A cidade de Rio Branco-AC demorou para perceber o ramo e o mercado dominado pelos aficionados por filmes, séries, games, animes, quadrinhos (HQ), tecnologia e tudo que envolve o mundo nerd, talvez porque, durante muitos anos, a classificação “nerd” era considerada um insulto. O termo, supostamente criado na década de 1950, foi utilizado para definir de forma pejorativa os mais estudiosos e tímidos, e ganhou ainda mais força nas décadas de 70 e 80, quando diversos filmes e séries utilizaram-se da figura para criar tipos esquisitões e desajeitados.
A partir dos anos 90, com a chegada da Internet, esse grupo de pessoas ganhou um espaço ilimitado para compartilhar informações e interesses e, como tantas outras nomenclaturas insultuosas, o conceito de nerd foi resgatado e redefinido. Hoje o termo é utilizado para definir consumidores de produtos de alta tecnologia, fãs de audiovisuais e videogames e está cada vez mais dissociado do preconceito inicial. A mudança é boa, não só pela quebra de paradigmas, mas também porque este é um nicho mercadológico promissor. E se antes o público deste segmento vivia refém de compras em sites estrangeiros e viagens para outros estados, agora é cada vez mais fácil ir ao cinema, prestigiar Comic-Con, encontrar blusas, bonecos, quadros e mais um leque de possibilidades sem ir muito longe ou pagar preços absurdos por isso.
“O nerd não mudou. Ele continua sendo aquele cara completamente ligado e entendido sobre certos assuntos como tecnologia e quadrinhos. O que mudou foi a cultura atual, que valoriza isso”, explica Hector Magalhães, um dos criadores e produtores da Comic Nerd, evento acreano inspirado em grandes feiras internacionais do gênero. Não há uma definição única sobre o termo nerd, apenas características e gostos diferentes de alguns adolescentes e jovens, como possuir uma inteligência acima da média, gostar de tecnologia, games, ficção científica, da cultura medieval e oriental etc.
Uma Comic-Con acreana
Em sua primeira edição, em 2019, a Comic Nerd se conectou ao público de Rio Branco apaixonado por cultura pop. Eles puderam desfrutar de uma programação nos moldes da Comic Con Experience (CCXP), maior evento do Brasil neste segmento, combinando entretenimento, lojas especializadas e oficinas interativas.
O evento recebeu cerca de 2 mil espectadores e foi realizado entre os dias 13 e 15 de dezembro de 2019, no Ginásio do Sesi, em parceria com o Governo do Estado, através da Secretaria de Empreendedorismo e Turismo. O objetivo é tornar a experiência acessível àqueles que não podem ou nunca puderam sair da região para ir à São Paulo prestigiar uma CCXP ou ir ao exterior para uma San Diego Comic-Con.
“Sempre vi que Rio Branco tinha um potencial muito grande, temos muitas lojas, segmentos que trabalham a cultura nerd. É uma cultura que vem crescendo mundialmente, o nerd deixou de ser um estereótipo ruim. Ser chamado de nerd antigamente era uma afronta, um insulto. E hoje os nerds ditam tendências”, destaca Hector.
Apaixonado pela cultura nerd, Hector Magalhães é cosmaker (“se fantasia” de personagens) e colecionador de actions figures (bonecos colecionáveis), produzidos, inclusive, por ele mesmo. O produtor diz ainda que, antes de projetar o evento, fez uma pesquisa e percebeu que esse tipo de encontro não ocorre em nenhum estado da região Norte, a não ser os eventos pequenos como o AnimeAC e o Anime Jungle Party de Manaus-AM.
“Quando tive a ideia de fazer, fui ver se tinha algo parecido e não tinha. Rio Branco agora é essa referência. Ainda não foi da maneira que planejei, do jeito que nossa equipe pensou, mas precisávamos começar de algum ponto. 60% do que planejei ainda não foi executado, por conta da falta de patrocínio e apoio maior, mas chegaremos lá”, acredita ele.
As Comic-Con são convenções e feiras do mundo pop, que nasceram com a Comic-Con International, realizada desde a década de 1970 em San Diego, Califórnia (inicialmente com o nome Comic Book Convention). Esta se pode considerar a mãe de todas as convenções para fãs de cultura pop como as que conhecemos hoje. A princípio voltada apenas para fãs de HQs, esses eventos de nicho se expandiram com o crescimento do interesse comercial dos produtores de cultura pop, que perceberam o público nerd como grande consumidor de produtos.
No Brasil, até 2013, não ocorriam grandes eventos voltados ao público nerd. Tinha-se, apenas, convenções realizadas por fãs e/ou produtoras de eventos. Mesmo sendo eventos de pequena escala, eles já contavam com a presença de personalidades ligadas ao mundo da cultura pop. Isso até tudo mudar, em 2014, com a realização da CCXP, em São Paulo. A feira, inspirada na convenção de San Diego, mostrou para a indústria que o nerd brasileiro estava não só esperando por um evento dessa magnitude, como também preparado para consumir.
O mercado dos colecionadores
A venda de produtos licenciados ganhou de vez as prateleiras das varejistas. Lojas populares como Piticas, Riachuelo e C&A investem em coleções inspiradas em clássicos do cinema, heróis dos quadrinhos e astros da música. Em cada esquina, novas grifes eclodem, com prateleiras lotadas de objetos de decoração geek.
O estudante Vinícius Santos, de 24 anos, comenta a facilidade de encontrar esses produtos atualmente: “Antes eu dependia de alguém que viajasse para o exterior para trazer uma encomenda para mim. Hoje já existem lojas nacionais especializadas em colecionáveis”. Viciado em action figures, ele destaca, além da facilidade, a possibilidade de desvincular-se de sites internacionais. “Lojas online têm uma variedade muito grande de produtos, mas na hora da compra, com frete e impostos, o bolso pesa”.
Com o crescimento do nicho na região, lojistas locais também têm se esforçado para trazer produtos como colecionáveis e quadrinhos, destacando-se entre os jovens acreanos e ganhando mais visibilidade e alcance por meio das redes sociais. É o caso de lojas como a Actions Geek e Coleções do Rex, que pensam na acessibilidade de consumidores fanáticos.
A Actions Geek conta com uma variedade de artigos colecionáveis, como action figures, personalizados e entre outros acessórios de figuras e personagens da cultura pop.
“A loja surgiu do amor de seus fundadores por colecionar itens do meio nerd e gamer, e está presente no mercado acreano desde 2014, fazendo a alegria de jovens e adultos de todo o estado com vários produtos de franquias de sucesso como Naruto, Dragon Ball, Harry Potter, Star Wars, Friends, universo Marvel, DC Comics e muitos outros”, comenta Gabriel Matheus, um dos lojistas da Actions Geek.
Já a Coleções do Rex, é uma banca especializada em quadrinhos em geral (mangás, HQs, gibis e revistas) que tem como objetivo aproximar o leitor de suas obras favoritas, nacionais ou internacionais. “Desde 2018, a Coleções do Rex proporciona a alegria para novos leitores acreanos, além de loja física, em eventos literários e de outros gêneros. A ideia surgiu por causa da dificuldade de comprar online e pela falta de ter algo especializado no ramo. Poder ter um mangá em mãos e folhear é uma das melhores sensações que um colecionador pode ter”, disse Francisco Ferreira, o Tio Rex, sobre a banca.
Estudantes de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac) se reuniram com os representantes dos quatro candidatos à prefeitura de Rio Branco, nesta quinta-feira, 15, para o alinhamento das regras do primeiro debate eleitoral promovido pelo curso, que acontece no dia 20 de setembro, com transmissão ao vivo pelo canal ‘Laboratório Jornalismo Ufac’, a partir das 20h.
Estiveram presentes todos os representantes dos candidatos pela disputa à prefeitura da capital acreana. Os assessores Gustavo Franco, Andréia Oliveira Forneck, Lailla Cândido e Ton Lindoso representam, respectivamente, Jenilson Leite (PSB), Marcus Alexandre (MDB), Emerson Jarude (Novo) e Tião Bocalom (PL).
Com mediação do professor da disciplina de Telejornalismo, Paulo Santiago, na reunião foram apresentadas as regras gerais, instruções e formato para a execução do debate político. Ao final, os representantes assinaram o documento de aceite às regras e a ata da reunião.
Além da presença de Santiago, o momento também contou com o coordenador do curso de Jornalismo da Ufac, professor Luan Santos, e as estudantes Tácila Matos e Maria de Fátima Brito, que compõem a coordenação geral do debate eleitoral organizado pelos acadêmicos.
“Os estudantes são fundamentais nesse processo, porque aqui na Ufac eu acho que deve ter em torno de 10 mil estudantes, então vocês propiciarem um ambiente onde os estudantes vão poder conhecer as propostas dos candidatos é fundamental. Quero parabenizar o curso de Jornalismo pela iniciativa de realizar um debate dessa grandiosidade”, pontua a representante de Marcus Alexandre, Andréia Oliveira.
O responsável pela campanha de Tião Bocalom, Ton Lindoso, destaca que numa sociedade democrática, é essencial que todos os candidatos possam participar de etapas importantes como essa. “O debate é uma espécie de vitrine, onde cada candidato é apreciado. Apresenta suas propostas, se mostra para a sociedade, e a população, como um todo, tem a oportunidade de saber mais sobre as propostas”, ressalta Lindoso.
Para Lailla Cândido, representante de Emerson Jarude, o evento, além de colaborar com a formação dos acadêmicos de Jornalismo, será um espaço democrático para os candidatos apresentarem as suas plataformas de governo à academia e à sociedade. “Os estudantes são muito importantes dentro de uma eleição. São pessoas que estão no nosso futuro. A educação é a base da nossa sociedade”, disse Cândido.
O representante político e de comunicação de Jenilson Leite, Gustavo Franco, acredita que o poder dos jovens na política é muito decisivo em uma votação. “A gente costuma falar em nossas reuniões que os jovens têm um papel fundamental, inclusive, dentro de suas próprias residências e suas próprias famílias. […] Acho que todos têm que conhecer as propostas para poder escolher melhor os seus candidatos”, conclui Franco.
A Universidade Federal do Acre (UFAC), através do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), divulgou na tarde desta quinta-feira (25), o edital nº01/2024, para a seleção de bolsas de monitoria, referentes ao semestre letivo 2024.1
Ao todo, são 22 bolsas disponíveis no valor de R$700 mensais pagos aos alunos que foram selecionados, e outras sete voluntarias, para os cursos de Ciências Sociais, Comunicação Social, Filosofia, Bacharelado em Geografia, Licenciatura em Geografia, Bacharelado em História, Licenciatura em História (matutino e noturno), Psicologia.
É importante ressaltar que não possível fazer o acumulo de duas ou mais bolsas de monitoria de maneira remunerada, sendo possível ainda conciliar em caso de disponibilidade voluntária do aluno.
As bolsas serão referentes aos meses de agosto à novembro de 2024, sendo necessário para a inscrição, preencher a ficha, presente no edital, assim como apresentação de Registro Geral (RG) e Cadastro de Pessoa Física (CPF), ou documentos equivalentes, comprovante de matrícula do semestre vigente e o histórico escolar com o coeficiente de rendimento geral.
Os documentos devem ser encaminhados ao e-mail cfch@ufac.br entre o período de 25 a 28 de julho, com o assunto do envio sendo “Inscrição para Bolsa de Monitoria”, assim como nome do aluno, número de matricula e disciplina que deseja pleitear uma vaga de monitoria, junto aos documentos anexados em arquivo único, no formato PDF. É importante lembrar que se faz necessário ter concluído a disciplina que deseja ser monitor.
Os resultados preliminares deverão ser publicados em primeiro de agosto, com a lista final sendo disponibilizada no dia cinco do mesmo mês.
Para maiores informações acerca do processo seletivo, basta acessar o edital abaixo:
Uma das maiores preocupações dos estudantes dos cursos noturnos é o deslocamento por transporte público.
Por Akenes Mesquita e Felipe Nascimento
Estudantes enfrentam desafios significativos ao utilizar o transporte público para se deslocarem até suas residências durante o período noturno. A falta de infraestrutura adequada e os problemas de segurança são algumas das principais preocupações enfrentadas pelos estudantes que frequentam a Universidade Federal do Acre (Ufac).
Ônibus superlotados, atrasos frequentes e rotas limitadas são apenas algumas das questões enfrentadas diariamente pelos universitários. Além disso, a falta de iluminação adequada nos pontos de ônibus e nas vias públicas aumenta o sentimento de insegurança durante o trajeto para casa.
O aluno do curso de Ciências Econômicas, Abimael de Souza Melo, considera a situação inadmissível em um país onde os cidadãos pagam altos impostos e deveriam contar com este serviço público mais eficiente e acessível para todos. Ele relata as dificuldades enfrentadas ao utilizar o transporte público:“O último ônibus passa às 21h40, enquanto minhas aulas só terminam às 22h, o que gera um conflito de horários. Além disso, há um intervalo significativo entre os ônibus, por exemplo, um passa às 20h e o próximo só às 21h40, o que torna a espera prolongada”.
Segurança em risco
Outra preocupação significativa é a segurança. O aumento da criminalidade na cidade, especialmente durante a noite, torna o deslocamento dos estudantes uma experiência estressante e arriscada. Relatos de assaltos em pontos de ônibus e dentro dos próprios coletivos são frequentes, gerando um clima de insegurança na comunidade acadêmica.
Fábio Alves, estudante de Economia, já foi assaltado no trajeto e fala sobre o sentimento de insegurança ao voltar para casa após um dia cansativo de trabalho e aula.
“Moro no bairro Nova Esperança e há dois ônibus que fazem essa linha: Fundhacre e o Rodoviária. Como meu curso termina às 22h, eu tenho que optar por um dos dois. Houve vezes em que optando pelo o Fundhacre, eu perdia o Rodoviária e o Fundhacre nem aparecia no terminalzinho”, lamenta ele, que já precisou recorrer a carros de aplicativo e ouviu relatos de roubos a outros estudantes.
Impacto no desempenho acadêmico
Os desafios não se limitam apenas ao aspecto físico e emocional, mas também têm um impacto direto no desempenho acadêmico. O estresse e a ansiedade causados pelos problemas de transporte e segurança podem prejudicar a concentração em sala de aula e comprometer o rendimento escolar.
A presidente do Diretório Central dos Estudantes da Ufac (Dce), Ingrid Maia, reconheceu que desde janeiro de 2024 estão recebendo algumas reclamações, principalmente em relação ao atraso dos ônibus, à falta de acesso dos veículos na Ufac e à qualidade dos mesmos.
“Encaminhamos denúncia à RBTRANS para que seja instaurada uma investigação e garantir que tais irregularidades não se repitam. Quanto à mudança de rotas, vamos levantar essas e outras pautas no Conselho de Transportes e Tarifas.”
Ela também diz ter cobrado da administração uma maior efetividade nas rondas ostensivas e o retorno do diálogo com as instituições de segurança pública.”
Diante desses desafios, os estudantes clamam por soluções eficazes por parte das autoridades responsáveis. Medidas como aumento da frota, melhoria na infraestrutura dos pontos de ônibus e aumento da presença policial nas rotas de transporte público são algumas das demandas urgentes da comunidade acadêmica.