Cultura
Para todos os amores
Publicado há
4 anos atrásem
por
Redação
Em mais um Dia dos Namorados que medidas de distanciamento social são indicadas, o A Catraia preparou uma lista de 12 filmes para assistir a dois, independente de orientação sexual
Por Marcus V. Almeida e Pâmela Celina
O dia 12 de junho é especial para muitos casais, pois se comemora o dia dos namorados. Planejar uma programação especial para a data é algo bem comum. Lojas e restaurantes fazem promoções e ofertas exclusivas para a celebração. A verdade é que o capitalismo “reina” até mesmo no motivo da comemoração no Brasil ser em junho e não em fevereiro como em outros países.
Com o motivo exclusivamente comercial, o dia dos namorados foi escolhido para ser em junho por este ser um mês em que as vendas diminuem. Além disso, a escolha do dia 12 também tem uma motivação: é a véspera do dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro.
O responsável, então, pela “criação” do dia dos namorados no Brasil é João Dória (pai do atual governador de São Paulo João Dória Jr.), que foi contratado por uma empresa que tinha como objetivo melhorar as vendas do comércio do mês de junho.
Com o slogan “Não é só com beijos que se prova o amor!” a data começou a ficar popular e se tornou uma comemoração oficial do país.
Apesar dessa origem comercial, o amor é o ponto chave para o dia, principalmente no contexto atípico que estamos vivendo. Assim com o dia dos namorados chegando, o que fazer quando não podemos sair de casa por causa da pandemia (de novo)?
De alguns clássicos da Sessão da Tarde aos romances adolescentes dos streamings, preparamos uma lista de filmes para você passar o dia ao lado de quem você ama. A lista não foca em filmes com temática exclusiva dos dias dos namorados e, muito menos, nas premiações que tiveram (não somos sommelier de estatuetas). Buscamos apresentar filmes divertidos e que possam ser curtidos nessa data especial.

10 Coisas Que Odeio em Você (10 Things I Hate About You, 1999)
Bianca Stratford (Larisa Oleynik) só pode ter um namorado se sua irmã mais velha, Katharina (Julia Stiles), também estiver namorando. O problema é que ela não tem interesse nenhum em ter um relacionamento. Para resolver a situação, o pretendente de Bianca, Cameron (Joseph Gordon-Levitt), contrata Patrick Verona (Heath Ledger) para conquistar Katharina.

Lisbela e o Prisioneiro (2003)
Lisbela (Débora Falabella) é apaixonada pelos romances hollywoodianos e sonha um dia viver um amor de cinema. Leléu (Selton Mello) é um Don Juan trambiqueiro que vive indo de cidade em cidade para ganhar a vida. Ao chegar à cidade, Leléu e Lisbela se apaixonam perdidamente, mas precisam lidar com os problemas de suas vidas, com o casamento arranjado de Lisbela e com o matador corneado (Marco Nanini) que busca se vingar de Don Juan.

Trilogia Para Todos os Garotos Que Já Amei (To All The Boys, 2018-2021)
Quem nunca escreveu cartinhas ou bilhetes de amor não é? A trilogia baseada em livros com o mesmo nome, conta também com P.S. Ainda amo você e Agora e para sempre. A personagem principal é Lara Jean (Lana Condor) que tem o costume de escrever cartas de amor, mas nunca as envia. Porém, um dia, essas cartas são misteriosamente enviadas e sua vida é colocada de cabeça para baixo. Com os clichês de dramas adolescentes, a trilogia aborda o início e amadurecimento do relacionamento de Lara Jean e Peter Kavinsky (Noah Centineo), uma boa e leve comédia romântica.

Como se Fosse a 1ª Vez (50 First Dates, 2004)
Henry Roth (Adam Sandler) é um veterinário que vive no Havaí. Ele conhece e se apaixona, perdidamente, por Lucy Whitmore (Drew Barrymore). Até ai tudo bem, o problema é que Lucy sofre de perda de memória recente, fazendo com que ela se esqueça de tudo o que viveu no dia, toda vez que dorme. Obrigando Henry a conquista-la dia após dia, para poderem ficar juntos.

Com Amor, Simon (Love, Simon, 2018)
Simon Spier (Nick Robinson) é um adolescente gay de 17 anos que ainda não conversou com sua família ou amigos sobre sua orientação sexual. Quando uma situação desconfortável acontece e mensagens trocadas por e-mail, entre ele e outro colega que também não é assumido, são descobertas por um chantagista, Simon tem que lidar da melhor forma possível e sobreviver ao tempestuoso ambiente escolar. Baseado em livro de mesmo nome, a história do filme aborda de forma leve e simples o drama das descobertas e vivências adolescentes.

Alex Strangelove (2018)
Quase com uma premissa de mais um besteirol americano, Alex Truelove (Daniel Doheny) é um aluno exemplar que está no seu último ano do ensino médio e decidiu perder sua virgindade com sua namorada Claire (Madeline Weinstein). Contudo, ao conhecer e fazer amizade com Elliot (Antonio Marziale) um garoto gay, seguro de si e que não esconde seu interesse, Alex embarca em uma jornada de autodescoberta. O filme é uma comédia romântica adolescente que aborda, de maneira simples e natural, a descoberta do amor.

Você Nem Imagina (The Half of It, 2020)
Uma típica aluna deslocada, chamada Elli Chu (Leah Lewis), é uma escritora talentosa e tem o hábito de fazer a lição de casa dos colegas para ajudar com as contas de casa. Ela é secretamente apaixonada pela garota mais popular da escola, a bela Aster Flores (Alexis Lemire). Porém, de maneira inesperada, ela se une a Paul (Daniel Diemer) um atleta jogador de futebol que pede ajuda para escrever uma carta de amor para Ester, fazendo Elli entrar em conflito.

Up – Altas Aventuras (Up, 2009)
Carl Fredricksen (Edward Asner) é um senhor rabugento de 78 anos, que está sofrendo as investidas constantes de uma construtora que deseja comprar sua casa para construir um prédio. Para não perder a casa onde viveu com sua falecida esposa, Ellie (Elizabeth Docter), e consequentemente as memórias com ela, Carl enche a casa de balões para viajar rumo a uma floresta na América do Sul, local onde ele e Ellie sempre sonharam em morar. No entanto, sua viagem sofre uma brusca mudança quando ele descobre que, Russell (Jordan Nagai), um jovem escoteiro acaba indo junto em sua jornada.

A Princesa e o Sapo (The Princess and the Frog, 2009)
Tiana (Anika Noni Rose) sonha em ter seu próprio restaurante em Nova Orleans e para isso ela junta todo o dinheiro que consegue trabalhando. Para conseguir o montante que falta, ela trabalha na festa que sua amiga, Charlotte LaBouff (Jennifer Cody), está dando para tentar conquistar o príncipe Naveen (Bruno Campos). Devido a um incidente, Tiana e o Naveen são transformados em sapos e precisam aprender a confiar um no outro para poderem voltar a serem humanos.

Margarita com Canudinho (Margarita with a Straw, 2015)
Uma jovem indiana com paralisia cerebral deixa seu país para estudar na Universidade de Nova York. A jovem que se chama Laila (Kalki Koechlin) aproveita essa oportunidade para exercitar sua independência. Contudo, após sofrer uma rejeição amorosa, por parte de um colega, ela conhece uma ativista cega chamada Khanum (Sayani Gupta) e embarca numa jornada de descobertas.

P.S. Eu Te Amo (P.S. I Love You, 2008)
Holly Kennedy (Hilary Swank) é uma jovem bonita e feliz, mas que não se sente completamente realizada em seu trabalho. Ela se casou com o homem de sua vida, o divertido e apaixonado irlandês Gerry Kennedy (Gerard Buttler). Mas, ele fica doente e morre, deixando Holly com uma profunda depressão. Contudo, antes de morrer, Gerry deixa uma série de cartas para sua esposa. Sempre assinadas com “P.S. Eu te amo”, as mensagens são enviadas de forma surpreendente e buscam ajudar Holly no processo de recuperação.

Corra! (Get Out, 2017)
Chris (Daniel Kaluuya) é um jovem fotógrafo negro que viaja com sua namorada caucasiana, Rose (Allison Williams), para conhecer a família da jovem. Inicialmente, Chris considera o comportamento estranho dos familiares como uma tentativa de aceitar que ela namore um homem negro. Mas com o tempo, o fotógrafo descobre que ele não foi levado até lá para conhecer a família de sua namorada. Uma ótima escolha para esse dia tão especial.
Esperamos que gostem e aproveitem bastante esse dia especial!
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Cultura
Mãos que contam histórias
Artesãos do Acre transformam natureza, cultura e memória em arte. Foto: Autores
Publicado há
4 semanas atrásem
18 de agosto de 2025por
Redação
Por Raquel de Paula, Elis Caetano e Tales Santos
Por trás de cada peça feita à mão, há algo que vai além do material. Onde a natureza dita o ritmo da vida, o artesanato é mais do que trabalho: é uma maneira de preservar histórias, manter vivas tradições e transformar o olhar sobre o que nasce da terra.
Em cada colar, escultura ou acessório produzido no Acre, vive a memória da floresta, das tradições amazônicas e das pessoas que escolheram o artesanato como forma de expressão e sustento. Nesta reportagem, conversamos com três artesãos que dão forma, cor e alma a peças únicas, e que carregam, em suas trajetórias, a força de quem faz da arte um caminho.
O artesão das sementes

João Neto produz diversos tipos de miçangas. Foto: Autores
João Neto cresceu cercado pela natureza e aprendeu cedo a olhar para as sementes como algo que carrega vida e história. Não demorou para transformar esse olhar em arte: pulseiras, colares, terços, todos feitos à mão, um a um, usando sementes da floresta amazônica.
Mas seu começo no artesanato foi outro. “Eu tô nesse ramo desde 2005. Há uns 12 anos, abri minha loja com cinco colegas. Nunca imaginei que um dia estaria fazendo artesanato assim. Mas, com o tempo, a loja começou a exigir mais variedade, então passei a montar minhas próprias peças.”
Foi aí que as sementes ganharam espaço. As matérias-primas vêm de diferentes partes do Acre e até do Amazonas. “Tem gente que traz de Boca do Acre, Assis Brasil, Feijó, Sena Madureira. A semente vem crua e a gente compra de quem já beneficiou. Eu não faço o beneficiamento, tem gente certa pra isso. Tem quem fure caroço por caroço. A gente trabalha com paxiubão, açaí, jarina… e os cascalhos, que são essas pecinhas menores entre uma semente e outra. Pode ser de Tucumã, de Cumaru-ferro ou até da própria semente que sobra.”

Grande parte do trabalho é produzido com sementes. Foto: Autores
Hoje, João fabrica chaveiros, colares, brincos, e outros acessórios. Para ele, a reinvenção é parte do ofício. “O turista cobra isso da gente. Então a gente se reinventa.”
Mesmo com a experiência, os desafios são constantes. “Minha maior dificuldade como artesão é o incentivo financeiro.” Hoje ele é microempreendedor individual (MEI), tem sua empresa, mas por ainda ter dívidas junto ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), fica impedido de conseguir crédito em bancos. “Tudo que eu faço é com o dinheiro que gira dentro da loja… é o que sustenta minha vida, o pagamento dos funcionários, a compra das sementes. Às vezes, eu até dou material para outros artesãos que estão passando dificuldade. Porque a gente sabe como é”.
A criação, segundo ele, é algo que se aprende ao fazer. Inicialmente, João Neto não se via montando um colar, um brinco. “Mas tudo é criatividade. Cada peça tem um significado, depende da forma como você monta, do jeito que você deixa”. Ele cita o exemplo dos chaveiros, que gosta de deixar uma pontinha pra fora. “É um gosto meu, tem gente que critica, diz que tem que seguir um design certinho. Mas eu gosto de combinar as peças com uniforme, com alguma coisa que se conecte”, explica.

“Tudo é criatividade”, disse João Neto. Foto: Autores
Ele sente uma motivação muito grande ao ver suas criações cruzando fronteiras “ e sempre pergunta para os clientes de onde são. “Um dia, entreguei uma camiseta para um cara e ele disse que era da Checoslováquia. Eu nem sei onde fica direito, mas pra você ver como a Amazônia atrai gente do mundo todo. O nosso artesanato tem esse poder.”
O doutor da borracha
José Rodrigues carrega no apelido e no ofício o legado da floresta. Filho e neto de seringueiros, ele nasceu nesse caminho e fez da borracha não apenas sustento, mas arte que já cruzou fronteiras e palcos do mundo.

José Rodrigues é conhecido como Doutor da Borracha. Foto: Autores
“O que me inspira a trabalhar com a borracha é a floresta. Eu queria viver de um trabalho que valorizasse o meu ambiente. Me inspiro na minha história, na história dos meus pais, que são seringueiros. É algo que corre no sangue”. Para ele, o mais importante é conseguir transformar essa matéria-prima em uma peça final, pronta para o consumidor, e esclarece: “isso agrega valor ao que a floresta oferece e ao que eu faço com minhas próprias mãos.”
Com olhos atentos ao passado e pés fincados no presente, ele transformou o látex em sapatos, bolsas e acessórios únicos, produzidos com consciência ambiental e respeito pela cultura do seu povo. Sua trajetória começou ainda em meados dos anos 2000, a partir de um curso de tecnologia da borracha oferecido em parceria com a Universidade de Brasília a TEC BORR.

Todos os produtos são peitos a partir do látex. Foto: Autores
“Comecei a trabalhar com folha de defumação líquida que é um tipo de borracha produzida utilizando uma técnica de coagulação do látex com fumaça líquida. E ali, por volta de 2006, 2007, nasceu esse meu trabalho com o artesanato”. E tudo foi se transformando à medida que passou a expor em feiras, foi ouvindo o que as pessoas diziam, pegando ideias e colocando em prática.
Desde então, José levou o nome do Acre a diferentes partes do mundo. Participou da Feira de Milão em 2014, conduziu a tocha olímpica em 2016, esteve no palco do Faustão em 2017 e gravou o documentário Acre Existe em 2012. Em 2022, foi reconhecido com o prêmio Top 100 Mundial Ambiental.
“O que mais me emociona é poder andar pelo Brasil e até fora dele, mostrar meu trabalho. Eu, que nasci e fui criado na floresta, hoje tenho a oportunidade de apresentar um produto lindo, sustentável, para o mundo. Isso fica na memória.”
Da madeira para memória viva
No ateliê de Antônio Geraldo, a arte de esculpir a madeira é mais que um ofício. É uma paixão que se revela em peixes, folhas e animais típicos da Amazônia, trabalhados em detalhes minuciosos.
Desde os anos 2000, ele encontrou no artesanato não apenas uma fonte de renda, mas uma terapia, um respiro criativo e uma forma de respeitar o meio ambiente. Ele começou com móveis, criando com madeira o que dava vontade. Depois, foi se dedicando mais ao artesanal, aos estilos rústico e torneado. E com o tempo descobriu que o artesanato o ajudava até psicologicamente.

Da madeira, Antônio Geraldo produz diversos produtos. Foto: Autores
“ Às vezes você está fazendo uma peça e, do nada, surge uma ideia para outra. É como se a madeira abrisse caminhos dentro da nossa mente. A gente vai criando, se acalmando, refletindo. E mais do que isso, a gente transforma o que seria lixo em arte.”
Seu Geraldo utiliza restos de madeira, galhos e pedaços que iriam se perder e a partir deles criar peças únicas. “A sustentabilidade está aí: você não agride o ambiente, mas aproveita o que a floresta já oferece. Aquilo que muitos acham que só serve para lenha, eu vejo como matéria-prima.”
Para ele, cada escultura nasce de um impulso diferente, e a criação vem para todo artesão que tem atitude e desejo. “Nem sempre consigo repetir uma peça igual, porque cada uma nasce de um momento, de uma ideia. Se alguém me pede uma peça igual à que viu meses atrás, às vezes já não consigo fazer. É outra inspiração. É outra madeira. É outra história.”

Grande parte dos produtos é feito a partir de restos de madeira. Foto: Autores
E é justamente essa singularidade que tem levado seu trabalho para além das fronteiras do Acre, Brasil e até do mundo. “Dá um orgulho enorme ver o que a gente faz com as próprias mãos sendo valorizado. Quando as pessoas elogiam, encomendam, pagam antes mesmo de ver a peça pronta…” Antônio Geraldo se sente feliz com a admiração a suas peças, o que dá confiança para continuar trabalhando. “Já desejei que a noite virasse dia só pra seguir criando.”

Todo o processo criativo vem da própria mente do artista. Foto: Autores
Mas o reconhecimento nem sempre vem de onde se espera. “Infelizmente, aqui na nossa região, tem gente que debocha, que desvaloriza. A gente vive cercado de madeira e, por isso mesmo, muitos não enxergam o valor de um trabalho feito com ela. Tem quem diga que aquilo não presta, que é só lenha. Isso desanima. Mas aí vem alguém de fora, olha com outros olhos e diz: ‘isso é arte!’. E isso faz a diferença. O elogio de um compensa o desprezo do outro. Dá força pra continuar.”

Trabalho feito à mão é a realização de um sonho. Foto: Autores

Por Júlio Queiroz e Karina Paiva
A cultura dos DJs vem ganhando destaque no cenário musical do Acre, impulsionada pelo crescimento de eventos independentes, festivais e pela popularização das plataformas digitais.
Em meio a uma cena musical majoritariamente voltada para o sertanejo e o forró, DJs locais têm conquistado espaço promovendo festas alternativas, mixando ritmos regionais com batidas eletrônicas e atraindo um público jovem e engajado. Em cada apresentação, estilos globais combinados com a cultura local, resultam na criação de sets únicos que oferecem experiências sonoras diferenciadas para o público presente.
Com uma atuação multifacetada, que vai além de entretenimento, tornaram-se fazedores de uma cultura que não está sendo construída somente em baladas noturnas, mas em lugares diversos. O trabalho desses profissionais tem sido cada vez mais procurado, para animar de tudo um pouco: casamentos, aniversários, festas públicas e até eventos políticos.

Mas entre cabos, luzes e batidas, os DJs do Acre vivem uma rotina intensa. Do planejamento de sets à montagem de equipamentos, passando por longas madrugadas de trabalho e a constante busca por atualização musical, esses profissionais transformam paixão em ofício.
Lauro Félix, que atua como DJ há mais de 15 anos aqui no estado, conta como foi o início da carreira, experiência e as dificuldades enfrentadas ao longo desses anos como DJ:
“Sempre fui colecionador de músicas, sempre gostei de estar atualizado, de ter CDs, fitas também, escutava rádio e assistia TV, principalmente programas que passavam clipes. Eu peguei curiosidade com isso, comecei a pesquisar, fiz aulas também. E de lá para cá foi dessa forma, como colecionador de músicas e badalando em aniversário de amigos e vizinhos que me convidaram para tocar”, conta.

Ser reconhecido, ser visto como um profissional e aceito pelo público é uma complicação que muitos DJs enfrentam. A DJ Nareza Barros acha que o maior obstáculo são as pessoas que não consideram DJ como profissão. “Quando as pessoas levam como hobby ou não colocam a profissionalização como deve ser feita, isso acaba atrapalhando muito a gente, principalmente na hora de cobrar”, ressalta a DJ.
Também há um processo invisível ao público: horas de pesquisa musical, testes em softwares de mixagem, organização de playlists e, muitas vezes, o transporte do próprio equipamento.
LEI MUNICIPAL SEMANA DOS DJs
No último dia 18 de junho, em sessão plenária da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares da casa a Lei que institui a semana estadual do DJ no Acre, apresentada pelo deputado Chico Viga (PDT).

Segundo o texto da proposta, a comemoração será realizada anualmente na primeira semana de novembro. A iniciativa busca valorizar, reconhecer e incentivar os profissionais que atuam como DJs no estado, destacando a importância cultural e artística para a cena local.O evento passa a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Município de Rio Branco a partir de 2026. “A partir de agora todos os DJs do estado do Acre terão uma semana cultural, voltada ao DJ, com workshop, apresentações em praças, escolas”, enfatiza Roney Matos.
A prefeitura municipal de Rio Branco convidou para a assinatura da lei o produtor musical com vasta experiência no mercado da música eletrônica Mateus Bruschi Basso, O DJ Jay Boo. O consultor da Pioneer DJ BR estava em Rio Branco ministrando um workshop para DJs. O encontro reuniu representantes do poder público e grande parte dos DJs atuantes no estado do Acre.
CRIAÇÃO DA LIGA
A cena da música eletrônica no Acre alcançou um feito inédito com a criação da Liga Acreana de DJs (LACDJ), primeira entidade representativa da categoria no estado. A oficialização ocorreu em 25 de outubro de 2024, em Rio Branco.

A iniciativa é fruto da união entre duas gerações da cena eletrônica local: DJ Roney Mattos, um dos pioneiros e nomes mais respeitados do segmento, e DJ El Mascarado, expoente da nova geração.
A proposta da associação surgiu um ano antes, durante uma reunião entre os dois artistas, que identificaram a necessidade de fortalecer, organizar e dar visibilidade à atuação dos DJs locais. “A partir desse encontro, fizeram o projeto da fundação da Liga Acreana de DJs, entidade voltada exclusivamente a fortalecer a representação dos valores dos DJs no Acre.“A associação surge com o objetivo de promover união da categoria, fomentar a oportunidade de formação técnica e profissional, além de representar os DJs em eventos culturais, festivais, políticas públicas, um espaço institucional, o mais importante”, destaca Roney Matos, presidente da Liga.
Cotidiano
Do papel às telas: a transição do jornal impresso acreano para o digital
Publicado há
4 meses atrásem
27 de maio de 2025por
Redação
Por Ana Luiza Pedroza, Ádrya Miranda, Daniel de Paula e Wellington Vidal
O jornal impresso, símbolo histórico e cultural no Acre, começa a se despedir lentamente do cotidiano da população. A era digital assume o protagonismo, apostando em novos formatos de levar acesso à informação, no entanto, sem apagar o legado construído pelo impresso na história acreana.
Apesar dos esforços para reinventar o jornalismo local, a transição do impresso para o digital trouxe grandes desafios. No Acre, essa movimentação ocorreu de forma tardia, mas com a contribuição de jornalistas que se desdobram diariamente para acompanhar as mudanças no modo de noticiar, mantendo o compromisso social com a população.
Entre os obstáculos, a pandemia de Covid-19 foi um dos que aceleraram o declínio dos jornais impressos em todo o país, e no Acre não foi diferente. O A Gazeta, um dos veículos mais populares do estado, foi diretamente impactado.

Rotativa, máquina utilizada na impressão dos jornais A Gazeta. Foto: Ádrya Miranda
Fundado em 1985, sob direção de Silvio Martinello e Elson Martins, o jornal se destacou pelo jornalismo investigativo e de cunho social, sendo pioneiro em projetos editoriais gráficos com diagramação no impresso acreano. Foi por meio de suas páginas que os acreanos acompanharam coberturas históricas, como o assassinato do sindicalista Chico Mendes.
Em 1998, tornou-se o primeiro jornal a circular em cores no estado, com até 3.500 exemplares vendidos em dias movimentados, segundo Silvio. Apesar das inovações com o jornal impresso, o veículo enfrentou as adaptações tecnológicas do século 21. O portal online, criado ainda nessa fase, tinha estrutura simples, servindo apenas para replicar, de forma reduzida, as notícias do jornal físico.

À esquerda, Maíra Martinello; ao fundo, Paula Martinello; e à direita, Silvio Martinello. Foto: Arquivo pessoal
A edição impressa teve o seu fim em 2021, após uma expressiva queda nas vendas. Paula Martinello, jornalista do A Gazeta do Acre, relata que a migração definitiva para o digital foi desafiadora e impulsionada pela pandemia. “Foi um processo muito gradativo, porque o trabalho online não é fácil. É muita concorrência, é um outro tipo de público e perfil de consumo da notícia”, comenta.
Para os jornalistas do A Gazeta, hoje, A Gazeta do Acre, o desafio não foi apenas adaptar-se ao ambiente online, mas reinventar a rotina de produção jornalística sem abrir mão da credibilidade construída. Segundo Maíra Martinello, foram necessárias estratégias para garantir a sobrevivência e a relevância no meio digital, que exige mais agilidade, versatilidade e presença em todas as plataformas.
“A gente foi entrando nesse mundo online, digital. Claro que tem pontos positivos, como o custo mais baixo, a praticidade e a democratização do acesso à informação. Mas a era digital exige muito mais do jornalista, que hoje precisa escrever, gravar vídeo, áudio, editar, usar várias ferramentas ao mesmo tempo”, explica.
A transição da notícia do impresso para o ambiente digital, embora tenha sido impactante para todo o campo jornalístico, foi recebida de maneira diferente por cada veículo, conforme suas particularidades. Outro nome importante da imprensa acreana, como o jornal O Rio Branco, também enfrentou esses momentos de transformação.

Portal de notícias oriobranco.net. Foto: Ádrya Miranda
Mendes também reforça a necessidade dos jornalistas manterem seu compromisso social, mesmo diante das mudanças impostas pela era digital. “Se vocês forem jornalistas e pretenderem ser responsáveis, não esperem que a notícia chegue até vocês. Vocês têm que ir atrás da notícia”, conclui.
Essa transformação também é percebida por leitores que acompanharam de perto o auge das edições impressas no Acre. “Porque o jornal é um documento, então ele vai ficar ali para sempre”, comenta o jornalista e leitor assíduo Gleilson Miranda, de 55 anos, ao destacar que o jornal impresso carrega um valor que vai além da notícia do dia, mas também a documentação de histórias.
Segundo ele, com o jornal impresso era possível encontrar experiências afetivas, que marcavam seu momento de leitura.
“O jornal é impresso, tem esse charme, tem essa coisa de você sentar, tomar um café e folhear as páginas, lendo as principais notícias. Isso era muito bom para a época. Hoje você tem essa notícia mais rápida. Notícia que chega muito rápido”, afirmou Gleilson, ao relembrar as sensações que os impressos lhe proporcionaram.
A transição dos jornais impressos para os portais digitais no Acre marca uma mudança profunda no modo de fazer e consumir jornalismo. Conhecer a história da imprensa local, com a contribuição das edições do A Gazeta e O Rio Branco, é essencial para entender o papel que esses veículos tiveram na formação da identidade e da memória do estado.

Edição impressa O Rio Branco. Foto: Arquivo Espaço Cultural Palhukas
Para Narciso Mendes, atual proprietário da TV Rio Branco, o impresso no Acre carrega o legado de muitas figuras marcantes da história local. No entanto, a migração do jornal impresso O Rio Branco para o meio online não teve o mesmo peso como teve para os demais veículos.

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