Cotidiano

“Midsize”: nem magra nem gorda

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Reprodução: Getty Images 

O termo é usado internacionalmente e tem ganhado adeptos no Brasil para encaixar mulheres que não se sentem representadas por suas medidas

Por Maria Fernanda Arival

Hoje em dia, mesmo com o aumento do número de influenciadores digitais das mais variadas belezas, ainda há muitas mulheres que não se sentem representadas pelos tamanhos de manequins padrões e nem mesmo no Plus Size, que são tamanhos acima do 46. As que sentem alguma pressão da sociedade para que se encaixem em uma modelagem podem ser denominadas Midsize.

O termo Midsize, que significa “tamanho médio”, representa e encaixa mulheres que vestem 40 a 44 na moda internacional, onde a moda brasileira se inspira, tanto nas roupas produzidas aqui quanto nas lojas que compram roupas produzidas fora do país. Contudo, essa ideia de um corpo “nem gordo e nem magro” é considerado por muitos um termo problemático, já que insiste na ideia de etiquetar corpos.

O termo surgiu com a comediante norte-americana Amy Schumer, quando afirmou não se sentir representada pela moda Plus Size e nem pela moda “padrão”. Amy foi criticada ao ser cotada para o papel da boneca Barbie nos cinemas, por causa do seu peso. Foto: Reprodução/BBC.

No Brasil, o corpo considerado padrão é, naturalmente, de tamanho médio, com quadris e ombros mais largos e, por isso, o termo não deveria ser aplicado, pois a maioria está entre os extremos magro ou gordo. Entretanto, as lojas onde a maior parte das brasileiras fazem compras são lojas de departamento que utilizam as tabelas de medida internacionais, fato esse que traz novamente o termo midsize ao país.

A estudante Geovanna Moraes conta que sempre fica decepcionada ao tentar comprar em lojas de departamento, pois nenhuma peça serve no corpo. “Fica apertado demais ou folgado demais. Não sei o tamanho real das minhas roupas, estou sempre no limbo entre o 38 e 42 e, segundo o que eu li, posso me considerar midsize”, conta.

As lojas de departamento mais conhecidas e frequentadas nos grandes centros de compras são brasileiras e deviam seguir o padrão de corpo feminino brasileiro, mas não é o que acontece. As roupas dessas lojas têm formas pequenas e muitas vezes deixam a cliente perdida e insatisfeita. Por isso, o termo midsize tem sido aplicado na busca por aceitação.

“Por não ser um tipo de loja que venda peças sob medida, a produção é feita em grande escala, baseada em medidas que para nós, brasileiras, não são nada favoráveis”. Segundo Geovanna, produzem apenas para um biotipo, o que acaba sendo um grande empecilho para quem tem busto ou quadris mais largos.“Quando isso acontece, é muito difícil encontrar a numeração ideal”, explica.

De acordo com dados do Senai, em média, as medidas das mulheres brasileiras são 97,1 cm de busto, 85,4 cm de cintura e 102,1 cm de quadril. Foto: Reprodução/Eurodicas

De acordo com a designer de moda Maryllia Gabriela, o termo veio como uma forma de representatividade para mulheres que não se encaixam em ser magras ou gordas mas, ainda sim, querem se sentir olhadas com carinho. “É convencional do ser humano querer se encaixar em algo e com as midsize não seria diferente”, afirma.

A aplicação do termo no Brasil ainda é pouco usada, apesar da maioria das mulheres serem de tamanho médio: quadris largos, gordura localizada e coxas grossas. “Com a evolução da moda estamos olhando para a variedade de corpos que temos. Por exemplo, antes desse termo, mulheres que vestiam de 40 ao 48 eram plus, hoje são midsize. E quanto mais o termo é falado e explorado mais vamos nos entendendo melhor e nos respeitar como somos”, explica a designer.

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