Cotidiano
Reciclagem e redução de lixo: iniciativas que impulsionam a sustentabilidade.
Conheça Exemplos de Projetos em Rio Branco que viabilizam a Reciclagem e a Reutilização de Materiais para Preservar o Meio Ambiente.

Publicado há
2 anos atrásem
por
Redação
Por: Dayanna Lopes e Ana Michele
Nos últimos anos, a crescente conscientização sobre a importância da sustentabilidade tem impulsionado mudanças significativas em diversos setores da sociedade. Entre essas mudanças, a reciclagem e a redução do lixo têm se destacado como estratégias fundamentais para a preservação do meio ambiente.
Nesta reportagem, traremos exemplos de empresas que aderem a políticas de gestão de resíduos e que priorizam a reciclagem e a reutilização de materiais.
A reciclagem é um processo que transforma resíduos descartados em novos produtos, reduzindo a necessidade de matéria-prima virgem e minimizando a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários. Ela desempenha um papel crucial na redução da exploração dos recursos naturais e na diminuição da poluição ambiental. Além disso, a reciclagem contribui para a economia ao criar empregos e impulsionar a indústria de reciclagem.
A reciclagem ganha destaque como uma abordagem sustentável para lidar com a crescente quantidade de resíduos gerados pela sociedade moderna. Segundo dados publicados pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2020, a quantidade de Resíduos Sólidos gerados no Brasil aumentou de 66,7 milhões de toneladas em 2010 para 79,1 milhões em 2019, representando uma diferença de 12,4 milhões de toneladas. O mesmo estudo diz ainda que cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano, o que corresponde a mais de 1 kg por dia.
No Acre destacam-se empresas que trabalham com separação de lixo e logística reversa.
Projeto Catar

Desde sua criação em 2005, o Projeto CATAR vem se destacando como uma iniciativa que une forças entre catadores de lixo e a Prefeitura de Rio Branco em prol de um objetivo comum: promover a reciclagem e transformar resíduos em oportunidades. Com o apoio de aproximadamente trinta catadores, esse projeto simples, mas altamente eficaz, tem feito a diferença na cidade, gerando benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a vida das pessoas envolvidas.
O catar funciona de forma cooperativa. Os catadores são peças-chave no processo, coletando materiais recicláveis, tanto de residências como de calçadas, pontos públicos e instituições da região. Em seguida, esses materiais são entregues ao projeto, que os prensa e os encaminhados para empresas que utilizam esse material.
Além de contribuir para a limpeza e o cuidado com o meio ambiente, o Projeto CATAR também desempenha um papel fundamental na melhoria das condições de vida dos catadores envolvidos. Ao fornecer uma fonte de renda digna e sustentável, o projeto oferece uma nova perspectiva de vida para esses profissionais, reconhecendo seu papel essencial na construção de uma cidade mais sustentável e consciente.
Há mais de 30 anos, Seu Raimundo Francisco Figueiredo da Silva, carinhosamente conhecido como Risadinha, dedica-se a uma nobre missão: a coleta de materiais recicláveis. Sua incansável jornada em prol da sustentabilidade ambiental tem sido um exemplo inspirador para muitos.

Atualmente, Risadinha concentra seus esforços na coleta de plástico, ferro e alumínio. Todos esses materiais são armazenados em sua casa e recolhidos pelo projeto Catar. Ele explica que o ferro que coleta é utilizado na confecção de camburões, e para isso, ele recolhe diversos tipos de objetos em ferro, desde fogões velhos até peças desgastadas. Todo o ferro coletado por ele é encaminhado para outros estados, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde é reciclado e reintroduzido na cadeia produtiva.
No que diz respeito ao plástico, Risadinha concentra-se principalmente em coletar garrafas pets e embalagens de produtos de limpeza. Ele ressalta que esse material é destinado a se transformar em caixas d’água, mas, lamentavelmente, não recebe o tratamento adequado em Rio Branco. O projeto Catar é responsável por triturar esse material e enviar para outros estados, onde são devidamente processados e reciclados.

Ecoponto – Tucumã

O Ecoponto Tucumã foi inaugurado no dia 06 de outubro de 2017 pela prefeitura municipal de Rio Branco, pelo prefeito Marcos Alexandre, com o objetivo de haver um local adequado para descarte de matérias reaproveitáveis. De acordo com o projeto, deveriam ser construídos mais 14 ecopontos após esse.
Há três anos e seis meses, Éliton dos Santos Freire dedica-se ao trabalho no Ecoponto Tucumã. Nesse local, diversos materiais são recebidos diariamente e posteriormente separados pela equipe da Secretaria de Serviços Urbanos (SEMSUR) e encaminhados para cooperativas como o Projeto Catar, aterro de inertes ou para a Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos (UTRE). Éliton explica que o ecoponto possui uma logística reversa, responsável por separar os materiais e enviá-los para os destinos adequados.

No Ecoponto Tucumã, são aceitos todos os tipos de materiais recicláveis, exceto resíduos remanescentes, como lixo hospitalar, agentes químicos e restos de comida. Materiais como plástico, ferro, vidro, papel, madeira, lâmpadas, galhadas, pneus, entulhos, eletrônicos, pilhas e baterias são separados cuidadosamente e encaminhados a destinação adequada de cada material reciclável.
Uma das principais preocupações do ecoponto é o descarte correto dos materiais. Éliton destaca que esses materiais podem ser reutilizados de várias maneiras, os pneus por exemplo, podem ser utilizados como matéria na fabricação de asfalto e grama sintética. Os materiais como papel e garrafas pet, podem ser triturados para que possam ser reaproveitados de forma sustentável. Outros materiais, como o alumínio, precisam ser derretidos para dar origem a novos produtos.
Esses materiais coletados aqui podem ter destinos diferentes, no lugar de poluir o planeta durante muitos anos, as garrafas PET podem ser transformadas em vassouras e cortinas, enquanto os pneus podem ser usados para produzir lixeiras e até mesmo canteiros de hortas. O Ecoponto Tucumã demonstra o potencial criativo e sustentável dos materiais recicláveis.
No entanto, a realidade do Estado do Acre é desafiadora em relação à logística reversa. A redução de pontos de coleta adequada é um problema enfrentado pela região. De acordo com o projeto inicial, deveriam ter sido construídos quinze ecopontos, mas foi implementado apenas o Ecoponto Tucumã que está em funcionamento. Isso resulta em uma sobrecarga no local, pois toda a demanda da região está concentrada ali.
Devido à falta de infraestrutura local, a maioria dos materiais coletados no Ecoponto Tucumã são encaminhados a cooperativas, onde são separados e processados para posterior envio a outros Estados, para serem utilizados como matéria-prima. Infelizmente, não existe uma empresa local capaz de lidar com esse tipo de material, o que demonstra uma necessidade urgente de investimentos e parcerias no setor de reciclagem na região.
Além dos materiais recicláveis, o ecoponto também recebe entulhos, como capas de telhas e restos de obras. Esse tipo de resíduo é destinado a aterros, onde são utilizados como barreiras no solo, garantidos para a preservação ambiental.
Éliton enfatiza a importância de receber papel no Ecoponto Tucumã, pois muitas pessoas têm dificuldade em descartá-lo corretamente, acabando por queimá-lo ou descartá-lo de forma inadequada. O ecoponto oferece uma solução, recebendo papel e encaminhando-o diretamente para o setor de reciclagem especializado nesse material.
No entanto, devido às restrições de espaço, o Ecoponto Tucumã precisa controlar a quantidade de lixo recebido. Éliton ressalta que existem limites de caixas e, às vezes, não é possível receber grandes recursos de entulho de uma única pessoa. Para atender a demanda de forma mais eficiente, seria necessário implementar os outros 14 ecopontos planejados inicialmente, distribuindo-os estrategicamente pela cidade.
O Ecoponto Tucumã desempenha um papel fundamental na promoção da sustentabilidade e da conscientização ambiental na região. Éliton e sua equipe trabalham arduamente para garantir que os materiais recicláveis sejam direcionados para o processamento e a reciclagem. No entanto, é evidente que mais investimentos e parcerias são necessários para melhorar a infraestrutura de reciclagem e ampliar a logística reversa no Estado do Acre. Com mais recursos e apoio, a região poderá avançar em direção a uma economia circular, onde o desperdício é reduzido e os materiais recicláveis são valorizados e reinseridos na cadeia produtiva.
RECICLAGEM E EDUCAÇÃO – CENTRO EDUCACIONAL BALÕES ENCANTADOS
Um novo olhar para a educação sustentável e criativa.
Muitas vezes uma garrafa plástica, uma caixa de papelão ou papéis usados são materiais vistos como sem utilidades e diariamente são descartados como lixo. Mas eles podem ter um destino diferente. Uma mente criativa e consciente, aliada a uma boa vontade de fazer a diferença, é capaz de transformar esses itens inutilizados em objetos incríveis que podem mudar a forma como as pessoas veem o lixo e incentivar uma visão mais responsável e consciente sobre o consumo e a reutilização de materiais. Quando essas atitudes começam já na escola, acabam transformando pequenos seres humanos em adultos conscientes e responsáveis, mudando assim, o futuro de muitas crianças.
Um exemplo dessa ação na iniciativa privada é na instituição Balões Encantados, uma escola que atua em Rio Branco há mais de 10 anos. Com turmas desde o berçário até o fundamental 1, os alunos são ensinados desde pequenos a respeitarem o meio ambiente com atitudes que vão desde plantar uma árvore até reaproveitar materiais que seriam descartados.

Além de incentivar as crianças a trabalharem com esses materiais, a própria equipe de professores e coordenação utilizam materiais recicláveis para recursos pedagógicos. Uma simples garrafa plástica que demoraria de 200 a 600 anos para se decompor no meio ambiente, de acordo com o ibama, nas mãos dessas crianças e profissionais, se transformam em boliche, foguete, potes para guardar materiais usados em sala, instrumentos musicais, recursos para contagens que podem ser utilizados em várias atividades e a lista vai longe! Não existe limite para a criatividade na hora de reaproveitar o lixo.
A instituição foi fundada em 2010 e pertence a uma congregação católica. A irmã Maria Juliana Silva de Almeida, além de pertencer a congregação, também é pedagoga e foi uma das primeiras freiras a cuidar da escola. Ela conta que desde o início, sempre valorizaram o reaproveitamento de materiais. No começo, além da questão ambiental, a prática era muito útil por motivos financeiros, já que na época não tinham tantos recursos. ‘’As crianças confeccionaram livros de histórias utilizando colagens e desenhos, inclusive, as primeiras prateleiras da biblioteca eram feitas de papelão.’’ Conta a irmã.
Mesmo com todo o desenvolvimento e acervos que a escola possui hoje em dia, não abandonaram a prática. De acordo com a coordenadora pedagógica Maria Auxiliadora Da Silva e Silva, 31 anos, o objetivo é ensinar as crianças a reduzirem a quantidade de lixo e fazer com que sejam adultos mais conscientes. ‘’Nossa intenção é fazer com que percebam que pequenas ações, como por exemplo, usar os dois lados de uma folha de papel, também é cuidar do meio ambiente.’’ Afirma Maria Auxiliadora.
Além de aplicar essas práticas na escola, também incentivam que adotem esses comportamentos em casa. ‘’Muitos pais não tiveram ou não tem essa consciência relacionado ao cuidado com o descarte do lixo, com o tempo que cada tipo de material leva para se decompor e até mesmo com a redução do consumo. Então sempre propomos atividades para que os pais possam trabalhar com a criança em casa utilizando materiais que seriam jogados fora.’’ Ressalta Maria Auxiliadora.

Em uma sociedade cada vez mais consumista, pequenas atitudes sustentáveis já são suficientes para gerar transformações ao nosso redor. ‘’ Diminuímos bastante o lixo quando pegamos os resíduos e transformamos em brinquedos ou materiais que podem ser bastante úteis. Muitos pais compram um brinquedo, a criança usa duas vezes, quebra e eles imediatamente compram outro. Já fizemos uma campanha pedindo para que não comprem brinquedo de pilha, pois elas agridem a natureza. O consumismo só serve para deixar o planeta mais doente.’’ Complementa a irmã Maria Juliana. A escola utiliza materiais reciclados e promove campanhas junto aos pais, para que os alunos criem brinquedos a partir de resíduos sólidos.
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Avaliação
Cerca de 17 mil animais são vítimas de abandono no Acre e número aumenta a cada ano
Publicado há
1 mês atrásem
28 de maio de 2025por
Luan Correia
Por Arielly Casas, Lucas Sousa e Gabriela Queiroz
O município de Rio Branco registra um número de quase 17 mil animais abandonados, segundo o Centro de Zoonoses da Prefeitura de Rio Branco. Esse dado também reflete uma realidade nacional, na qual 25% dos cães e 26% dos gatos estão em situação de abandono, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Um exemplo é o caso de Mimoso, mascote adotado pela clínica veterinária Cães & Cia. Um dos médicos veterinários da clínica, Denis Costa, conta que o gato foi levado há mais de um ano pelo cuidador que o abandonou. O animal estava com uma miíase (infestação da pele por larvas de moscas que se alimentam do tecido do hospedeiro) na cabeça.
Costa também relata que foi um caso difícil de tratar e que ninguém acreditava na recuperação. Agora, após 18 meses, Mimoso está totalmente recuperado.
“O mascote que nós temos aqui, ninguém acreditava que estaria vivo. Era um caso em que ninguém confiava, e agora ele está esbanjando saúde”, disse o veterinário.

Na imagem, o veterinário Denis e o mascote Mimoso. Foto: Lucas Sousa
Esse não é o único registro de casos assim. Trata-se de uma questão alarmante, que cresce cada vez mais e configura um crime previsto na legislação brasileira. Segundo o artigo 32 da Lei Federal nº 9.605/1998, o abandono e os maus-tratos contra animais são crimes, com pena de três meses a um ano de detenção, além de multa. Em 2020, houve uma modificação, aumentando a pena para dois a cinco anos de reclusão, conforme a Lei Federal nº 14.064/2020.
ONGs
Um dos maiores desafios enfrentados pelos ativistas de Organizações Não Governamentais (ONGs) é o alto custo dos tratamentos para os animais resgatados. Vanessa Facundes, presidente da ONG Patinha Carente, explica que a organização não consegue realizar o resgate de todos os animais devido as dívidas acumuladas com as clínicas veterinárias.
“Gostaríamos de poder resgatar todos, mas temos dívidas muito altas nas clínicas veterinárias particulares”, argumentou a presidente da ONG.
Projeto de Lei
No Acre, dos 24 deputados estaduais, Emerson Jarude (NOVO) defende a causa animal e já possui um projeto de ação em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac): o Projeto Cuidar, que tem como objetivo atender aos animais de rua. Instituições e ONGs que realizam trabalhos com esse foco também serão beneficiadas pelo projeto.
Jarude também anunciou o lançamento de um novo projeto: o Pet Farm (Farmácia de Pet), que será uma extensão do Projeto Cuidar.
“O Pet Farm é uma forma de conseguirmos disponibilizar medicamentos para os animais e auxiliarmos após o tratamento feito dentro desse projeto”, afirmou.
Poder público
A equipe de reportagem tentou contato com o Centro de Zoonoses da Prefeitura de Rio Branco para comentar a situação, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para qualquer posicionamento ou esclarecimento por parte do poder público.
A crescente população de animais abandonados em Rio Branco evidencia a urgência de políticas públicas efetivas, parcerias institucionais e o engajamento da sociedade civil. Proteger os animais é também um dever social e legal, que exige mais do que boa vontade, é preciso ação.
Cotidiano
Do papel às telas: a transição do jornal impresso acreano para o digital

Publicado há
1 mês atrásem
27 de maio de 2025por
Redação
Por Ana Luiza Pedroza, Ádrya Miranda, Daniel de Paula e Wellington Vidal
O jornal impresso, símbolo histórico e cultural no Acre, começa a se despedir lentamente do cotidiano da população. A era digital assume o protagonismo, apostando em novos formatos de levar acesso à informação, no entanto, sem apagar o legado construído pelo impresso na história acreana.
Apesar dos esforços para reinventar o jornalismo local, a transição do impresso para o digital trouxe grandes desafios. No Acre, essa movimentação ocorreu de forma tardia, mas com a contribuição de jornalistas que se desdobram diariamente para acompanhar as mudanças no modo de noticiar, mantendo o compromisso social com a população.
Entre os obstáculos, a pandemia de Covid-19 foi um dos que aceleraram o declínio dos jornais impressos em todo o país, e no Acre não foi diferente. O A Gazeta, um dos veículos mais populares do estado, foi diretamente impactado.

Rotativa, máquina utilizada na impressão dos jornais A Gazeta. Foto: Ádrya Miranda
Fundado em 1985, sob direção de Silvio Martinello e Elson Martins, o jornal se destacou pelo jornalismo investigativo e de cunho social, sendo pioneiro em projetos editoriais gráficos com diagramação no impresso acreano. Foi por meio de suas páginas que os acreanos acompanharam coberturas históricas, como o assassinato do sindicalista Chico Mendes.
Em 1998, tornou-se o primeiro jornal a circular em cores no estado, com até 3.500 exemplares vendidos em dias movimentados, segundo Silvio. Apesar das inovações com o jornal impresso, o veículo enfrentou as adaptações tecnológicas do século 21. O portal online, criado ainda nessa fase, tinha estrutura simples, servindo apenas para replicar, de forma reduzida, as notícias do jornal físico.

À esquerda, Maíra Martinello; ao fundo, Paula Martinello; e à direita, Silvio Martinello. Foto: Arquivo pessoal
A edição impressa teve o seu fim em 2021, após uma expressiva queda nas vendas. Paula Martinello, jornalista do A Gazeta do Acre, relata que a migração definitiva para o digital foi desafiadora e impulsionada pela pandemia. “Foi um processo muito gradativo, porque o trabalho online não é fácil. É muita concorrência, é um outro tipo de público e perfil de consumo da notícia”, comenta.
Para os jornalistas do A Gazeta, hoje, A Gazeta do Acre, o desafio não foi apenas adaptar-se ao ambiente online, mas reinventar a rotina de produção jornalística sem abrir mão da credibilidade construída. Segundo Maíra Martinello, foram necessárias estratégias para garantir a sobrevivência e a relevância no meio digital, que exige mais agilidade, versatilidade e presença em todas as plataformas.
“A gente foi entrando nesse mundo online, digital. Claro que tem pontos positivos, como o custo mais baixo, a praticidade e a democratização do acesso à informação. Mas a era digital exige muito mais do jornalista, que hoje precisa escrever, gravar vídeo, áudio, editar, usar várias ferramentas ao mesmo tempo”, explica.
A transição da notícia do impresso para o ambiente digital, embora tenha sido impactante para todo o campo jornalístico, foi recebida de maneira diferente por cada veículo, conforme suas particularidades. Outro nome importante da imprensa acreana, como o jornal O Rio Branco, também enfrentou esses momentos de transformação.

Portal de notícias oriobranco.net. Foto: Ádrya Miranda
Mendes também reforça a necessidade dos jornalistas manterem seu compromisso social, mesmo diante das mudanças impostas pela era digital. “Se vocês forem jornalistas e pretenderem ser responsáveis, não esperem que a notícia chegue até vocês. Vocês têm que ir atrás da notícia”, conclui.
Essa transformação também é percebida por leitores que acompanharam de perto o auge das edições impressas no Acre. “Porque o jornal é um documento, então ele vai ficar ali para sempre”, comenta o jornalista e leitor assíduo Gleilson Miranda, de 55 anos, ao destacar que o jornal impresso carrega um valor que vai além da notícia do dia, mas também a documentação de histórias.
Segundo ele, com o jornal impresso era possível encontrar experiências afetivas, que marcavam seu momento de leitura.
“O jornal é impresso, tem esse charme, tem essa coisa de você sentar, tomar um café e folhear as páginas, lendo as principais notícias. Isso era muito bom para a época. Hoje você tem essa notícia mais rápida. Notícia que chega muito rápido”, afirmou Gleilson, ao relembrar as sensações que os impressos lhe proporcionaram.
A transição dos jornais impressos para os portais digitais no Acre marca uma mudança profunda no modo de fazer e consumir jornalismo. Conhecer a história da imprensa local, com a contribuição das edições do A Gazeta e O Rio Branco, é essencial para entender o papel que esses veículos tiveram na formação da identidade e da memória do estado.

Edição impressa O Rio Branco. Foto: Arquivo Espaço Cultural Palhukas
Para Narciso Mendes, atual proprietário da TV Rio Branco, o impresso no Acre carrega o legado de muitas figuras marcantes da história local. No entanto, a migração do jornal impresso O Rio Branco para o meio online não teve o mesmo peso como teve para os demais veículos.
Cotidiano
Mulheres jornalistas superam dificuldades e levantam questões importantes para a sociedade

Publicado há
1 ano atrásem
22 de fevereiro de 2024por
Redação
Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) mostrou que em 2021 49% das mulheres jornalistas sofreram ataques de gênero sendo desqualificadas com ofensas e xingamentos. No meio digital, o número sobe para 56,76%. Em uma área historicamente dominada por vozes masculinas, apesar das dificuldades as mulheres estão se destacando cada vez em maior número e trazendo à luz temáticas importantes para a sociedade.
Juliana Lofêgo, professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre, diz que a presença das mulheres está influenciando na cobertura de questões sociais, culturais e políticas. Para Lofêgo, elas têm desempenhado um papel significativo em destacar questões de violência contra mulheres e assédio, garantindo que essas problemáticas não sejam esquecidas ou minimizadas pela mídia. “Com o avanço do movimento feminista e as mudanças sociais, as mulheres jornalistas têm sido influenciadas a trazer à tona essas questões, mesmo que isso não tenha sido comum no início de suas carreiras”, complementa.
Consuela Araújo é jornalista formada pela Ufac e atua na área de assessoria de imprensa, ela relata que como jornalista mulher enfrentou estereótipos de gênero e discriminação ao longo da carreira, principalmente fora do jornalismo. Já no telejornalismo, outro campo onde atuou, diz ter sido bem acolhida por colegas e pela comunidade, entretanto considera que a busca pela igualdade de oportunidades continua sendo uma luta constante. Araújo aconselha as futuras profissionais a buscarem aprimoramento, construir uma rede de contatos sólida e manter a paixão pela verdade e pela narrativa honesta. “Acreditar na importância do jornalismo local é essencial para contribuir significativamente para a sociedade acreana”, afirma.
Servidora concursada do Estado, a jornalista Andreia Nobre relata que um grande desafio que enfrentou na carreira profissional foi quando se tornou mãe, pois teve que conciliar a maternidade e o trabalho. Ela acredita que esse seja um desafio para as mulheres em qualquer carreira e também para as que trabalham no setor privado.
Apesar das contribuições significativas das mulheres para abordar agendas importantes a serem discutidas na sociedade, a desconfiança em relação a sua capacidade profissional ainda é uma realidade. Ana Paula Melo, estudante do terceiro período do curso de Jornalismo, trabalha como estagiária no jornal Cidade Alerta, ela diz que percebeu que há um preconceito dentro da universidade pelo fato de ser uma mulher estudante de Jornalismo.
“Já vi algumas pessoas torcerem a cara num tom de desconfiança quando falo que faço Jornalismo. Alguns já dizem que somos compradas, e, às vezes, por ser mulher, dizem que ao invés de buscar informações, buscamos fofoca. Em rodinha de amigos, embora ainda seja estagiária, já fui questionada se algum político me paga para fazer matéria sobre ele. Será se eu não tenho capacidade para escrever sobre política? São reflexões que sempre me questiono, afinal, ser mulher é ter a sua capacidade sempre questionada”. Ela acredita que o maior desafio é alcançar credibilidade equivalente a dos homens e enfatiza a importância de inserir mais mulheres em posições de liderança nos veículos de comunicação.
Texto produzido pelos acadêmicos Ana Caroline Santiago, Adriely Gurgel, Maria Eduarda Melo, Rian Pablo de Oliveira e Júlia Andrade. A produção faz parte da disciplina Fundamentos do Jornalismo.

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