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Cultura

Orgulho, amor e preconceito

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Netflix traz catálogo com filmes e séries dublados com conteúdos e temática LGBTQIA+ neste mês de junho

Por Guilherme Limes

No mesmo mês que celebra a pluralidade do amor, também se comemoram as conquistas por políticas públicas de equidade e igualdade para a comunidade LGBTQIA+ que diariamente enfrenta o preconceito e a discriminação social.

O Brasil é considerado o país que mais mata homossexuais, transexuais e travestis no mundo. Graças a luta de inúmeras pessoas as temáticas que se voltam à comunidade estão começando a ganhar força e visibilidade.

Dia 28 de junho é quando se celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A data foi escolhida devido ao movimento da Rebelião de Stonewall que aconteceu nos Estados Unidos, em 1969. Esta manifestação promoveu outros movimentos pelo mundo pela luta contra a discriminação e igualdade. E comemorar a data é símbolo de luta e esperança para a resistência de muitos LGBTs que ainda são vítimas do conservadorismo moral e social.

A arte cinematográfica continua sendo um dos meios para se levar conhecimento e democratização às pessoas, e com estas discussões começando a ganhar mais impulso nos últimos anos as produções de filmes e séries tem se tornado mais inclusas trazendo personagens LGBTs até mesmo como protagonistas.

A seguir listamos uma variedade de filmes que tratam sobre os conflitos vivenciados por personagens que representam tão fielmente a realidade de tantas pessoas.

Orações para Bobby: Para quem busca entender os conflitos de vivenciar a sexualidade em um ambiente conservador, este filme é o ideal. Ele conta a história de Mary Griffith (Sigourney Weaver) que é uma devota cristã que criou seus filhos com os ensinamentos conservadores. Bobby (Ryan Kelley), um dos seus filhos, confidencia ao irmão mais velho que talvez seja gay, o que muda a vida da família inteira quando sua mãe descobre. A família lentamente entra em acordo com a sexualidade do garoto, menos Mary que acredita que Deus iria curar o filho. Para viver em harmonia, ele faz tudo que a mãe o pede, mas fica cada vez mais depressivo e então decide abandonar a família.

Com amor, Simon: Já este conta a história de um jovem de 17 anos, Simon Spier (Nick Robinson) que aparentemente leva uma vida comum para os amigos e família, mas sofre por esconder sua sexualidade de todos. E tudo fica mais tenso quando ele se apaixona por um dos colegas de escola, anônimo, com quem troca mensagens diariamente pela internet.

Alice Junior:  Produção nacional, o filme conta a história de Alice Júnior, uma adolescente trans que espera ansiosamente pelo seu sonhado e especial primeiro beijo. Sua vida muda completamente quando seu pai é transferido e começa a trabalhar em uma pequena cidade de interior onde Alice começa a lidar com preconceito e muitos desafios.

Almas Gêmeas: Para os amantes de suspense… Este filme conta a história de Pauline e Juliet que iniciam uma amizade que logo se torna tão íntima quanto obsessiva. Quando seus pais manifestam a intenção de separar as duas, elas se unem para bolar um macabro plano de vingança, que envolve assassinato a sangue frio. Um suspense perturbador, por mais que no primeiro momento elas pareçam adoráveis juntas.

Nenhuma Noite É Longa O Bastante: Tim Cornish é estudante universitário e é acostumado a seduzir qualquer pessoa que ele deseja, independente do gênero. Mas quando ele e seu professor Ivo se conhecem, as coisas mudam. Ivo, que no início se mostra desinteressado pelo discente, acaba sendo protagonista de alguns “plot twist” até o fim do filme.

Minha Mãe É Uma Peça: Para quem gosta de uma boa comédia, a franquia de três filmes de Paulo Gustavo é a ideal para você dar boas gargalhadas. Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é uma mãe dedicada, mas os filhos a consideram chata por se preocupar demais com a família. Hermínia acaba passando pelas etapas de entender a sexualidade do filho, questões amorosas de sua filha e muito mais.

Eu Me Importo: Neste aqui trazemos Marla Grayson (Rosamund Pike) uma renomada guardiã legal que gosta de ficar com pessoas idosas e ricas. Às custas da última, ela leva uma confortável vida de luxo. Quando ela pensa ter encontrado uma nova vítima perfeita, descobre que a mesma guarda segredos perigosos. Com base nisso, Marla e sua namorada Fran (Enza Gonzales) vão ter que usar toda sua astúcia se quiserem se manterem vivas.

Retrato De Uma Jovem Em Chamas: Dos romances ocultos na França do século XVIII, Marianne (Noémie Merlant) é uma jovem pintora que recebe a tarefa de pintar um retrato de Héloïse (Adèle Haenel) para seu casamento sem que ela saiba. Passando seus dias observando Héloïse e as noites pintando, Marianne se vê cada vez mais próxima de sua modelo conforme os últimos dias de liberdade dela antes do iminente casamento se veem prestes a acabar.

The Boys In The Band: Em um apartamento no Upper East Side, Michael (Jim Parsons), um homossexual cínico com um estilo de vida de realeza, dá uma festa de aniversário para seu amigo gay, Harold (Zachary Quinto). Enquanto os primeiros convidados já chegaram e se divertem, Harold ainda não apareceu. Para surpresa de Michael, Alan (Brian Hutchison), um antigo colega de quarto de faculdade, casado, e que ele suspeita ser homossexual não-assumido, chega à festa mesmo não tendo sido convidado. 

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho: É um romance gay nacional que conta a história de Leonardo (Guilherme Lobo) que tem deficiência visual e tenta lidar com sua mãe “coruja”. Após Gabriel (Fabio Audi) chegar em sua escola, novos sentimentos e desejos começam a surgir em Leonardo, fazendo com que ele descubra mais sobre si e sua sexualidade. 

Meu Nome É Ray: Nossa penúltima indicação trouxemos a história do Ray (Elle Fanning) que nasceu mulher, mas nunca se identificou com o gênero e se prepara para se tornar um homem trans. Sua mãe, Maggie (Naomi Watts), tenta encontrar a melhor forma de lidar com a questão, mas a avó homossexual de Ray, Dolly (Susan Sarandon), recusa-se a aceitar a resolução e cria um conflito familiar.

Moonlight: Sob a Luz do Luar: É a nossa última indicação e a mais premiada das categorias que trouxemos até aqui. A história conta sobre de jovem negro. Chiron passa por uma crise de identidade durante adolescência, devido a algumas complicações por ter sofrido bullying durante a infância e acaba entrando para o mundo do tráfico.

Cultura

Retorno das supermodelos dos anos 2000 às passarelas no outono/inverno 2024

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As brasileiras Caroline Trentini e Isabeli Fontana foram destaque na semana de moda de Paris.

Por Felipe Souza

A temporada outono/inverno 2024 tem sido um prato cheio para os amantes da moda “vintage” e das grandiosas modelos. Além de peças que remetem à época, as supermodelos dos anos 2000 retornaram com tudo nas passarelas de Nova York, Londres, Milão e Paris.

Muitas eras de modelos se encontraram em um curto período de tempo em que ocorreram as Semanas de Moda. Das brazilian bombshells às doll faces, os rostos mais conhecidos pela comunidade fashion mundial apareceram e brilharam nas cidades mais badaladas do mundo.

Não importava em qual desfile você assistia. Do mais ‘fashion’ ao mais comercial, as poderosas das passarelas dos anos 2000 estavam lá. Claro que o Brasil esteve presente, considerando que a maioria das grandes modelos no início do século era brasileira.

A gaúcha Caroline Trentini, por exemplo, representou o país nas passarelas da Schiaparelli, Carolina Herrera, Michael Kors e Max Mara. Além de Caroline, a paranaense Isabeli Fontana cruzou a Balenciaga e Alessandra Ambrósio, a icônica angel da Victoria’s Secret, fechou o desfile do estilista Elie Saab.

Caroline Trentini, Isabeli Fontana e Alessandra Ambrósio/Créditos: Condé Nast

Mas não foi só de brazilian bombshells que a moda dos anos 2000 viveu. A norte-americana Frankie Rayder também cruzou, assim como Fontana, as passarelas da Balenciaga. Rayder foi uma das favoritas de Donatella Versace na era de ouro da italiana ‘Versace’.

Frankie Rayder para Balenciaga/Créditos: Condé Nast

As Slavas, sem sombras de dúvidas, estavam em peso também. O maior nome da temporada foi Natasha Poly, a mais bem-sucedida russa. Poly desfilou para Max Mara, Ferrari, Dolce & Gabbana, Fendi, Mugler e, majestosamente, fechou a coleção da Acnes Studio.

Natasha Poly para Fendi/Créditos: Condé Nast

Ainda representando as Slavas, a lendária ucraniana Carmen Kass e – segunda maior modelo dos anos 2000, apenas atrás de Gisele Bündchen -, e a russa Natalia Vodianova, juntas,  receberam todos os holofotes da plateia presente no show da Vetements.

Hana Soukupova, com seus 1,85 metros, também fez um retorno com maestria e cruzou a francesa Balmain e ainda brilhou com um outfit todo preto do Elie Saab.

Carmen Kass, Natalia Vodianova e Hana Soukupova/Créditos: Condé Nast

Uma menção mais que honrosa: Gemma Ward para Max Mara. A doll face original, com seus cabelos loiros e olhos azuis, por muito tempo brilhou nas maiores grifes do mundo. Hoje, reclusa das câmeras, faz trabalhos selecionados e no outono 2024 foi escolhida para encerrar o desfile, além de ter reencontrado as amigas de longa data.

Gemma Ward, Natasha Poly e Caroline Trentini no backstage da Max Mara/Créditos: Arquivo pessoal/Caroline Trentini

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Cultura

Coletivo Errantes e a democratização da arte

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O coletivo artístico Errantes, existente a poucos meses, está se consolidando na cena artística da Universidade Federal da Ufac e de Rio Branco.

Por Tacila Muniz

Fundado em outubro de 2023 pelos estudantes de história licenciatura da Universidade Federal do Acre (UFAC) Diego Fontenele, Jhonatas Nathan e José Lucas, o grupo apresenta desenhos que consistem em estilos ligados às referências de interesse de cada artista como o surrealismo, exploração de aspectos anatômicos e de cultura pop.

Sua origem e identidade estão intrinsecamente ligadas à universidade. O projeto que primeiramente uniu os colegas de curso foi a última edição da Semana Acadêmica de História, realizada em outubro do ano passado, onde puderam expor seus materiais pessoais. O stand chamou atenção de professores da Associação de Docentes da Ufac (ADUFAC) como a presidente Letícia Mamed, que firmou uma parceria.

Os estudantes sentiram a necessidade de se apresentarem como um grupo e não só como artistas individuais parceiros. Dessa forma criaram o coletivo, sendo sua primeira exposição como grupo, denominado “Devaneios”, realizada em 23 de novembro de 2023, na sede na ADUFAC.

A partir daí oportunidades surgiram e novos artistas foram inseridos como João Victor e Franciele Feittosa.  Além disso, uma equipe de apoio foi montada, sendo Mariana Maia e Débora Fontinele como comunicação, Lucas Nobre, Jardel França e Débora Tacana no editorial e curadoria e por fim uma equipe pedagógica, ainda em desenvolvimento, mas que já conta com João Pedro.

“É uma junção de pessoas da periferia que estão ocupando um espaço que naturalmente não é nosso”

Os integrantes falam que a ideia das últimas exposições e o que dá o tom dentro do coletivo é a possibilidade de democratizar a arte, “a arte não precisa ser cara, ela não precisa de muitos estudos, várias técnicas específicas. Cada um de nós tem técnicas diferentes, estilos diferentes, querendo passar mensagens diferentes, e ainda assim todos nós somos autodidatas e nenhum de nós representa alguma escola”, afirma José Lucas.

O coletivo também traz cada vez mais em sua identidade a utilização de materiais utilizados como tela, como pedaços de madeira e ferro avulsos, usados tanto para suprimir gastos quanto também para reciclar materiais que serviriam como lixo.

Além do ambiente universitário, para eles, a origem periférica é um grande ponto de referência para refletir sobre a prática de cada artista, mas também como o grupo pode atingir mais indivíduos em vulnerabilidade social.

 “É uma junção de pessoas da periferia que estão ocupando um espaço que naturalmente não é nosso,” acrescenta Fontenele. Por esse motivo o grupo planeja montar materiais educacionais auxiliares na prática e conhecimento artístico voltado a crianças e jovens de escolas localizadas em bairros não centrais de Rio Branco.

Como perspectiva, o grupo tem como norte continuar a prática dos ideais citados, mas também institucionalizar o coletivo na Ufac, podendo impulsionar pesquisas envolvendo cultura e arte dentro e fora dos muros da universidade,

 “É fazer um programa que vai ficar além de nós. Quando a gente sair daqui a gente quer deixar o coletivo para as gerações que vão entrar como algo dos estudantes”, explica Nobre.

Apesar do pouco tempo de existência, o grupo reflete sobre o que já foi possível construir e mantém a confiança de conquistar ainda mais, para nós, a quatro meses atrás era totalmente impensado. É muito doido você imaginar que os moleques da quebrada de Rio Branco, estão indo simplesmente expor lá no (museu) Juvenal Antunes sendo convidado. E a ideia é que a gente consiga abrir portas para que outras pessoas da quebrada também consigam fazer isso”.

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Cultura

Cineasta Acreana vai dirigir documentário sobre mulheres no cárcere intitulado “Amor Bandido”

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Projeto no seguimento do audiovisual foi apresentado no edital da Lei Paulo Gustavo e a autora aguarda resultado para seguir na sua produção

Por Enilson Amorim

A cineasta e historiadora acreana Kelen Gleysse Maia dirigirá o documentário “Amor Bandido”, que abordará a história de mulheres envolvidas em crimes motivados pela influência de seus companheiros. Segundo a autora, o projeto está em fase inicial, mas as pesquisas para a realização do filme estão bem avançadas. “Para você ter uma ideia, o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, conforme uma pesquisa nacional realizada em 2022. No Acre, dados oficiais indicam um aumento gradual no número de mulheres reclusas, totalizando 231, sendo 193 em Rio Branco, 17 em Cruzeiro do Sul e 21 em Tarauacá, sem contar aquelas em que estão em regime aberto e semiaberto, sob Monitoramento Eletrônico Penitenciário”, comenta a cineasta e pesquisadora.

Kelen Gleysse Maia Andrade acumula experiência em pesquisa com grupos silenciados desde seus estudos de história até o mestrado em linguagens e identidades pela Universidade Federal do Acre (Ufac). “Já realizei diversos trabalhos com comunidades isoladas em seringais distantes e outros grupos esquecidos pelo Estado. Minhas incursões nas temáticas voltadas para as mulheres começaram com meu primeiro trabalho no audiovisual, chamado ‘Mulheres Lavandeiras’, exibido no Segundo FestCineMulher – edição 2022 realizado pela Associação Acreana de Cinema (Asacine). A partir desses trabalhos audiovisuais, surgiu a ideia de realizar o documentário ‘Amor Bandido’.”

Cineasta produzirá curta que narra as histórias de mulheres encarceradas no Acre. Foto: Cedida

No roteiro do novo documentário, a cineasta pretende denunciar as dificuldades e a negligência do poder público em relação a essas mulheres encarceradas, destacando que muitas são esposas, mães de família pobres que foram separadas de seus filhos e enfrentam diversos tipos de preconceitos dentro dos presídios. “São donas de casa que se veem largadas nos presídios, frequentemente sem garantias de saúde, higiene e proteção, violando seus direitos fundamentais e humanos.”

A cineasta planeja revelar também que essas mulheres, frequentemente sem instrução acadêmica e estrutura familiar adequada, são alojadas em presídios insalubres, escuros e malcheirosos, sem condições mínimas de higiene nas celas e com uma alimentação precária. Elas acabam nesses presídios por influência de seus companheiros, que, direta ou indiretamente, as levam ao crime devido à dependência emocional e financeira.

O documentário não busca justificar práticas criminosas, mas sim abrir espaço para novas perspectivas, estimulando discussões na sociedade e promovendo a reflexão sobre a vulnerabilidade social vivenciada pelas mulheres encarceradas atualmente. Acima de tudo, pretende assegurar que as vozes dessas mulheres não sejam silenciadas. “Este curta-metragem se compromete a dar voz a elas e influenciar o poder público a adotar uma abordagem mais humanista em relação à causa das mulheres encarceradas no Acre e no Brasil. E, principalmente, alertar outras mulheres a não entrarem no mundo do tráfico e destacar que o crime não compensa”, conclui a pesquisadora e cineasta.

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