Cotidiano

Projetos sociais intensificam ações solidárias durante a pandemia

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Com o crescente número de pessoas em situação de pobreza, associações acreanas de voluntariado se movimentam com doações da sociedade para ajudar os que mais precisam de assistência  / Foto: Arquivo pessoal-Projeto Olhar Diferente

Por Gabriel Vercoza Alves e Renato Menezes

Em tempos de pandemia por Covid-19, muitas famílias brasileiras conheceram a fome e a miséria de perto. De acordo com um estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), somente em 2020 mais de 19 milhões de brasileiros não tiveram o que comer e mais de 116 milhões de pessoas tiveram algum tipo de insegurança alimentar, ou seja, deixaram de realizar alguma refeição. Com a alta dos preços movida pela retomada econômica global e com a queda do valor do Auxílio Emergencial do Governo Federal, que agora varia entre R$150 a R$375, a tendência é de que o Brasil retorne ao Mapa da Fome, onde não figura desde 2014.

No entanto, paralelo a esta crise, a solidariedade de grupos de voluntariado ainda funciona como um refúgio para que muitas famílias enfrentem menos problemas. O projeto “Olhar Diferente” é um destes exemplos. Com mais de 50 voluntários atuando nas ações sociais, o movimento já alcançou, até dezembro de 2020, cerca de 35 mil acreanos com doações de alimentos, iniciativas de comemoração a datas alusivas como o dia das crianças e Páscoa, e agora, mais recentemente, com entregas de kits de material escolar para as crianças e de higiene pessoal e máscaras para o combate à Covid.

Projeto Olhar Diferente atua em Rio Branco-AC e está em atividade desde 2015 / Foto: Arquivo pessoal-Projeto Olhar Diferente

A idealizadora da associação, Karoliny Oliveira, não esperava que o número de doações crescesse da forma como aconteceu em meio a um período tão difícil para todo mundo. “Em contexto de pandemia, tivemos uma grande surpresa e nosso projeto cresceu em 1000%. Um crescimento que não estava nos nossos planos, mas que graças a Deus conseguimos administrar direitinho pois houve muitas doações”, disse.

Desde o início da pandemia, o projeto “dança conforme a música”, fazendo ações que demandam mais urgência / Foto: Reprodução/Internet

SENSAÇÃO DE FAZER O BEM AO PRÓXIMO

E estas contribuições vêm desde o início do projeto, quando Karoliny era apenas uma estudante que resolveu se juntar com algumas amigas para realizar um trabalho escolar em prol das crianças carentes. Com resultados positivos oriundos da ação, ela resolveu distribuir, com a ajuda dos pais, algumas marmitas com as comidas em excedente das festas de fim de ano aos moradores de rua ao redor da Catedral Nossa Senhora de Nazaré, no centro de Rio Branco.

“Mais uma vez, gostei muito da sensação de fazer bem ao próximo. Conversei com o meu pai, e ele disse que me daria R$150 mensais para eu fazer ação social. No primeiro mês, foi possível fazer 50 sopas. Resolvi postar no Facebook e, desde então, não parei mais. Meu pai só precisou colaborar uma única vez, depois disso sobrevivemos exclusivamente da doação da sociedade civil”, relatou.

Doações mantém a associação que já impactou milhares de famílias no Acre / Foto: Arquivo pessoal-Projeto Olhar Diferente

De fato, o Projeto Olhar Diferente, que não tem ligação com partidos políticos e nem com instituições religiosas, cresceu muito desde a criação em 2015. Atualmente, o movimento está participando da campanha “Corona no paredão, fome não”, do projeto nacional “Gerando Falcões”, que distribuiu 200 tickets alimentação para algumas famílias carentes de bairros periféricos no valor de R$300, dividido em duas parcelas.

Doações cresceram no período da pandemia/ Foto: Arquivo pessoal-Projeto Olhar Diferente

A presidente do projeto comentou que a situação de pobreza se intensificou ainda mais com o isolamento social, e que a ideia de ajudar as famílias que enfrentam situações de extrema-pobreza faz com que ela e os voluntários se movam para fazer alguma coisa em prol destas pessoas. “Acredito que a miséria se intensificou na pandemia, pois pessoas que tinham um bico aqui ou ali se viram sem nenhum tipo de trabalho. Então, piorou bastante a situação das famílias”, ressaltou.

Famílias dos bairros Sapolândia – Hélio Melo, Invasão do Pinicão do Tucumã, Favelinha do Mocinha Magalhães e Seis de Agosto foram contempladas com a primeira remessa dos cartões / Foto: Arquivo pessoal-Projeto Olhar Diferente

MÃOS QUE AJUDAM

Lutar em favor dos menos favorecidos também é o que move a idealizadora da Organização Não-Governamental “Mãos que Ajudam”, Alessandra Mesquita. O grupo atua há mais de 10 anos no município de Senador Guiomard e é pautado em ajudar pessoas que estejam em situação de vulnerabilidade social. “O ser humano hoje não é muito solidário, a não ser quando quer algo em troca, mas sempre fomos firmes e confiantes em seguir em frente”, afirmou. 

A ideia do projeto nasceu após participar de um programa evangélico e , desde então, não parou mais. “Trabalho no projeto desde 2009 e meu objetivo sempre foi dar assistência ao próximo, este trabalho Deus colocou em meu coração numa madrugada com um programa evangélico. Poucos meses depois de viúva, ele tocou no meu coração para ajudar o próximo com muito amor”.

ONG “Mãos que Ajudam” atua há 10 anos em Senador Guiomard-AC / Foto: Reprodução/Redes Sociais

O grupo, que conta com cerca de 200 colaboradores que doam alimentos com certa frequência, conseguiu beneficiar um público aproximado de 600 pessoas em vulnerabilidade socioeconômica. Alessandra falou que com o agravamento da Covid-19 no município, o número de indivíduos que viviam em situação de pobreza acabou aumentando consideravelmente.

Projeto busca promover a inclusão social na distribuição de presentes em datas comemorativas / Foto: Arquivo pessoal

A presidente do projeto disse também que a aquisição de um espaço físico é muito importante para que futuros eventos sociais sejam realizados no local. Desta maneira, a promoção da “Feijoada Solidária” foi um dos caminhos encontrados para arrecadar fundos em prol da reforma do espaço que foi cedido ao grupo. “Realizaremos uma feijoada para levantar uma ajuda financeira, com o objetivo de fechar o espaço. O local está precisando de uma reforma o mais breve possível”, relatou.

Apoiadores do projeto promovem eventos para as pessoas em situação vulnerável de Senador Guiomard / Foto: Arquivo pessoal

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