Os rios e os regimes das águas são historicamente de grande importância para os povos amazônicos. Cidades inteiras foram construídas seguindo e se beneficiando do percurso dos rios. Transporte e alimentação são exemplos de recursos que até hoje são bastante utilizados por meios fluviais. Apesar disso, há algo preocupante acontecendo diante dos nossos olhos: os rios estão secando.
O rio Acre, que banha cinco cidades acreanas, se encontra atualmente em estado de emergência devido à estiagem. O baixo volume de chuvas vem fazendo o cenário de crise hídrica se repetir nos últimos anos. Em 2021, o nível do rio chegou a marcar 1,47 metros, quase batendo o recorde de 2016, quando as medições da Defesa Civil marcaram 1,37 metros.
A moradora do bairro Cadeia Velha Dona Maria Miracelie, que reside há mais de 40 anos ao lado do rio, conta que tanto as secas quanto as inundações são costumeiras, mas relata que se surpreende com as mudanças drásticas apresentadas neste ano. “Não, nunca foi assim… só nos meses de agosto que era assim, agora subiu a temperatura, muito seco e quente desde julho… Me admira ainda não ter faltado água.”
A ribeirinha lembra ainda de como era mais fácil, há alguns anos, o cultivo de alimentos às margens do rio. “Plantei muita macaxeira, batata e jerimum, mas como a alagação vem a gente parou…. E ainda tem muita gente que joga lixo na beira do rio, assim fica difícil”, lamenta.
O relato de Dona Maria representa uma conjuntura do que nos espera no futuro, a emergência do clima e eventos climáticos extremos, como previsto no último relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima da Organização das Nações Unidas (ONU). O planeta está aquecendo, fato que já vem provocando consequências alarmantes. O aumento da seca e da aridez é uma das previsões do grupo de cientistas da ONU para a América do Sul.
No caso do Acre, especialistas apontam o desmatamento descontrolado, a crise do clima e ciclos naturais como causas da seca dos últimos anos. “A situação do clima está muito atípica e isso vem evoluindo ao longo dos anos. Em 2005 eu acompanhei as florestas incendiando e matando os animais, e de lá pra cá não parou mais”, afirma o geógrafo especialista nos estudos do Rio Acre, Claudemir Mesquita.
Formado pela Universidade Federal do Acre, Claudemir é geógrafo, ambientalista, especialista em planejamento e uso de bacias hidrográficas. Com mais de 26 obras relacionadas ao meio ambiente, ele alerta para uma possível morte do rio que corta a capital acreana.
“A morte desse rio já é anunciada há muito tempo, mas o que é um rio morto? Não é um rio que não passa água, mas sim um rio que ninguém usa e nem bebe. A exclusão é evidente.” O ambientalista ressalta a maneira que devemos olhar para a vida das nossas águas e chama a atenção para a falta de estudos sobre o tema, tanto dos órgãos responsáveis pelo meio ambiente como no campo universitário.
“Quando uma cidade é criada às margens de um rio, deve haver um planejamento e estudos para que ele possa viver além da eternidade… No estado e nos municípios, em cada um existe uma secretaria de meio ambiente, que deveria ter a finalidade de orientar e fiscalizar o uso da terra. A universidade não conhece o rio, pois se conhecesse seria discutido, por exemplo, o esgoto em um metro cúbico de água e os impactos que isso gera a nossa bacia. Não vejo preocupações em se ter esses estudos e pesquisas”, relata o especialista.
Conforme a lei federal n° 12.651/2012, existem as Áreas de Preservação Permanente (APP) que incluem a preservação dos recursos hídricos. No entanto, o geógrafo afirma que no Vale do Acre já foram desmatados por volta de 140 mil metros quadrados nessas APPs. Claudemir Mesquita faz também a um apelo à população em geral com relação a desmatamento desenfreado e queimadas:
“Se desmatar, impacta o rio. Queimadas tem a finalidade de fazer mau uso das terras hidrográficas e os impactos vão trazer consequências… Não é possível prever uma recuperação desse rio em pouco tempo. Quanto mais o tempo passa, as cidades aumentam, o desmatamento também e o rio diminui, com menor capacidade de produção de água. E a sede não espera!”, alerta.
Poluição intensifica a crise
Quando a água baixa, um problema costuma se revelar no Estado: a poluição intensa. O cenário de seca aliado à grande quantidade de lixo faz o rio parecer um local abandonado e sem vida.
O fotógrafo Juan Diaz realiza anualmente registros fotográficos na bacia do rio Acre. Ele chama a atenção para o descuido com a limpeza, principalmente nos últimos três anos. As imagens capturadas denunciam o descaso e a poluição dos nossos rios.
“Na verdade, a seca está sendo na Amazônia, o que afeta a todos os municípios, afeta todo o transporte dos municípios isolados do interior. E é triste ver quando vamos fazer um material na beira do rio, a poluição. Quando o rio está seco é horrível de se ver o lixo, entulho, geladeira, fogão… A seca do rio me remete à tristeza, pela poluição. Quem sofre somos nós. Fora as outras coisas como queimadas, pandemia, dengue… é muito difícil de viver no verão amazônico”, explica o fotógrafo.
Falta de água coloca em risco o abastecimento de energia
A crise hídrica é uma realidade que não se restringe ao estado do Acre. A falta de chuvas tem afetado várias cidades pelo Brasil, colocando em risco, inclusive, o abastecimento de energia elétrica do país. Alguns dos principais reservatórios de água para a produção de energia estão em níveis muito abaixo do que se considera ideal. A escassez de chuvas no país para a geração de energia é a pior em 91 anos, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A instabilidade na geração de energia vem causando impactos diretos sobre a vida dos brasileiros. No último dia 26 de agosto, o ministro da economia Paulo Guedes anunciou mais um aumento na tarifa da conta de luz. Com a criação da bandeira de escassez hídrica, o cidadão pagará agora R$14,20 extras a cada 100 quilowatts-hora (KWh).
A cobrança extra, somada à crescente inflação, que fez os preços de produtos básicos do supermercado dispararem, pesam no bolso dos consumidores, colocando em evidência que a crise hídrica é apenas mais um sintoma de um momento de grandes problemas a serem enfrentados no Brasil.
Estudantes de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac) se reuniram com os representantes dos quatro candidatos à prefeitura de Rio Branco, nesta quinta-feira, 15, para o alinhamento das regras do primeiro debate eleitoral promovido pelo curso, que acontece no dia 20 de setembro, com transmissão ao vivo pelo canal ‘Laboratório Jornalismo Ufac’, a partir das 20h.
Estiveram presentes todos os representantes dos candidatos pela disputa à prefeitura da capital acreana. Os assessores Gustavo Franco, Andréia Oliveira Forneck, Lailla Cândido e Ton Lindoso representam, respectivamente, Jenilson Leite (PSB), Marcus Alexandre (MDB), Emerson Jarude (Novo) e Tião Bocalom (PL).
Com mediação do professor da disciplina de Telejornalismo, Paulo Santiago, na reunião foram apresentadas as regras gerais, instruções e formato para a execução do debate político. Ao final, os representantes assinaram o documento de aceite às regras e a ata da reunião.
Além da presença de Santiago, o momento também contou com o coordenador do curso de Jornalismo da Ufac, professor Luan Santos, e as estudantes Tácila Matos e Maria de Fátima Brito, que compõem a coordenação geral do debate eleitoral organizado pelos acadêmicos.
“Os estudantes são fundamentais nesse processo, porque aqui na Ufac eu acho que deve ter em torno de 10 mil estudantes, então vocês propiciarem um ambiente onde os estudantes vão poder conhecer as propostas dos candidatos é fundamental. Quero parabenizar o curso de Jornalismo pela iniciativa de realizar um debate dessa grandiosidade”, pontua a representante de Marcus Alexandre, Andréia Oliveira.
O responsável pela campanha de Tião Bocalom, Ton Lindoso, destaca que numa sociedade democrática, é essencial que todos os candidatos possam participar de etapas importantes como essa. “O debate é uma espécie de vitrine, onde cada candidato é apreciado. Apresenta suas propostas, se mostra para a sociedade, e a população, como um todo, tem a oportunidade de saber mais sobre as propostas”, ressalta Lindoso.
Para Lailla Cândido, representante de Emerson Jarude, o evento, além de colaborar com a formação dos acadêmicos de Jornalismo, será um espaço democrático para os candidatos apresentarem as suas plataformas de governo à academia e à sociedade. “Os estudantes são muito importantes dentro de uma eleição. São pessoas que estão no nosso futuro. A educação é a base da nossa sociedade”, disse Cândido.
O representante político e de comunicação de Jenilson Leite, Gustavo Franco, acredita que o poder dos jovens na política é muito decisivo em uma votação. “A gente costuma falar em nossas reuniões que os jovens têm um papel fundamental, inclusive, dentro de suas próprias residências e suas próprias famílias. […] Acho que todos têm que conhecer as propostas para poder escolher melhor os seus candidatos”, conclui Franco.
A Universidade Federal do Acre (UFAC), através do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), divulgou na tarde desta quinta-feira (25), o edital nº01/2024, para a seleção de bolsas de monitoria, referentes ao semestre letivo 2024.1
Ao todo, são 22 bolsas disponíveis no valor de R$700 mensais pagos aos alunos que foram selecionados, e outras sete voluntarias, para os cursos de Ciências Sociais, Comunicação Social, Filosofia, Bacharelado em Geografia, Licenciatura em Geografia, Bacharelado em História, Licenciatura em História (matutino e noturno), Psicologia.
É importante ressaltar que não possível fazer o acumulo de duas ou mais bolsas de monitoria de maneira remunerada, sendo possível ainda conciliar em caso de disponibilidade voluntária do aluno.
As bolsas serão referentes aos meses de agosto à novembro de 2024, sendo necessário para a inscrição, preencher a ficha, presente no edital, assim como apresentação de Registro Geral (RG) e Cadastro de Pessoa Física (CPF), ou documentos equivalentes, comprovante de matrícula do semestre vigente e o histórico escolar com o coeficiente de rendimento geral.
Os documentos devem ser encaminhados ao e-mail cfch@ufac.br entre o período de 25 a 28 de julho, com o assunto do envio sendo “Inscrição para Bolsa de Monitoria”, assim como nome do aluno, número de matricula e disciplina que deseja pleitear uma vaga de monitoria, junto aos documentos anexados em arquivo único, no formato PDF. É importante lembrar que se faz necessário ter concluído a disciplina que deseja ser monitor.
Os resultados preliminares deverão ser publicados em primeiro de agosto, com a lista final sendo disponibilizada no dia cinco do mesmo mês.
Para maiores informações acerca do processo seletivo, basta acessar o edital abaixo:
Uma das maiores preocupações dos estudantes dos cursos noturnos é o deslocamento por transporte público.
Por Akenes Mesquita e Felipe Nascimento
Estudantes enfrentam desafios significativos ao utilizar o transporte público para se deslocarem até suas residências durante o período noturno. A falta de infraestrutura adequada e os problemas de segurança são algumas das principais preocupações enfrentadas pelos estudantes que frequentam a Universidade Federal do Acre (Ufac).
Ônibus superlotados, atrasos frequentes e rotas limitadas são apenas algumas das questões enfrentadas diariamente pelos universitários. Além disso, a falta de iluminação adequada nos pontos de ônibus e nas vias públicas aumenta o sentimento de insegurança durante o trajeto para casa.
O aluno do curso de Ciências Econômicas, Abimael de Souza Melo, considera a situação inadmissível em um país onde os cidadãos pagam altos impostos e deveriam contar com este serviço público mais eficiente e acessível para todos. Ele relata as dificuldades enfrentadas ao utilizar o transporte público:“O último ônibus passa às 21h40, enquanto minhas aulas só terminam às 22h, o que gera um conflito de horários. Além disso, há um intervalo significativo entre os ônibus, por exemplo, um passa às 20h e o próximo só às 21h40, o que torna a espera prolongada”.
Segurança em risco
Outra preocupação significativa é a segurança. O aumento da criminalidade na cidade, especialmente durante a noite, torna o deslocamento dos estudantes uma experiência estressante e arriscada. Relatos de assaltos em pontos de ônibus e dentro dos próprios coletivos são frequentes, gerando um clima de insegurança na comunidade acadêmica.
Fábio Alves, estudante de Economia, já foi assaltado no trajeto e fala sobre o sentimento de insegurança ao voltar para casa após um dia cansativo de trabalho e aula.
“Moro no bairro Nova Esperança e há dois ônibus que fazem essa linha: Fundhacre e o Rodoviária. Como meu curso termina às 22h, eu tenho que optar por um dos dois. Houve vezes em que optando pelo o Fundhacre, eu perdia o Rodoviária e o Fundhacre nem aparecia no terminalzinho”, lamenta ele, que já precisou recorrer a carros de aplicativo e ouviu relatos de roubos a outros estudantes.
Impacto no desempenho acadêmico
Os desafios não se limitam apenas ao aspecto físico e emocional, mas também têm um impacto direto no desempenho acadêmico. O estresse e a ansiedade causados pelos problemas de transporte e segurança podem prejudicar a concentração em sala de aula e comprometer o rendimento escolar.
A presidente do Diretório Central dos Estudantes da Ufac (Dce), Ingrid Maia, reconheceu que desde janeiro de 2024 estão recebendo algumas reclamações, principalmente em relação ao atraso dos ônibus, à falta de acesso dos veículos na Ufac e à qualidade dos mesmos.
“Encaminhamos denúncia à RBTRANS para que seja instaurada uma investigação e garantir que tais irregularidades não se repitam. Quanto à mudança de rotas, vamos levantar essas e outras pautas no Conselho de Transportes e Tarifas.”
Ela também diz ter cobrado da administração uma maior efetividade nas rondas ostensivas e o retorno do diálogo com as instituições de segurança pública.”
Diante desses desafios, os estudantes clamam por soluções eficazes por parte das autoridades responsáveis. Medidas como aumento da frota, melhoria na infraestrutura dos pontos de ônibus e aumento da presença policial nas rotas de transporte público são algumas das demandas urgentes da comunidade acadêmica.