Pouca iluminação e ronda leva a insegurança dos alunos no turno da noite
Produzida por Jamile Romano
Não é de hoje que a comunidade acadêmica reclama da insegurança no campus da Universidade Federal do Acre, (Ufac), mais precisamente na capital, Rio Branco. Ocorrências de várias naturezas já foram registradas no local. A situação mais recente registrada e explanada pela universidade foi a de um assalto à mão armada sofrido por uma jovem do curso de Jornalismo.
Assaltada por dois adolescentes ao sair da aula no dia 16 de outubro, a estudante Ana Luiza conta que estava sozinha na parada de ônibus dentro do campus, em frente ao estacionamento do bloco, quando foi surpreendida por dois jovens armados.
“Eu achei estranho porque não costumo ver adolescentes nesse horário. Um sentou do meu lado na parada e o outro veio por trás com uma arma de fogo e encostou na lateral do meu corpo. Eu fiquei desesperada na hora, ele pediu meu celular, eu entreguei e comecei a chorar. Ele pediu pra eu me acalmar e pra fingir que conhecia ele, não transmitir reação. E foi revistando minha bolsa”, relatou.
Poucos minutos depois, outros alunos saíram da aula e também foram em direção à parada de ônibus. “Falaram pra eu ficar calada, não demonstrar nada que eles iam embora. Aí eles foram andando em direção ao lago e eu comecei a chorar de nervosa. Um momento de terror”, completou a estudante.
Ana Luiza conta que não se sente mais segura no Campus, não consegue mais caminhar tranquilamente e nem ficar sozinha. Como seu curso é noturno, precisa enfrentar o horário que considera mais propício a assaltos. “Pra piorar, meu bloco ainda é precário, falta iluminação e segurança, então, não tem como eu me sentir bem ali”, desabafa.
Casos de abuso em História
Além do caso citado, o Centro Acadêmico Pedro Martinello, do curso de Bacharelado em História, denunciou casos de abuso, importunação sexual e ameaças que teriam sido cometidos por um estudante do curso. De acordo com uma nota oficial, o C.A. relata que o problema acontece desde o ano passado. Conversamos com Ian Paiva, coordenador de assuntos estudantis, que nos relatou que a violência praticada pelo acusado não ficou restrita ao curso de História.
“O crime com esse mesmo abusador já vem acontecendo na Ufac desde meados de 2020, quando o agressor deu ingresso no curso de bacharelado em História. E não só mulheres do curso de História foram assediadas, vítimas de agressões físicas, psicológicas, morais e sexuais. As mulheres de outros cursos também. Da Medicina, da Geografia, da Engenharia Florestal. Nós temos inúmeros relatos de vítimas que se juntaram e que foram na porta da Reitoria para fazer protesto contra a omissão da Ufac nesse momento”, explicou Paiva.
Ian ainda explica que após diversos acontecimentos, alunos fizeram um abaixo-assinado para pedir providências e encaminharam à administração da Ufac. O aluno foi suspenso, proibido de participar de atividades acadêmicas e de frequentar o campus universitário enquanto não for encerrada a apuração disciplinar contra ele.
“Nós, enquanto coordenadores do Centro Acadêmico, reunimos os dirigentes do Centro para fazermos ações e movermos medidas na esfera administrativa e judicial. Tanto é que ele está afastado da Ufac como medida protetiva”, afirmou Ian Paiva. Atualmente o aluno não pode entrar na Ufac e, caso entre, a retirada dele do Campus será feita pela Polícia Federal.
Posicionamento da UFAC
O coordenador de segurança da Ufac, Edizio Souza, esclareceu que a universidade conta com um sistema de monitoramento de 378 câmeras funcionando e que elas são monitoradas todos os dias. “Em média temos seis câmeras em cada bloco além da nossa central, que funciona 24 horas. Assim, temos um controle de tudo que se passa no campus.”
Ao ser questionado sobre o assalto que ocorreu com a estudante, Edizio Souza afirma ser um caso isolado, já que este foi o primeiro assalto registrado no ano. E ressaltou o trabalho intensivo da equipe de segurança. “As maiores ocorrências que temos aqui na universidade são roubos de moto e de bicicleta. Às vezes por descuido, por nem sequer trancar o seu veículo ou travá-lo. O último roubo que tivemos aqui, por exemplo, foi de uma bicicleta, mas nós conseguimos surpreender o meliante e pegamos ele”, explicou.
O chefe de segurança esclarece que a Ufac conta com um número de WhatsApp que funciona 24 horas por dia e que serve para ser relatado qualquer problema relacionado à segurança “Nós temos um número de zap que quando você liga dá direto na central e eles já repassam a demanda para as rondas. Funciona 24 horas”, disse.
O número do Disque Vigilância é 3901-2501.
Vale ressaltar que o assunto violência na Ufac sempre é relatado aqui, pois infelizmente vez ou outra um fato novo envolvendo esse tema acontece.