técnicos em Enfermagem e Enfermeiros do Estado do Acre (Spate-AC). Profissionais que atuam nos municípios possuem jornadas de trabalho de 40 e 30 horas semanais.
Os enfermeiros que trabalham 40 horas receberão R$4.318,18,00 enquanto os que têm carga horária de 30 horas, R$3.238,63. Para os técnicos de enfermagem com jornada de 40 horas, o valor do salário mínimo é de R$3.022,72, e para 30 horas, R$2.267,04.
No caso dos auxiliares de enfermagem, o valor do salário mínimo para uma jornada de 40 horas é de R$2.375,00 e para 30 horas, R$1.619,31. Alesta Costa, presidente do Spate-AC, destacou que a prefeitura vai complementar a diferença de R$ 320,72 para atingir o salário mínimo dos técnicos com jornada de 30 horas, R$ 427,63 para os que trabalham 40 horas e R$ 119,32 para os auxiliares, com o valor remanescente para atingir o salário mínimo a ser pago retroativamente em sete vezes.
Até o fechamento desta matéria o último repasse feito pelo governo do estado do Acre foi no dia 17 de fevereiro. Esse valor é referente ao diferencial do salário de janeiro de 2024.
Histórico da lei
A legislação que estabeleceu os salários mínimos para essas categorias foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, a ausência de previsão da fonte de recursos resultou na suspensão da lei pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 18 de abril de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um projeto de lei para viabilizar o pagamento do salário mínimo nacional da enfermagem. Em âmbito nacional, o Governo Federal alocou R$7,3 bilhões para possibilitar o pagamento aos profissionais dessa categoria. O texto fixou em R$4.750 o piso nacional de enfermeiros dos setores público e privado, sendo esse valor referência para o cálculo do mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%), auxiliares de enfermagem (50%) e parteiras (50%).
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