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Bloco do Vai Quem Quer celebra tradição de mais de 30 anos em Rio Branco

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Agremiação que surgiu de uma “pelada” entre amigos enche as ruas do Tucumã de música e alegria

Por Ana Paula Melo e Natália Lindoso

O carnaval do Tucumã guarda um legado de alegria e resistência com o consagrado Bloco dos Sujos Vai Quem Quer, uma verdadeira instituição da folia acreana que já completa mais de 30 anos de existência. O bloco surgiu de forma despretensiosa no ano de 1991 durante uma simples pelada no campo do bairro. 

Após o futebol, regado a boas conversas e algumas cachaças no bar do Toinho, surgiu de forma coletiva a ideia: “Por que não criar um bloco de carnaval?” A partir desse momento, o que era apenas uma brincadeira entre amigos se transformou em um dos blocos mais tradicionais da capital acreana. 

Foto: cedida

“Em uma dessas peladas, a gente estava perto do carnaval e lembramos de fazer um bloco. Então saiu o bloco do sujo do Tucumã. Naquela época, saímos pela primeira vez, conseguimos instrumentos, saímos todos sem camisa, jogando talco, jogando maisena, era o famoso bloco do sujo mesmo de antigamente. Tudo começou dessa forma, foi passando os anos, o bloco foi crescendo, foi crescendo e está na imensidão que está hoje”, explica Paulo Sales, um dos fundadores. 

Foto: cedida

O nome “Vai Quem Quer” refletia o espírito livre e democrático do bloco, onde o mais importante era se divertir sem regras ou restrições. Nos anos seguintes, a iniciativa foi crescendo, reunindo cada vez mais foliões. O que começou com cerca de 10 a 15 pessoas que se reuniam no bar do Toinho, transformou-se em um evento que hoje reúne até 4 mil participantes e ocupa várias ruas do bairro.

 “O primeiro bloco era simples, o Danilo e o César tinham alguns instrumentos e já tocavam no pagode. A gente saía desfilando, com um grupo de 10, 15 pessoas. Só uns oito anos depois, com a dificuldade dos meninos, me chamaram para coordenar. Aí, eu contratava músicos, como o Raimundinho, e comecei a arrecadar dinheiro para pagar eles”, explica o fundador. 

Foto: cedida

O sucesso do Vai Quem Quer também se deve a dedicação de figuras importantes que assumiram a organização ao longo do tempo. Denes Sandro Carneiro, Ronieres Albuquerque e Danilo Lopes são os responsáveis atuais por manter viva a chama do bloco.

O morador do bairro e integrante do Bloco dos Sujos Vai Quem Quer, Clermon Anderson, relembra com alegria sua trajetória pela famosa celebração do Tucumã: “Fico muito feliz em poder desfrutar das poucas horas de muita alegria e felicidade nessa data tão especial que celebramos ano a ano. São mais de 20 anos  presenciando famílias e amigos de longa data, aguardando esse momento ímpar em que ocorre o desfile aos sons das marchinhas, baterias e sopros, repetindo, quase ritualísticamente, a nossa forma única e singular de comemorarmos o carnaval”, disse. 

Foto: cedida

Para ele, o evento é um momento de celebração, marcado pelo reencontro com amigos e pela homenagem à memória daqueles que já partiram. “O Bloco dos Sujos Vai Quem Quer, em poucas palavras, é celebração à base de muita alegria e emoção em poder reencontrar os foliões que ainda permanecem e relembrar, com o sentimento de nostalgia, daqueles que já partiram”, comentou. 

PRESERVAÇÃO

Para o chefe do Departamento de Eventos da Fundação Elias Mansour (FEM), Junior Chaves, os blocos carnavalescos são importantes para a cultura do estado e do município, eles trabalham com a preservação da cultura popular e o fortalecimento da comunidade. “Os blocos carnavalescos de bairros têm uma importância significativa para a cultura do estado e da capital”, explica. 

Foto: cedida

Segundo Klowsbey Viégas, diretor-presidente da Fundação Garibaldi Brasil (FGB), o Carnaval de rua é uma celebração que transcende gerações, mantendo viva a tradição cultural em bairros tradicionais não apenas de Rio Branco, mas em todo o Brasil. “É uma festa que valoriza a cultura brasileira com seus ritmos, cores, sabores e, claro, a alegria do povo”, afirmou. Viégas ressaltou que o evento não só fortalece as raízes culturais, mas também gera impacto econômico significativo para as famílias locais, muitas aproveitam a ocasião para vender comidas típicas, salgados, bebidas e outros produtos. Ele acrescenta que o trabalho dos coordenadores e organizadores desses eventos  mantêm viva uma tradição tão importante para o país. “O Carnaval de rua é espetacular e merece todo o nosso reconhecimento”, conclui.

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