Cultura
Filme “Noites Alienígenas” ganha mais um prêmio para o cinema acreano
Publicado há
2 anos atrásem
por
Redação
Por Enilson Amorim
O longa-metragem acreano “Noites Alienígenas” ganhou, no último dia 29 de janeiro, o prêmio de melhor roteiro pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). O filme do cineasta Sérgio de Carvalho recebeu destaque nacional em agosto do ano passado, quando venceu o Festival de Cinema de Gramado, levando cinco troféus e uma menção honrosa, sendo assim considerado o melhor longa brasileiro do ano. Logo em seguida, participou do Festival de Cannes, na França, e na sequência entrou em exibição nas salas de cinema do Brasil e do mundo, servindo como pauta de matérias e críticas especializadas.
A obra é ambientada na cidade de Rio Branco e conta a história de um rapper e grafiteiro chamado Rivelino, que por ironia do destino acaba se envolvendo com traficantes. Os outros personagens de destaque são o casal Paulo e Sandra, que enfrentam dificuldades por causa da dependência química de seu filho. O elenco conta com Gabriel Knox (Rivelino), Gleici Damasceno (Sandra), Adalino (Paulo) e o ator Chico Díaz (Alê).
Cinema acreano em destaque
Nem todos sabem que o cinema acreano tinha destaque em festivais no Brasil desde os anos 70. Nos anos 80 e 90 teve uma série de produções que também circularam por festivais nacionais e locais.
Durante estes 50 anos, o cinema acreano continua ativo, impulsionadopor duas instituições criadas para representar o cinema no estado, o Estúdio Cinematográfico Amador de Jovens Acreanos (Ecaja Filmes), fundado em 16 de março de 1973, e a Associação Acreana de Cinema (Asacine), criada em junho de 1983.
Essas instituições, que perduram até os dias de hoje, promoveram festivais de cinema em todo o estado, e também cursos, oficinas e palestras no segmento do audiovisual. Em 2021, a Asacine criou o FestCineMulher, evento que promove o cinema da mulher acreana, que já se encontra na sua terceira edição.
Incentivo às produções
“Uma conquista do cinema acreano foram as pautas que levamos ao Palácio Rio Branco desde os anos de 1980, visando a criação de mecanismos de incentivo a produções artísticas no Estado, que resultaram na criação da Fundação Garibaldi Brasil (FGB) e Fundação Elias Mansour (FEM), instituições que na atualidade formulam editais para financiar trabalhos nas diversas linguagens das artes, dentre elas o cinema”, comenta Adalberto Queiroz, considerado um dos pioneiros do cinema no Acre.
Na atualidade, Rio Branco conta com dois mecanismos de apoio ao audiovisual: uma lei municipal e outra lei estadual de incentivo. Estes dois instrumentos de apoio ao cinema e outras linguagens das artes acabam sendo uma maneira para alavancar as produções.
Segundo o cineasta Guilherme Francisco, “estas leis de incentivo são o único bem que temos para financiar os nossos trabalhos. E agora vai ficar melhor com a Lei Paulo Gustavo, pois o cinema amazônico, cujo custo se torna caro, terá uma oportunidade única quando receber do governo federal uma injeção financeira bastante quantitativa, que não só vai movimentar a economia local, mas dar uma qualidade significativa em nossas produções” comenta ele, considerado um dos primeiros a produzir filmes em VHS.
História nos festivais
A história do cinema acreano tem início nos anos de 1970, em plena ditadura militar, quando três jovens liderados pelo compositor João Batista Marques de Assunção (Teixeirinha do Acre) se juntam com o vendedor de bananas Adalberto Queiroz e o trabalhador de olaria Antônio Evangelista (Tonivan) para produzir o primeiro longa-metragem intitulado Fracassou meu Casamento. A produção foi polêmica, considerando o momento político pelo qual o Brasil estava passando, tanto que, segundo Adalberto Queiroz, foi apreendido pela Polícia Federal.
“Nós fomos lançar o filme Fracassou meu Casamento, filmado em Super 8 milímetros, na praça do Município de Brasiléia, com a participação de muita gente da comunidade. Quando terminamos a estreia, já fomos convidados para lançar a película na Bolívia. Mas, infelizmente, quando estávamos atravessando a fronteira, a Polícia Federal prendeu o nosso filme.” Ele conta que a apreensão foi por falta de um documento exigido pelos órgãos fiscalizadores do governo da época, o “Certificado de Censura” da obra. “Isso aconteceu porque nós éramos produtores bastante imaturos com relação a estas atividades burocráticas ligadas ao audiovisual durante aqueles tempos de muita repressão”, explicou Adalberto Queiroz.
Amantes da sétima arte, os três jovens continuaram com suas produções com o longa-metragem Rosinha, a rainha do sertão, filmado também em Super 8 milímetros. Este longa participou em 1978 do XI Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, junto a filmes como Chuvas de Verão, do cineasta Arnaldo Jabor, e Esta noite encarnarei no teu cadáver, do cineasta José Mojica Marins (Zé do Caixão). Segundo Queiroz, nesse Festival o filme Rosinha, a rainha do sertão foi o mais aplaudido, recebendo elogios de cineastas e críticos de cinema renomados.
No ano seguinte, em 1979 A Luta em busca do Amor, participou do VII Super Festival de Cinema de São Paulo, onde João Batista ganhou o prêmio de melhor ator, por interpretar o personagem Jacó.

Na edição do Festival Acreano de Vídeos que aconteceu em 1992, promovido pela Fundação Elias Mansour / Governo do Acre e realizado na Filmoteca da Biblioteca Pública, o filme Marcas (1988), de Laurencio Lopes, foi agraciado com o prêmio de melhor filme. O longa é considerado a primeira produção da era VHS e contou no elenco com Guilherme Francisco, Socorro Neves, Inêz de Andrade, Romeu Luna, Reginaldo Gomes, Welington Silva e outros. A película teve a equipe de suporte composta pelos cineastas Adalberto Queiroz e João Batista Marques de Assunção.

“Neste festival, o Marcas, que destaca a força do coronelismo no Acre, concorreu com filmes nacionais, dentre eles podemos destacar o filme “O Ovo”, cujo elenco é composto pelas atrizes Lucélia Santos e Carla Camurati. Os jurados foram compostos por cineastas oriundos de outros estados brasileiros e mesmo assim meu filme foi vitorioso”, conta emocionado o cineasta Laurencio Lopes, roteirista do filme.

Outro momento importante do cinema acreano foi a participação do documentário Revolução Acreana no II Festival de Varginha em Minas Gerais, em 2002, quando ganhou o prêmio de melhor filme na sua estreia nacional.

Os filmes acreanos Revolução Acreana, Rosinha, a Rainha do Sertão, Caravana Verde e Filhos da Rua foram exibidos e bastante aplaudidos no I Festival Internacional de Lisboa, realizado em 2010.

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Cultura
Mãos que contam histórias
Artesãos do Acre transformam natureza, cultura e memória em arte. Foto: Autores
Publicado há
6 dias atrásem
18 de agosto de 2025por
Redação
Por Raquel de Paula, Elis Caetano e Tales Santos
Por trás de cada peça feita à mão, há algo que vai além do material. Onde a natureza dita o ritmo da vida, o artesanato é mais do que trabalho: é uma maneira de preservar histórias, manter vivas tradições e transformar o olhar sobre o que nasce da terra.
Em cada colar, escultura ou acessório produzido no Acre, vive a memória da floresta, das tradições amazônicas e das pessoas que escolheram o artesanato como forma de expressão e sustento. Nesta reportagem, conversamos com três artesãos que dão forma, cor e alma a peças únicas, e que carregam, em suas trajetórias, a força de quem faz da arte um caminho.
O artesão das sementes

João Neto produz diversos tipos de miçangas. Foto: Autores
João Neto cresceu cercado pela natureza e aprendeu cedo a olhar para as sementes como algo que carrega vida e história. Não demorou para transformar esse olhar em arte: pulseiras, colares, terços, todos feitos à mão, um a um, usando sementes da floresta amazônica.
Mas seu começo no artesanato foi outro. “Eu tô nesse ramo desde 2005. Há uns 12 anos, abri minha loja com cinco colegas. Nunca imaginei que um dia estaria fazendo artesanato assim. Mas, com o tempo, a loja começou a exigir mais variedade, então passei a montar minhas próprias peças.”
Foi aí que as sementes ganharam espaço. As matérias-primas vêm de diferentes partes do Acre e até do Amazonas. “Tem gente que traz de Boca do Acre, Assis Brasil, Feijó, Sena Madureira. A semente vem crua e a gente compra de quem já beneficiou. Eu não faço o beneficiamento, tem gente certa pra isso. Tem quem fure caroço por caroço. A gente trabalha com paxiubão, açaí, jarina… e os cascalhos, que são essas pecinhas menores entre uma semente e outra. Pode ser de Tucumã, de Cumaru-ferro ou até da própria semente que sobra.”

Grande parte do trabalho é produzido com sementes. Foto: Autores
Hoje, João fabrica chaveiros, colares, brincos, e outros acessórios. Para ele, a reinvenção é parte do ofício. “O turista cobra isso da gente. Então a gente se reinventa.”
Mesmo com a experiência, os desafios são constantes. “Minha maior dificuldade como artesão é o incentivo financeiro.” Hoje ele é microempreendedor individual (MEI), tem sua empresa, mas por ainda ter dívidas junto ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), fica impedido de conseguir crédito em bancos. “Tudo que eu faço é com o dinheiro que gira dentro da loja… é o que sustenta minha vida, o pagamento dos funcionários, a compra das sementes. Às vezes, eu até dou material para outros artesãos que estão passando dificuldade. Porque a gente sabe como é”.
A criação, segundo ele, é algo que se aprende ao fazer. Inicialmente, João Neto não se via montando um colar, um brinco. “Mas tudo é criatividade. Cada peça tem um significado, depende da forma como você monta, do jeito que você deixa”. Ele cita o exemplo dos chaveiros, que gosta de deixar uma pontinha pra fora. “É um gosto meu, tem gente que critica, diz que tem que seguir um design certinho. Mas eu gosto de combinar as peças com uniforme, com alguma coisa que se conecte”, explica.

“Tudo é criatividade”, disse João Neto. Foto: Autores
Ele sente uma motivação muito grande ao ver suas criações cruzando fronteiras “ e sempre pergunta para os clientes de onde são. “Um dia, entreguei uma camiseta para um cara e ele disse que era da Checoslováquia. Eu nem sei onde fica direito, mas pra você ver como a Amazônia atrai gente do mundo todo. O nosso artesanato tem esse poder.”
O doutor da borracha
José Rodrigues carrega no apelido e no ofício o legado da floresta. Filho e neto de seringueiros, ele nasceu nesse caminho e fez da borracha não apenas sustento, mas arte que já cruzou fronteiras e palcos do mundo.

José Rodrigues é conhecido como Doutor da Borracha. Foto: Autores
“O que me inspira a trabalhar com a borracha é a floresta. Eu queria viver de um trabalho que valorizasse o meu ambiente. Me inspiro na minha história, na história dos meus pais, que são seringueiros. É algo que corre no sangue”. Para ele, o mais importante é conseguir transformar essa matéria-prima em uma peça final, pronta para o consumidor, e esclarece: “isso agrega valor ao que a floresta oferece e ao que eu faço com minhas próprias mãos.”
Com olhos atentos ao passado e pés fincados no presente, ele transformou o látex em sapatos, bolsas e acessórios únicos, produzidos com consciência ambiental e respeito pela cultura do seu povo. Sua trajetória começou ainda em meados dos anos 2000, a partir de um curso de tecnologia da borracha oferecido em parceria com a Universidade de Brasília a TEC BORR.

Todos os produtos são peitos a partir do látex. Foto: Autores
“Comecei a trabalhar com folha de defumação líquida que é um tipo de borracha produzida utilizando uma técnica de coagulação do látex com fumaça líquida. E ali, por volta de 2006, 2007, nasceu esse meu trabalho com o artesanato”. E tudo foi se transformando à medida que passou a expor em feiras, foi ouvindo o que as pessoas diziam, pegando ideias e colocando em prática.
Desde então, José levou o nome do Acre a diferentes partes do mundo. Participou da Feira de Milão em 2014, conduziu a tocha olímpica em 2016, esteve no palco do Faustão em 2017 e gravou o documentário Acre Existe em 2012. Em 2022, foi reconhecido com o prêmio Top 100 Mundial Ambiental.
“O que mais me emociona é poder andar pelo Brasil e até fora dele, mostrar meu trabalho. Eu, que nasci e fui criado na floresta, hoje tenho a oportunidade de apresentar um produto lindo, sustentável, para o mundo. Isso fica na memória.”
Da madeira para memória viva
No ateliê de Antônio Geraldo, a arte de esculpir a madeira é mais que um ofício. É uma paixão que se revela em peixes, folhas e animais típicos da Amazônia, trabalhados em detalhes minuciosos.
Desde os anos 2000, ele encontrou no artesanato não apenas uma fonte de renda, mas uma terapia, um respiro criativo e uma forma de respeitar o meio ambiente. Ele começou com móveis, criando com madeira o que dava vontade. Depois, foi se dedicando mais ao artesanal, aos estilos rústico e torneado. E com o tempo descobriu que o artesanato o ajudava até psicologicamente.

Da madeira, Antônio Geraldo produz diversos produtos. Foto: Autores
“ Às vezes você está fazendo uma peça e, do nada, surge uma ideia para outra. É como se a madeira abrisse caminhos dentro da nossa mente. A gente vai criando, se acalmando, refletindo. E mais do que isso, a gente transforma o que seria lixo em arte.”
Seu Geraldo utiliza restos de madeira, galhos e pedaços que iriam se perder e a partir deles criar peças únicas. “A sustentabilidade está aí: você não agride o ambiente, mas aproveita o que a floresta já oferece. Aquilo que muitos acham que só serve para lenha, eu vejo como matéria-prima.”
Para ele, cada escultura nasce de um impulso diferente, e a criação vem para todo artesão que tem atitude e desejo. “Nem sempre consigo repetir uma peça igual, porque cada uma nasce de um momento, de uma ideia. Se alguém me pede uma peça igual à que viu meses atrás, às vezes já não consigo fazer. É outra inspiração. É outra madeira. É outra história.”

Grande parte dos produtos é feito a partir de restos de madeira. Foto: Autores
E é justamente essa singularidade que tem levado seu trabalho para além das fronteiras do Acre, Brasil e até do mundo. “Dá um orgulho enorme ver o que a gente faz com as próprias mãos sendo valorizado. Quando as pessoas elogiam, encomendam, pagam antes mesmo de ver a peça pronta…” Antônio Geraldo se sente feliz com a admiração a suas peças, o que dá confiança para continuar trabalhando. “Já desejei que a noite virasse dia só pra seguir criando.”

Todo o processo criativo vem da própria mente do artista. Foto: Autores
Mas o reconhecimento nem sempre vem de onde se espera. “Infelizmente, aqui na nossa região, tem gente que debocha, que desvaloriza. A gente vive cercado de madeira e, por isso mesmo, muitos não enxergam o valor de um trabalho feito com ela. Tem quem diga que aquilo não presta, que é só lenha. Isso desanima. Mas aí vem alguém de fora, olha com outros olhos e diz: ‘isso é arte!’. E isso faz a diferença. O elogio de um compensa o desprezo do outro. Dá força pra continuar.”

Trabalho feito à mão é a realização de um sonho. Foto: Autores

Por Júlio Queiroz e Karina Paiva
A cultura dos DJs vem ganhando destaque no cenário musical do Acre, impulsionada pelo crescimento de eventos independentes, festivais e pela popularização das plataformas digitais.
Em meio a uma cena musical majoritariamente voltada para o sertanejo e o forró, DJs locais têm conquistado espaço promovendo festas alternativas, mixando ritmos regionais com batidas eletrônicas e atraindo um público jovem e engajado. Em cada apresentação, estilos globais combinados com a cultura local, resultam na criação de sets únicos que oferecem experiências sonoras diferenciadas para o público presente.
Com uma atuação multifacetada, que vai além de entretenimento, tornaram-se fazedores de uma cultura que não está sendo construída somente em baladas noturnas, mas em lugares diversos. O trabalho desses profissionais tem sido cada vez mais procurado, para animar de tudo um pouco: casamentos, aniversários, festas públicas e até eventos políticos.

Mas entre cabos, luzes e batidas, os DJs do Acre vivem uma rotina intensa. Do planejamento de sets à montagem de equipamentos, passando por longas madrugadas de trabalho e a constante busca por atualização musical, esses profissionais transformam paixão em ofício.
Lauro Félix, que atua como DJ há mais de 15 anos aqui no estado, conta como foi o início da carreira, experiência e as dificuldades enfrentadas ao longo desses anos como DJ:
“Sempre fui colecionador de músicas, sempre gostei de estar atualizado, de ter CDs, fitas também, escutava rádio e assistia TV, principalmente programas que passavam clipes. Eu peguei curiosidade com isso, comecei a pesquisar, fiz aulas também. E de lá para cá foi dessa forma, como colecionador de músicas e badalando em aniversário de amigos e vizinhos que me convidaram para tocar”, conta.

Ser reconhecido, ser visto como um profissional e aceito pelo público é uma complicação que muitos DJs enfrentam. A DJ Nareza Barros acha que o maior obstáculo são as pessoas que não consideram DJ como profissão. “Quando as pessoas levam como hobby ou não colocam a profissionalização como deve ser feita, isso acaba atrapalhando muito a gente, principalmente na hora de cobrar”, ressalta a DJ.
Também há um processo invisível ao público: horas de pesquisa musical, testes em softwares de mixagem, organização de playlists e, muitas vezes, o transporte do próprio equipamento.
LEI MUNICIPAL SEMANA DOS DJs
No último dia 18 de junho, em sessão plenária da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares da casa a Lei que institui a semana estadual do DJ no Acre, apresentada pelo deputado Chico Viga (PDT).

Segundo o texto da proposta, a comemoração será realizada anualmente na primeira semana de novembro. A iniciativa busca valorizar, reconhecer e incentivar os profissionais que atuam como DJs no estado, destacando a importância cultural e artística para a cena local.O evento passa a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Município de Rio Branco a partir de 2026. “A partir de agora todos os DJs do estado do Acre terão uma semana cultural, voltada ao DJ, com workshop, apresentações em praças, escolas”, enfatiza Roney Matos.
A prefeitura municipal de Rio Branco convidou para a assinatura da lei o produtor musical com vasta experiência no mercado da música eletrônica Mateus Bruschi Basso, O DJ Jay Boo. O consultor da Pioneer DJ BR estava em Rio Branco ministrando um workshop para DJs. O encontro reuniu representantes do poder público e grande parte dos DJs atuantes no estado do Acre.
CRIAÇÃO DA LIGA
A cena da música eletrônica no Acre alcançou um feito inédito com a criação da Liga Acreana de DJs (LACDJ), primeira entidade representativa da categoria no estado. A oficialização ocorreu em 25 de outubro de 2024, em Rio Branco.

A iniciativa é fruto da união entre duas gerações da cena eletrônica local: DJ Roney Mattos, um dos pioneiros e nomes mais respeitados do segmento, e DJ El Mascarado, expoente da nova geração.
A proposta da associação surgiu um ano antes, durante uma reunião entre os dois artistas, que identificaram a necessidade de fortalecer, organizar e dar visibilidade à atuação dos DJs locais. “A partir desse encontro, fizeram o projeto da fundação da Liga Acreana de DJs, entidade voltada exclusivamente a fortalecer a representação dos valores dos DJs no Acre.“A associação surge com o objetivo de promover união da categoria, fomentar a oportunidade de formação técnica e profissional, além de representar os DJs em eventos culturais, festivais, políticas públicas, um espaço institucional, o mais importante”, destaca Roney Matos, presidente da Liga.
Cotidiano
Do papel às telas: a transição do jornal impresso acreano para o digital
Publicado há
3 meses atrásem
27 de maio de 2025por
Redação
Por Ana Luiza Pedroza, Ádrya Miranda, Daniel de Paula e Wellington Vidal
O jornal impresso, símbolo histórico e cultural no Acre, começa a se despedir lentamente do cotidiano da população. A era digital assume o protagonismo, apostando em novos formatos de levar acesso à informação, no entanto, sem apagar o legado construído pelo impresso na história acreana.
Apesar dos esforços para reinventar o jornalismo local, a transição do impresso para o digital trouxe grandes desafios. No Acre, essa movimentação ocorreu de forma tardia, mas com a contribuição de jornalistas que se desdobram diariamente para acompanhar as mudanças no modo de noticiar, mantendo o compromisso social com a população.
Entre os obstáculos, a pandemia de Covid-19 foi um dos que aceleraram o declínio dos jornais impressos em todo o país, e no Acre não foi diferente. O A Gazeta, um dos veículos mais populares do estado, foi diretamente impactado.

Rotativa, máquina utilizada na impressão dos jornais A Gazeta. Foto: Ádrya Miranda
Fundado em 1985, sob direção de Silvio Martinello e Elson Martins, o jornal se destacou pelo jornalismo investigativo e de cunho social, sendo pioneiro em projetos editoriais gráficos com diagramação no impresso acreano. Foi por meio de suas páginas que os acreanos acompanharam coberturas históricas, como o assassinato do sindicalista Chico Mendes.
Em 1998, tornou-se o primeiro jornal a circular em cores no estado, com até 3.500 exemplares vendidos em dias movimentados, segundo Silvio. Apesar das inovações com o jornal impresso, o veículo enfrentou as adaptações tecnológicas do século 21. O portal online, criado ainda nessa fase, tinha estrutura simples, servindo apenas para replicar, de forma reduzida, as notícias do jornal físico.

À esquerda, Maíra Martinello; ao fundo, Paula Martinello; e à direita, Silvio Martinello. Foto: Arquivo pessoal
A edição impressa teve o seu fim em 2021, após uma expressiva queda nas vendas. Paula Martinello, jornalista do A Gazeta do Acre, relata que a migração definitiva para o digital foi desafiadora e impulsionada pela pandemia. “Foi um processo muito gradativo, porque o trabalho online não é fácil. É muita concorrência, é um outro tipo de público e perfil de consumo da notícia”, comenta.
Para os jornalistas do A Gazeta, hoje, A Gazeta do Acre, o desafio não foi apenas adaptar-se ao ambiente online, mas reinventar a rotina de produção jornalística sem abrir mão da credibilidade construída. Segundo Maíra Martinello, foram necessárias estratégias para garantir a sobrevivência e a relevância no meio digital, que exige mais agilidade, versatilidade e presença em todas as plataformas.
“A gente foi entrando nesse mundo online, digital. Claro que tem pontos positivos, como o custo mais baixo, a praticidade e a democratização do acesso à informação. Mas a era digital exige muito mais do jornalista, que hoje precisa escrever, gravar vídeo, áudio, editar, usar várias ferramentas ao mesmo tempo”, explica.
A transição da notícia do impresso para o ambiente digital, embora tenha sido impactante para todo o campo jornalístico, foi recebida de maneira diferente por cada veículo, conforme suas particularidades. Outro nome importante da imprensa acreana, como o jornal O Rio Branco, também enfrentou esses momentos de transformação.

Portal de notícias oriobranco.net. Foto: Ádrya Miranda
Mendes também reforça a necessidade dos jornalistas manterem seu compromisso social, mesmo diante das mudanças impostas pela era digital. “Se vocês forem jornalistas e pretenderem ser responsáveis, não esperem que a notícia chegue até vocês. Vocês têm que ir atrás da notícia”, conclui.
Essa transformação também é percebida por leitores que acompanharam de perto o auge das edições impressas no Acre. “Porque o jornal é um documento, então ele vai ficar ali para sempre”, comenta o jornalista e leitor assíduo Gleilson Miranda, de 55 anos, ao destacar que o jornal impresso carrega um valor que vai além da notícia do dia, mas também a documentação de histórias.
Segundo ele, com o jornal impresso era possível encontrar experiências afetivas, que marcavam seu momento de leitura.
“O jornal é impresso, tem esse charme, tem essa coisa de você sentar, tomar um café e folhear as páginas, lendo as principais notícias. Isso era muito bom para a época. Hoje você tem essa notícia mais rápida. Notícia que chega muito rápido”, afirmou Gleilson, ao relembrar as sensações que os impressos lhe proporcionaram.
A transição dos jornais impressos para os portais digitais no Acre marca uma mudança profunda no modo de fazer e consumir jornalismo. Conhecer a história da imprensa local, com a contribuição das edições do A Gazeta e O Rio Branco, é essencial para entender o papel que esses veículos tiveram na formação da identidade e da memória do estado.

Edição impressa O Rio Branco. Foto: Arquivo Espaço Cultural Palhukas
Para Narciso Mendes, atual proprietário da TV Rio Branco, o impresso no Acre carrega o legado de muitas figuras marcantes da história local. No entanto, a migração do jornal impresso O Rio Branco para o meio online não teve o mesmo peso como teve para os demais veículos.

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