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Frio agrava vulnerabilidade de pessoas em situação de rua em Rio Branco

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O Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP) é a instituição responsável por receber e distribuir as doações às pessoas em situação de rua e vulnerabilidade

Por Guilherme Limes e Gabriel Freire

Eles possuem a rua como espaço para morar. Embaixo de pontes, nos bancos de praças, em espaços comerciais abandonados, em esquinas de ruas, embaixo de árvores, eles estão por toda parte da capital acreana. Dados da Secretaria de Assistência Social apontam que em 2020 mais de 150 pessoas viviam nas ruas de Rio Branco.

Na tentativa de minimizar o impacto das baixas temperaturas na capital entre essa população, o Ministério Público do Acre  em parceria com o Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial (Natera), Secretaria de Assistência Social de Rio Branco e projetos sociais lançaram a campanha do agasalho “O frio passa, a solidariedade fica” no intuito de angariar roupas, cobertores e agasalhos para doar às pessoas em situação de vulnerabilidade social.

 A iniciativa tem por objetivo garantir a segurança e bem-estar da população em situação de rua e busca oferecer refeições e um lugar temporário para morar para essas pessoas. As doações podem ser realizadas na sede do Ministério Público do Acre, das 8h às 18h, na recepção ou na guarita do prédio e serão entregues ao Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP).

De acordo com a coordenadora do Centro POP, Keilla Carvalho, ainda não há um número exato de pessoas que estão sendo beneficiadas com a ação porque a campanha continua ativa e estão recebendo mais doações.

A situação  expõe uma estrutura social injusta e mostra uma parcela da sociedade invisibilizada. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mais de 220 mil pessoas vivem em situação de rua no Brasil. No Acre, dados do Ministério Público do Estado estimam que 800 pessoas vivem em situação de rua. Os dados tomam como base levantamento do Núcleo de Atendimento Terapêutico Psicossocial em Dependência Química (Natera)

O coordenador do Natera, Fábio Fabrício, explica que desde o ano passado o MP vem atuando com a iniciativa da campanha quando ocorre quedas de temperaturas atípicas no estado.

“Não se trata apenas de uma campanha caritativa, claro que temos a dimensão da solidariedade e colaboração. Mas todas as entregas são realizadas para as políticas públicas. Então toda a campanha surge a partir dessa preocupação do MP.”, explicou.

Desde a semana passada o Natera e o MP vem fazendo o acompanhamento das condições de temperaturas que iriam atingir o estado e afetar a população em situação de vulnerabilidade socioeconômica e de rua. Segundo o coordenador, a campanha é interna e externa para recolher as doações.

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1 Comments

  1. EVANDRO ARAÚJO DE AQUINO

    16 de julho de 2021 no 08:49

    Parabéns ao Prof. Lucas Silva e seus alunos pela iniciativa e trabalho apresentado à sociedade. Esse tipo de iniciativa nos faz acreditar que a Universidade pública pode contribuir muito com a sociedade, basta transformar teoria em ações práticas.

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Uma matéria sobre uma outra matéria

Os acreanos realmente migraram para outros estados em busca de emprego e qualidade de vida? Foto: Odair Leal/Secom

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Por Victor Manoel

A Catraia publicou, em janeiro de 2022, uma matéria sobre “um número significativo de acreanos que estaria migrando para outros estados, em busca de melhores condições de vida”. Caso você já tenha participado de alguma das aulas de Ética do curso de jornalismo na Universidade Federal do Acre, deve ter ouvido falar dela. Essa narrativa, alimentada por relatos pessoais e sem dados precisos, encontrou eco nas aulas da professora Franciele Modesto, revelando desafios da apuração jornalística.

O que chamava a atenção era que “naqueles anos, esse assunto estava em alta. A gente ouvia muito frases como: ‘minha amiga se mudou para outro estado’ ou ‘muita gente está se mudando para outros lugares’”, relata Carolina Torres, a universitária e, agora, assessora de imprensa, que assinou o texto. 

Para Modesto, professora do curso de Bacharelado em Jornalismo, o profissional precisa conferir se as informações procedem e, ao divulgar dados oficiais, se as interpretações são pertinentes. Quando há dúvida, o caminho é consultar outros profissionais que possam auxiliar na discussão e análise do assunto.

Na região Norte, o Acre e Amapá exibiram taxas líquidas negativas de -2,86% e -2,40%, respectivamente. Quando observados os dados da principais UF de residência, as UF do Norte registraram fluxo migratórios significativos direcionado à Região Sul, bem como migração interna na própria macrorregião. O destaque foi para Santa Catariana e Paraná, os principais destinos de emigração de todos os estados do Norte, com exceção do Tocantins. O Acre registrou 23,1% dos seus emigrantes para Rondônia, 13,9% para Santa Catarina e 10,1% para o Amazonas.

Os perigos da desinformação

Segundo o Instituto Locomotiva, cerca de 90% da população brasileira admite ter acreditado em conteúdos falsos reproduzidos em redes sociais. Gisele Almeida, editora-chefe do site AGazeta.net, aponta para alguns “sinais” de que uma matéria pode carecer de apuração: 

“Quando aquele material não tem outras fontes, é o material muitas vezes só com uma fonte ou aquele material que foi só escrito pelo próprio jornal, eu já desconfio, né? Eu fico cadê a fonte oficial, cadê a fonte X a fonte Y?”. 

O caso da migração acreana, segundo Modesto, revela “análises equivocadas de dados que induzem a opinião pública a pensar que não é uma boa decisão morar no Acre porque as condições de vida, de modo geral, são ruins”. Por conta disso, ela apontava criticamente o texto. Apesar do texto ser fruto de um fenômeno social que estava em alta, como afirma a ex-discente do curso que redigiu a matéria.

“A hipótese é que sim, caso não haja políticas públicas eficientes de emprego decentes, segurança, infraestrutura urbana, saneamento básico, atividades de lazer e cultural no estado para que a essa população, em especial a juventude, possa querer permanecer no estado”, disserta o Prof. Dr. José Alves do curso de Geografia da Ufac, sobre se houve ou não um ciclo de migração.

Modesto cita a notícia do “A Catraia” de 2022, que em seu lead afirmava a saída de acreanos por “falta de segurança pública, ausência de emprego e qualidade de vida”, sem apresentar números ou pesquisas que comprovassem a dimensão ou as causas da migração, mas com base na fala de pessoas que fizeram o processo descrito.

É preciso apurar

Em casos extremos, a falta de checagem pode ter impactos devastadores, como a exposição e até a morte de pessoas inocentes, como ocorreu no caso de uma mulher na Cidade do Povo, linchada por conta de uma fake news, mencionado por Almeida, em 2025. A resposta da redação, quando há suspeita de erro, deve ser “imediata”: 

“A gente arquiva aquele material e vai apurar onde está essas informações erradas”. Para Almeida, preza-se pela “veracidade” e pela “ética”.

Carolina Torres, responsável pela matéria inicial do “A Catraia”, admite que a primeira abordagem foi mais focada apenas nos relatos de pessoas próximas, muito se devendo ao tempo apertado que envolve conciliar vida profissional e a próxima avaliação do semestre: 

“Naquele momento, não utilizamos dados, queríamos apenas relatar os motivos que levavam as pessoas a partir”, diz. Ela explica que a pauta surgiu em um contexto pós-pandemia, com demissões, fechamento de empresas e crise no Sistema Único de Saúde, o que reforçava a percepção de que muitas pessoas queriam sair do Acre.

“Uma cidade que não consegue manter bons níveis de saneamento básico, ausência de atividades de lazer para a juventude, programas efetivos de empregabilidade e geração de renda, certamente funciona muito mais como local de expulsão de população do que atração de mão de obra qualificada”. Para o professor Alves, essa realidade pode ser observada nas condições de transporte, trafegabilidade e manutenção das vias públicas, e não se restringe a execução dos governos municipais,  pois os investimentos dependem das parcerias desses com os governos estadual e federal, revela.

Uma outra matéria

Com o tempo, a percepção de Carolina Torres mudou, e sua relação com o tema se aprofundou. “Na primeira matéria, o enfoque era mais no relato; na segunda, trouxemos dados concretos”, afirma.

A segunda matéria, que ela cita, foi publicada pela Agência de Notícias do Acre em 28 de julho de 2025 e foi justamente para “explicar dados do IBGE e desmentindo, a partir de dados, que os acreanos, nos últimos anos, se mudaram em grande quantidade para SC”, declara Torres.

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Outubro Rosa

Mulheres são a maioria das pacientes abandonadas pelo companheiro após diagnóstico de câncer. Foto: Reprodução/Internet

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Paula Amanda e Thaynar Moura

O mundo de uma mulher acreana, de 37 anos, virou de cabeça para baixo ao receber o diagnóstico de câncer de mama, do tipo triplo negativo, em 2023. Nesta reportagem ela será chamada de Ana, e foi um pedido da mesma não ter sua identidade e informações pessoais divulgadas, uma vez que ela teme que o marido vá embora de vez. 

Ana é moradora do município de Feijó, distante 363 quilômetros da capital do Acre. Ela estava casada há quatro anos, mãe de uma menina e vivia bem com o marido, mas o diagnóstico e inicio do tratamento começaram a escancarar e acentuar problemas na relação do casal, que iniciou um ciclo de crises.

“Ele vive terminando e voltando comigo. Fiz a primeira parte da quimioterapia e a cirurgia nesse vai e volta. Não tenho forças para ficar totalmente sozinha nesse momento, mas também não consigo colocar um ponto final, para não maltratar”, conta Ana.

Ela está entre as 70% das pacientes oncológicas que lidam com o abandono do parceiro, neste momento, segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia. No Acre, 135 novos casos foram registrados, sendo que 35% destes foram entre mulheres de 50 a 69 anos e um caso em um homem, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Em 2022, a produção de mamografias no Sistema Único de Saúde (SUS) no estado incluiu cinco mil exames de rastreamento e 836 exames diagnósticos, conforme os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Ano passado, o câncer voltou em Ana, do mesmo lado e agora ela repete a quimioterapia, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e se prepara para realizar um procedimento cirúrgico denominado “esvaziamento de axila”, uma vez que segunda ela, desta vez a doença voltou com metástase. 

“São dias muitos difíceis, a gente não tem nem força pra lutar direito”, revela a paciente. 

Na contramão desse dado triste em que Ana se enquadra, vive a enfermeira e diretora de gerenciamento de Unidades Próprias, Celene Prado. Ela foi diagnosticada com câncer de mama, em setembro de 2024, aos 60 anos. Casada há 39 anos com o servidor público federal Epaminondas Maia, ela conta que o apoio do marido, das filhas e da família foram fundamentais para o bom andamento do seu tratamento. 

“Enfrentar e tratar um câncer é um sofrimento muito grande, só sabe quem passa. Eu mesmo sendo uma profissional da área da saúde não imaginava que fosse tão difícil, cansativo e desafiador. Contei com bons profissionais, acesso a bons tratamentos, o apoio, o amor e a ajuda, do meu marido, minhas filhas, netas, sobrinhas, irmãs, enfim, amigos e família”, disse.

Mês de outubro é dedicado à campanha de prevenção do câncer de mama. Foto: Danna Anute/Secom

Uma pesquisa publicada no Journal of the Psychological, Social and Behavioral Dimensions of Cancer, mostrou que mulheres que contaram com o apoio do parceiro, filhos ou outros membros da família sofreram menos com ansiedade e depressão durante o tratamento do câncer de mama. 

A médica oncologista, Dra Lyvia Bessa, responsável pelo Centro de Prevenção, Tratamento e Pesquisa do Câncer do Acre, explica que o apoio das famílias, e no caso das mulheres, o apoio de seu companheiro é fundamental para o sucesso do tratamento. “A família, o companheiro é como um pilar que funciona ajudando o paciente a vencer os diversos desafios do tratamento, físicos e emocionais. Esse apoio ajuda a reduzir o estresse, a ansiedade e melhora a adesão ao tratamento”, relata.

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Malabarismo entre estudo e trabalho

A rotina dos jornalistas em formação que buscam qualidade nas produções e lidam com a sobrecarga das demandas. Foto: Reprodução/Internet

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Por Fernanda Maia, Gabriel Vitorino e Jhenyfer Souza

O cotidiano dos estudantes de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac) é marcado por uma realidade presente não só no estado do Acre, mas em todo o cenário nacional: a necessidade de conciliar formação acadêmica e experiência prática em um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo. 

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais  (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego, aproximadamente 35% dos estudantes de Comunicação Social, das áreas de Publicidade ou Jornalismo, já realizam estágios e possuem vínculos empregatícios formais antes de se formar, seja com carteira de trabalho ou como pessoa jurídica.

A formação acadêmica em Jornalismo oferece os fundamentos teóricos e o pensamento crítico necessário para o exercício da profissão. Enquanto nas salas de aula, os estudantes compreendem o papel social da imprensa e aprendem sobre apuração, redação jornalística e ética profissional de forma predominantemente teórica, no mercado de trabalho eles têm que lidar diretamente com a prática da profissão. 

Os estágios ou empregos, que possuem regras fixas e impõem prazos curtos para entrega de matérias e demandas, permitem que os futuros jornalistas entendam as demandas do trabalho e tenham noção da realidade da profissão em que estão inseridos. Segundo uma pesquisa do Perfil do Jornalista Brasileiro (Fenaj, 2021), 62% dos profissionais afirmam que o estágio foi decisivo e essencial para suas formações como profissionais.

Para muitos, essa rotina dividida entre aulas, trabalhos acadêmicos, estágios e empregos é enriquecedora, constrói boas experiências e aprendizados, mas também é vista como um desafio. Algumas vezes esse acúmulo acaba testando limites físicos e emocionais durante os quatros anos da faculdade. 

No Acre, onde a imprensa é concentrada em poucos veículos midiáticos, estudantes de Comunicação destacam que a desvalorização da profissão, a pressão por qualificação, exigência de serem multitarefas e a concorrência com influenciadores digitais são vistos como alguns dos obstáculos enfrentados no cotidiano de quem busca estudar e construir uma carreira no jornalismo local.

Em entrevista, Ludymila Maia, 22 anos, assessora de comunicação da OCA, destacou a importância desse trabalho duplo, mas também as dificuldades encontradas: “Conciliar o trabalho e os estudos é de fato uma dificuldade, porque em certos momentos a gente acaba tendo que priorizar um e deixando o outro em segundo plano”.

Ela explica que algumas demandas fogem dos horários agendados e acabam tomando um tempo de foco nos estudos ou em sala de aula. “Sempre deixei a faculdade como primeiro plano, mas teve momentos que eu tive que trazer essa prioridade para o trabalho, por diversas questões”, disse.

Ela destacou que o conhecimento adquirido na universidade e a experiência prática do mercado de trabalho são enriquecedores, mas que existe uma falta de sincronia entre os dois muitas vezes, devido à dificuldade de realizar algumas das questões práticas nas salas de aula. 

“Eu sinto que a gente ainda está um pouco defasado em questões práticas dentro da universidade e essas partes práticas eu só fui aprender mesmo quando eu cheguei a trabalhar profissionalmente dentro de uma redação, dentro de uma assessoria.” No entanto, apesar das dificuldades encontradas em sua rotina, Maia afirma que em nenhum momento pensou em desistir do curso.

“Nunca cogitei trancar ou desistir, mesmo com esses momentos de dificuldade. Eu acho que o jornalismo deve ser levado muito a sério, e a questão acadêmica é essencial para a nossa construção profissional”, relatou Maia.

Sobrecarga

Para jornalistas que conciliam o estudo com o seu trabalho, as multitarefas, e o acúmulo de funções, junto com a cobrança de prazos curtos, uma das dificuldades apontadas é a a sobrecarga. 

Isabelle Magalhães, 20 anos, estagiária no site A Gazeta do Acre, contou que possui tempo para os estudos, mas que já se sentiu sobrecarregada ao perceber a intensidade do trabalho jornalístico. Mas sua paixão pelo curso a manteve na formação acadêmica, mesmo percebendo a contradição entre jornadas exaustivas e certa desvalorização da profissão.

“Acredito que todo estudante, em algum momento da vida acadêmica, já pensou em trancar o curso e comigo não foi diferente. Já considerei essa possibilidade, tanto pela sobrecarga quanto pela percepção de como o trabalho do jornalista é intenso e, muitas vezes, pouco valorizado. Isso pode ser bastante desmotivador”, comentou.

Enquanto na universidade os prazos permitem que apurações e textos sejam feitos com mais calma e dedicação, nas redações jornalísticas a pressão por entregar demandas em prazos curtos está presente na rotina. Profissionalmente este é um fator determinante e apurações precisam ser feitas rapidamente, mas com boa qualidade, o que muitas vezes causa insegurança nos iniciantes. 

Isabelle Magalhães percebe essa diferença entre a faculdade e o mercado de trabalho: “A rotina dentro da redação, muitas vezes, não permite que eu desenvolva uma matéria com o mesmo nível de aprofundamento e elaboração que um trabalho da faculdade exige”, disse.

Gisele Almeida, de 25 anos, é editora-chefe do site Agazeta.net, formada em Jornalismo pela Ufac e hoje mestranda em Letras,  e vive uma rotina ainda mais intensa. Ela realiza plantões, faz coberturas de última hora para seu trabalho e precisa conciliar essas funções com suas leituras de mestrado. Ela admite que também já pensou em desistir dos estudos por conta do trabalho mas, apesar das dificuldades, ela ressalta que esse tipo de conhecimento a enriquece profissionalmente.

“Eu falei para o meu orientador: Eu vou desistir, talvez eu nem seja para isso, talvez o mestrado nem é algo para mim”, por constatar o quanto é difícil, mas afirma que vai persistir até o final. “Quando eu coloquei isso na minha cabeça. de terminar, acho que isso me deu mais força. O programa é muito bom, tem excelentes professores, são conteúdos riquíssimos, então, é uma coisa que tá valendo muita pena para mim como pessoa e como profissional”, desabafou.

Amor pela profissão

A desregulamentação da profissão, o avanço de influenciadores nas mídias e o excesso de fake news são temas que impactam diretamente a rotina desses profissionais e preocupam tanto os estudantes quanto os jornalistas que já exercem a sua profissão. Algumas funções antes exercidas por jornalistas acabam sendo saturadas por pessoas que não tem compromisso e responsabilidade com conteúdos que produzem e profissionais da área ficam desvalorizados.

Com esperança de que a área da Comunicação continue se expandindo, Maia  também se preocupa com a manutenção da boa qualidade oferecida. “A gente vê hoje em dia que todo mundo acha que se pegou um celular e uma lapela na mão, automaticamente você se torna jornalista ou comunicador. E pra mim não é assim que funciona”, criticou.

A estudante-assessora defende a volta da obrigatoriedade do diploma para ser jornalista, pois para ela a formação garante a qualidade das apurações e a responsabilidade ética ao publicar informações. 

“Eu acho que jornalistas e comunicadores devem partir de dentro da academia, de dentro de faculdades de jornalismo, de propaganda e publicidade. Isso é muito importante. Não é à toa que hoje em dia não existe a obrigatoriedade do diploma pra você ser considerado jornalista e eu acho que isso é praticamente um crime pra nossa área”, comentou.

Assim como ela, Gisele Almeida compartilha do mesmo pensamento, e acredita que jornalistas merecem mais reconhecimento, inclusive financeiro, levando em consideração as  sobrecargas que tem no trabalho. 

“O que eu espero da profissão é a obrigatoriedade do diploma, pois eu acho que jornalista tem que ter diploma e ponto, para mim isso é extremamente importante. E que a gente seja mais valorizado financeiramente, o nosso salário é muito ruim, péssimo. E também que a gente não tenha tanta sobrecarga de trabalho. O jornalista acaba trabalhando em feriados, acaba trabalhando no sábado e domingo”, disse.

Apesar das críticas às dificuldades em conciliar o mercado de trabalho com os estudos acadêmicos na rotina dos jornalistas, as estudantes reconhecem a importância da Ufac em suas formações, e valorizam o aprendizado recebido por meio de aulas, estágios e trabalhos acadêmicos. 

“A vontade de saber, aprender e conhecer é essencial para um jornalista, especialmente no mercado de trabalho. Sempre fui uma pessoa muito curiosa, e o curso de jornalismo intensificou ainda mais esse lado em mim”, afirmou Isabelle Magalhães, que recomenda humildade para aprender.

Independente da rotina, que muitas vezes pode ser difícil, os estudantes acreditam que o jornalismo ainda tem o poder de transformar a sociedade, já que, por trás das dificuldades da profissão, eles também conseguem fazer a diferença ao informar a sociedade. 

“Dentro do jornalismo eu percebi uma grande paixão que eu tenho por contar histórias, por ouvir histórias, por de alguma forma ajudar um cidadão, a população que tá precisando de uma informação.E que essa informação chegue com qualidade, de uma forma simples para que todos entendam, sem grandes burocracias”, comentou Maia.

Conciliar as exigências acadêmicas e as demandas do mercado de trabalho pode muitas vezes ser desafiador, principalmente quando se trabalha com prazos curtos para a entrega de matérias, dificuldade de contatar fontes, equipes pequenas. E mantendo a responsabilidade ética e a apuração aprofundada. No entanto, toda experiência é importante e faz parte do desenvolvimento profissional do jornalista.

“Eu sou muito realista, porque não é uma profissão fácil, mas eu sempre falo, é uma profissão apaixonante, é uma profissão que você tem que ter paixão para fazer. E graças a Deus eu sou muito apaixonada pelo meu trabalho e pela pela área que eu escolhi, mas tendo consciência”, finaliza Almeida.

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