Siga a Catraia

Cultura

FestCine Mulher amplia participação feminina no audiovisual acreano

Publicado há

em

Cerimônia de encerramento do 3º FestCine Mulher – Foto: Marcio Levi

Por Ediogley Levi, Ingrid Moura, Márcio Levi, Pamela Lunayra e Suene Almeida

Dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) apontam que somente 22% das produções audiovisuais contam com mulheres na direção, enquanto as produções comandadas por homens somam 75%. Os números integram o relatório mais recente apresentado pela Ancine sobre a presença feminina no audiovisual brasileiro

A presença feminina na produção audiovisual brasileira tem como precursoras nomes como os de Cléo de Verberena (1904-1972), Gilda de Abreu (1904-1979) e Carmen Santos (1904-1952). De acordo com dados apresentados no site Mulheres do Cinema Brasileiro, os primeiros trabalhos realizados na área por mulheres na América Latina ocorreram em 1910. 

Em outubro de 2022, durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, representantes de produtoras assinaram uma carta se comprometendo em ampliar a participação feminina no setor audiovisual. O compromisso incluiu um diagnóstico sobre gênero e raça em áreas-chave e nas produções, que vão desde o roteiro, direção, produção, até os cargos técnicos. Porém, é importante ressaltar que a presença feminina nas produções audiovisuais tem sido notória e marcante ao longo dos anos, antes mesmo do compromisso assinado na Mostra Internacional, no ano passado.

No Acre, esse crescimento também é visível. Exemplo disso foi uma maior participação das mulheres na 3ª edição do FestCine Mulher, que aconteceu entre os dias 03 e 05 de julho. O evento, que foi realizado no teatro Hélio de Melo, superou as expectativas de trabalhos inscritos.

Um levantamento da Associação Acreana de Cinema (Asacine) revela que enquanto em 2021 o festival recebeu 15 produções audiovisuais assinadas por elas, este ano a ação contabilizou 45 projetos, um número três vezes maior do que na primeira edição.

Organizado pela Asacine, que também é pioneira na realização de ações audiovisuais, o FestCine Mulher 2023 contou com financiamento do Fundo Municipal de Cultura, sendo coordenado pelos cineastas Enilson Amorim e Adalberto Queiroz. O evento trouxe como temática central “O cinema da mulher é onde ela quiser”. 

“O FestCine tem essa filosofia que é de trazer a mulher para o protagonismo das suas ações. E a cada ano, a participação e o trabalho dessas mulheres têm crescido”, pontua Enilson Amorim.

A cineasta Nonata Queiroz, que sempre participa dos eventos audiovisuais como produtora, nesta edição colaborou diretamente na organização do evento. Ela aponta que o festival vem crescendo tanto na quantidade de produções, como na qualidade das obras. 

“Esse ano optei por ficar diretamente na organização. Tivemos gratas surpresas. Foi uma edição em que as produções deram uma qualidade muito grande. Fico muito feliz em ver o crescimento do segmento entre as mulheres. O festival é isso, é ser mais uma porta para nossas cineastas do Acre”, destaca Nonata Queiroz. 

Ouça mais sobre o histórico do FestCine Mulher com o presidente da Associação Acreana de Cinema, Enilson Amorim:

Pessoas em pé ao lado de uma pessoa

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Escritora e produtora do documentário “Mulheres lavadeiras”, Kelen Gleysse – Foto: Marcio Levi

Kelen Gleysse, que é escritora e assinou a produção do documentário “Mulheres Lavadeiras”, contou que sua participação em edições anteriores despertou seu interesse pelo cinema. “Durante esse processo fui me interessando cada vez mais pelo audiovisual e tentando me aprimorar, me desenvolver enquanto fazedora de cultura. É importante para quem quer seguir carreira no audiovisual ter um incentivo e o festival auxilia nisso”.

A cineasta Fátima Cordeiro apresentou o documentário “Set Terapêutico”. Ela conta que as atividades desenvolvidas durante o festival auxiliaram na qualificação dos trabalhos produzidos. “A cada dia, a cada ano, os trabalhos estão melhorando em relação à qualidade das produtoras. Isso se deve ao fato de oportunidades que nos incentivam a amadurecer as nossas ideias e roteiros”.

Estreante no segmento, a jovem Marcelandia Nogueira, exibiu um documentário sobre a vida profissional da jornalista e poeta Nilda Dantas, que também é referência no meio cultural acreano, fazendo parte da Academia Acreana de Letras.

“Me senti encorajada em produzir um documentário sobre a Nilda Dantas quando soube que era um festival somente para as mulheres. Isso não significa que não possamos participar de festivais abertos a todos. Mas para pessoas que estão iniciando, assim como eu, me fez sentir mais segura e confiante, além de adquirir conhecimento e experiências com as oficinas e com a convivência com outras mulheres produtoras”, comenta Marcelandia Nogueira.

Pessoas em uma sala

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Cineasta estreante no 3º FestCine Mulher, Marcelandia Nogueira, durante entrevista – Foto: Marcio Levi

Homenagens

Além das exibições dos curtas-metragens, o festival homenageou dois importantes nomes do jornalismo e cinema acreano, Wânia Pinheiro, com mais de 30 anos de carreira profissional, e Mazé Óliver, primeira mulher a presidir a Associação Acreana de Cinema.

Homem em pé ao lado de mulher

Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

Jornalista Silvania Pinheiro recebeu a homenagem em nome de sua irmã Wânaia Pinheiro das mãos do presidente da Asacine, Enilson Amorim – Foto: Marcio Levi

Wânia Pinheiro, iniciou sua carreira como jornalista ainda muito jovem no jornal O Rio Branco, escrevendo sobre cultura e outros temas. Anos depois se tornou uma das pioneiras no jornalismo online do Acre com site Contilnet. A profissional, por motivo de trabalho, não esteve presente para receber a homenagem, sendo representada por sua irmã, a também jornalista Silvania Pinheiro.

Mazé Óliver, que também é escritora e imortal da Academia Acreana de Letras, se emocionou ao falar do reconhecimento que recebeu. “Fico feliz pelo reconhecimento em relação a minha contribuição para o cinema do Acre e por saber que a cada dia nota-se a chegada de mais e mais de mulheres com interesse na arte. O festival é mais uma ferramenta para essas produtoras”.

Homem de terno e gravata segurando uma placa

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Mazé Oliver recebeu a homenagem das mãos do presidente de honra da Asacine, Adalberto Queiroz – Foto: Marcio Levi

Redação

Cultura

25 anos de histórias nas margens do rio Acre

Ser catraieiro, para Antônio Viana, é mais que uma profissão, é herança. Foto: Autores

Publicado há

em

por

Por Raquel de Paula, Elis Caetano e Tales Gabriel

Entre o vai e vem das águas do rio Acre, Antônio Viana encontrou na catraia mais que um sustento: encontrou um novo rumo para a vida. Há 25 anos, depois de perder o comércio, ver portas se fecharem e a tristeza quase vencer, foi no balanço das águas, com o remo nas mãos e a tradição da família no coração, que ele se reergueu. Hoje, mesmo com pontes, carros e aplicativos de transporte ocupando o espaço de antes, Antônio segue firme: “Eu amo o que faço. É honesto, é tradição. Não tenho vergonha de dizer para ninguém que sou catraieiro.”

O ano era 2000 quando a vida de Antônio parecia encalhada. O comércio que sustentava a família havia quebrado, as dívidas se acumulavam e a situação quase o empurrou para a depressão. Foi então que um amigo lhe estendeu a mão e o convidou para trabalhar como catraieiro. O serviço era duro, das cinco da manhã às seis da tarde, por apenas oito reais ao dia. Às vezes o pagamento atrasava, outras vezes nem vinha. Mas a vida, aos poucos, voltou a se movimentar. “Eu passei um tempo difícil, quase peguei depressão. Mas foi aqui, na catraia, que eu achei um rumo de novo. Peguei gosto pelo trabalho e nunca mais larguei”, conta.

Ser catraieiro, para Antônio, é mais que uma profissão, é herança. Seu tio e até parentes distantes que foram figuras históricas da família, como o poeta e pintor Hélio Melo, também viveram do remo. A catraia foi, durante décadas, o elo que ligava margens, pessoas, mercadorias e sonhos. Antes das pontes, era nas pequenas embarcações que a cidade respirava os famosos portos. “Antigamente o porto era cheio de movimento, vinha peixe, banana, melancia, jerimum. Os ribeirinhos desciam com os batelões cheios. Hoje, o que a gente vê são só umas duas, três canoas”, afirma.

Foto: Autores

As pontes chegaram, os carros e as motos tomaram espaço, os aplicativos de transporte mudaram a rotina da cidade e a catraia perdeu seu público. O que antes era a principal forma de atravessar o Acre hoje é quase peça de museu, viva apenas nas margens onde o tempo ainda passa mais devagar. “Tem gente que diz que prefere pagar um Uber do que pagar três reais para atravessar. Mas aqui, se você chegar sem um centavo, eu levo do mesmo jeito. Quero ver se o Uber faz isso”, diz Antônio, com o orgulho de quem sabe o valor que seu trabalho carrega, mesmo quando a sociedade parece esquecer.

Mesmo com os dias de baixa, com o corpo já cansado e a saúde exigindo cuidados, Antônio insiste em permanecer. Para ele, não é apenas sobre ganhar dinheiro, é sobre significado, sobre amor àquilo que construiu sua história. “Tem gente que tem vergonha do que faz. Eu, não. Eu digo com orgulho: sou catraieiro. Tudo o que eu tenho, construí aqui, com o remo na mão e a cabeça erguida.”

Foto: Autores

Ao olhar o rio, Antônio vê um tempo que já não existe, mas que insiste em permanecer, mesmo que só na memória de quem viveu. Vê as corridas de catraieiros no 7 de setembro, os passageiros leais, a amizade que atravessa as margens junto com as embarcações. Vê também o risco de tudo isso desaparecer, engolido pelo silêncio e pela pressa de uma cidade que olha pouco para o próprio passado.

“A catraia é tradição. Podem fazer dez, cem pontes aqui, que ainda vai ter gente atravessando com a gente. O pessoal gosta, mesmo os poucos que restaram. E enquanto Deus me der força, eu continuo aqui.”

Foto: Autores

O remo corta a água devagar, levando mais um passageiro ao outro lado. Para quem olha de fora, pode parecer só uma travessia, para Antônio, é a reafirmação de uma vida inteira dedicada ao rio, ao trabalho honesto, à história de um Acre que começou sobre as águas e que, apesar de tudo, ainda respira nelas.

Redação

Continue lendo

Cultura

Música e identidade: jovens acreanos se constroem através dos ritmos

Do forró e reggae de fronteira ao trap, funk e MPB, a juventude do Acre encontra na música uma forma de expressão, pertencimento e resistência. Foto: cedida

Publicado há

em

por

Por Ana Paula Melo e Pedro Amorim

A música que escolhemos ouvir não é apenas uma questão de gosto. Ela carrega nossas histórias, desejos, pertencimentos e até nossas contradições. No Acre, a juventude tem construído sua identidade a partir de uma combinação singular de ritmos, que vão desde gêneros tradicionais até influências contemporâneas e internacionais.

Os jovens acreanos transitam entre o forró, o brega romântico e o sertanejo universitário,  estilos que, historicamente, marcaram a cena local, e novos gêneros como o funk, o trap e até o K-pop refletem tanto suas raízes regionais quanto suas conexões com fenômenos culturais globais.

Outro estilo marcante é o chamado “reggae de fronteira”, típico das regiões próximas ao Peru e à Bolívia. Embora menos visível nos meios digitais, esse gênero ainda ressoa em festas e encontros culturais, compondo a memória afetiva de muitos jovens. Essa convivência entre o tradicional e o moderno mostra como a identidade musical juvenil no Acre é múltipla, viva e em constante transformação.

A música, nesse contexto, se transforma em ferramenta de expressão pessoal e coletiva, reafirmando a identidade desses jovens em múltiplos espaços, do bairro às plataformas globais. Paula Amanda, jornalista, cantora e já jurada de festivais de música em Rio Branco, destaca que espaços como o Mercado Velho, a Expoacre e os festivais locais ainda têm papel fundamental na formação cultural.

“A gente percebe a predominância dos jovens nesses espaços. É um lugar que influencia, sim, na identidade, porque eles estão tendo acesso de ouvir aquele repertório, ouvir aquele estilo musical e de conhecer outras pessoas que também consomem aquele estilo. Isso é de grande importância dentro dessa construção de identidade, porque eles têm alguém para se espelhar, para ter como referência”, afirma Paula Amanda.

Paula Amanda é jornalista e cantora. Foto: cedida

Ela reforça ainda que cada geração encontra na música um reflexo do seu tempo. “A geração antes de nós tinha um gênero musical que gostava e hoje os adolescentes também têm um estilo, uma identidade, um jeito de se vestir e algo para ouvir. Cada geração tem seu espaço no mundo para consumir o que gosta.”

A forma como essa música é consumida também revela muito sobre os hábitos e dinâmicas culturais dessa juventude. Segundo dados da pesquisa Cultura nas Capitais, realizada pela JLeiva Cultura & Esporte com 600 pessoas em Rio Branco entre 19 de fevereiro e 17 de maio de 2025, o celular é hoje o principal meio de acesso à música, sendo utilizado por 85% dos entrevistados. Em seguida, aparecem o som portátil (75%), o carro (41%), o rádio (33%), o computador (27%), o CD ou DVD (16%) e, ainda, o vinil (3%).

Além dos dispositivos, o uso de plataformas digitais é expressivo: 68% escutam música pelo YouTube, 44% usam o Spotify e 34% recorrem ao TikTok. Esses dados indicam que os jovens não apenas ouvem música, mas a consomem de maneira interativa. Eles compartilham faixas, criam conteúdos, remixam sons e participam ativamente das tendências que surgem nas redes sociais.

Plataformas digitais e novos sons

Abigail Sunamita, cantora, jornalista e assessora de comunicação, explica que os aplicativos mudaram completamente o acesso. “Antigamente, pra você ouvir uma música, era pela rádio, CD ou fita. Hoje, com um simples clique no Spotify ou no YouTube, a pessoa consegue acessar aquela música, colocar na playlist e o mundo inteiro pode ouvir. Isso é de grande importância porque os jovens têm o celular na mão e o acesso é imediato”, explica.

Abigail fala sobre suas experiências na música. Foto: cedida

Sobre os estilos em alta, Sunamita destaca a influência das trends digitais. “Os jovens acreanos estão sendo muito bombardeados pelas trends do TikTok. Essas músicas do auge, de gêneros diversos, muitas vezes resgatadas de tempos antigos, acabam voltando. Mas um gênero que eu percebo muito intenso na vida dos jovens é o funk, o trap e até a MPB, que tem tido um resgate muito forte”, comenta.

Rap como resistência e pertencimento

Além do entretenimento, a música também é ferramenta de resistência e de voz para os jovens, especialmente nas periferias. Kaemizê, rapper e beatmaker de Rio Branco, conta que começou ainda na escola. “A música entrou na minha vida por volta de 2014, quando ouvi ‘Linhas Tortas’, do Gabriel, o Pensador. A partir dali, senti que podia fazer rap. Foi uma grande inspiração”, explica o rapper.

Para ele, o rap cumpre uma função social importante. “Através da música eu li meu primeiro livro. O rap me trouxe essa responsabilidade de cantar algo que eu vivia, mas de forma consciente para quem está ouvindo. Isso me faz refletir até hoje sobre a mensagem que passo”, relata.

Kaemizê reforça papel social do hip-hop. Foto: cedida

O rapper também lembra que o estilo musical influencia diretamente no comportamento e na moda. “Hoje a moda streetwear faz parte da identidade do hip hop. Quando você vai numa escola fazer apresentação e o moleque te vê com uma calça larga, um tênis, isso impacta na vida de quem vê”, conclui Kaemizê.

Música Huni Kuin: ancestralidade e resistência na juventude indígena

Para os jovens indígenas do Acre, como Yubé-Warderson Rodrigues Domingos Kaxinawá, estudante de música da Universidade Federal do Acre (Ufac) e membro do povo Huni Kuin, a música é mais do que arte: é uma ponte para a ancestralidade, um espaço de resistência e uma ferramenta para ocupar espaços na sociedade. 

Ele explica como a música indígena, especialmente a Huni Kuin, contribui para a construção da identidade dos jovens e dialoga com outros estilos musicais sem perder sua essência. “A música Huni Kuin ajuda a gente a ser reconhecido, respeitado e a ocupar espaços na arte e na música”, afirma Yubé-Warderson. 

Ele destaca que os 17 povos indígenas do Acre possuem tradições musicais diversas, cada uma com sua força cultural. “Não é só o Huni Kuin. Temos referências como o Mapu, que está na mídia, gravando com artistas famosos e participando de novelas, mas há outros povos e artistas que também fortalecem nossa identidade através da música”, comenta.

Yubé-Warderson destaca importância da música para os jovens. Foto: cedida

Para ele, a música indígena carrega uma espiritualidade única, conectada aos antepassados e à floresta. “Nossas músicas falam dos elementos da natureza, pedem cura, força e paz. Não é como outras músicas que falam, por exemplo, da beleza de uma pessoa. É algo sagrado, com uma história e uma ancestralidade por trás”, destaca.

Como estudante de música na Ufac, Yubé-Warderson reflete sobre o aprendizado formal e a riqueza da música indígena. “Na universidade, aprendemos sobre ritmo, melodia, o que é considerado música no contexto ocidental. Mas, para nós, a música indígena é diferente. Ela está nos rituais, nas dietas, nos batismos, nos cantos dos anciãos e especialistas das aldeias. Nossa inspiração vem dos mais velhos, da nossa origem, não apenas de quem está na mídia”, enfatiza o estudante.

Sobre a integração da música indígena com outros estilos, ele acredita que a adaptação é natural e não compromete a força cultural. “No mundo atual, tudo se transforma, até a música indígena. Podemos usar instrumentos ocidentais, mas a essência permanece. As letras continuam espirituais. É uma criatividade que fortalece nossa resistência, porque mostramos quem somos em novos espaços, sem perder nossa história”, esclarecer.

Yubé-Warderson também destaca a importância de valorizar os artistas que vivem nas aldeias, muitas vezes invisibilizados pela mídia. “Nossa maior inspiração vem dos anciãos, dos nossos pais e tios, que cantam nas comunidades. Eles são a base da nossa música, mesmo que não apareçam na mídia. É de lá, do nosso território, que tiramos força para levar nossa cultura adiante”, destaca.

Desafios da cena musical acreana

Spartakus MC, rapper, historiador e membro do Centro Acreano de Hip-Hop, complementa a análise ao falar sobre os obstáculos de produzir música no Acre.

“A primeira dificuldade sempre foi a falta de acesso à tecnologia: estúdios, softwares, computadores. Isso era surreal há 15 ou 20 anos. Hoje melhorou, mas os equipamentos de qualidade ainda são muito caros. A gente consegue fazer muito com muito pouco”, alega o historiador.

Ele também aponta a carência de incentivo público. “Os apoios vêm por meio de editais, e nem todos conseguem chegar. O poder público incentiva pouco, e até o próprio público consome pouco o que é local”, conclui. Para ele, muitas vezes o que vem de fora é mais valorizado. E, com isso, nem todos reconhecem o valor e a qualidade da música e dos grupos locais que acompanham gerações de acreanos.

Redação

Continue lendo

Cultura

Rabada do Toinho: 35 anos de história

Ao manter viva a culinária típica do Acre, cozinheiro conquista turistas e moradores com sua famosa rabada no tucupi.

Publicado há

em

por

Por Felipe Salgado e Leticia Vale

Ao manter viva a culinária típica do Acre, cozinheiro conquista turistas e moradores com sua famosa rabada no tucupi.

No Mercado do Bosque, um prato típico do Acre ganhou status de tradição: a rabada. Preparada há mais de três décadas por Antônio Felinto Alves,, eleviu seu nome atrelado à rabada, além de ser também o Toinho do Tacacá.

A iguaria se tornou referência gastronômica para acreanos e turistas.
Seu Antônio iniciou sua trajetória aprendendo com Dora, uma cozinheira tradicional também muito conhecida pelos acreanos. Com o tempo, decidiu seguir carreira solo e consolidar seu próprio negócio. Hoje, acumula 35 anos de experiência e 18 certificados na área gastronômica.

“Quanto mais a gente se aprofunda nos temperos, no jeito de preparar, melhor fica. O segredo da rabada perfeita é cozinhar com carinho e amor, não apenas vender por vender”, afirma.
Mesmo com décadas de tradição, Toinho também se adaptou às modernidades. O iFood tornou-se parte fundamental do negócio. “Nos tempos de friagem, chegamos a 90 ou 100 pedidos por dia. Nosso ponto forte é no aplicativo”, explica.

A fama atravessa fronteiras. Segundo ele, os turistas que chegam ao Acre procuram diretamente por seus pratos. “O pessoal, quando vem aqui, me fala que vai levar rabada para Brasília, Goiânia, Santa Catarina. Nosso sabor viaja junto com eles”, relata com orgulho.

Para o comerciante, o segredo do sucesso é manter a fé e a dedicação:“Quando o pessoal diz que está ruim, eu não concordo. Se você tem saúde e acorda enxergando, já é motivo para agradecer a Deus. O resto a gente corre atrás.”

Redação

Continue lendo

Mais Lidas