O Projeto de Extensão Tibira, da Universidade Federal do Acre (Ufac), vem se consolidando como um espaço de debate e acolhimento sobre gênero e sexualidade. Criado em novembro de 2023 como grupo de estudos, o Tibira se tornou projeto de extensão neste semestre e agora está aberto a toda a comunidade interna e externa da instituição.
Coordenado pelo professor Fabrício Ricardo Lopes, do curso de Psicologia, o projeto realiza encontros quinzenais baseados em leituras de obras que discutem gênero, sexualidade e suas interseções com outras áreas do conhecimento. Neste semestre, o grupo estuda o livro A arte queer do fracasso, do teórico estadunidense Jack Halberstam.
Segundo Fabrício Lopes, o Tibira foi pensado como um espaço não apenas de estudo, mas também de convivência e acolhimento. “No nosso grupo, buscamos não apenas o estudo, mas uma forma de socialização também, como disse, um ponto de encontro. No Tibira, além de estudarmos, nós acolhemos e nos protegemos”, explica o professor.
O nome do projeto faz referência a Tibira do Maranhão, indígena tupinambá que foi uma das primeiras vítimas de homofobia registradas no Brasil, segundo o historiador Luiz Mott.
Coordenado pelo professor Fabrício Lopes, o grupo promove debates críticos e fortalece o respeito às diferenças. Foto: cedida
Além de rodas de leitura, o projeto adota um caráter itinerante, ocupando diferentes espaços do campus da Ufac. As informações sobre local e horário das reuniões são divulgadas no perfil do grupo no Instagram, @tibira.ac.
Para o professor, o Tibira ainda está em sua fase inicial, mas já tem planos de expansão. “Em breve, ele deve se tornar um grupo não só de extensão, mas de ações de Ensino e Pesquisa também. Temos planos de ampliar nossas atividades para acolhimento em saúde mental da comunidade LGBTQIAPN+, além de cursos sobre letramento antidiscriminatório”, afirma.
O estudante de Psicologia Andrei Campos da Costa, que participa do Tibira desde a primeira reunião, ressalta a importância do espaço para a formação acadêmica e pessoal.
“Enquanto pessoa não-binária, vi no grupo uma oportunidade de aprofundar a discussão sobre gênero e sexualidade. Penso que o debate acerca de gênero e sexualidade é primordial, principalmente pois tais temáticas perpassam nossa existência e nos impactam de diferentes formas. Somos seres diversificados, e isso também vale para a maneira como expressamos nossa existência e como amamos”, destaca.
O projeto tem atraído estudantes de diferentes cursos, mas também busca o engajamento de pessoas de fora da universidade que desejam ampliar seus conhecimentos sobre o tema.
Com encontros regulares e propostas de diálogo crítico, o Tibira se consolida como espaço de reflexão, resistência e produção de saberes, fortalecendo a diversidade e o respeito às diferenças dentro e fora da Ufac.