Cotidiano

Cooperativas agroextrativistas do Acre movimentam R$ 46 milhões em produtos

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 4.160 famílias agricultoras têm sua matéria-prima comprada pela Cooperacre e Coopel

Repórter: Bruna Rozalina de Freitas.

Seleção de castanhas por trabalhador da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do AcreCooperacre. Foto: Bruna Rosa.

Nascido em uma família de agricultores, Paulo Sérgio Pinheiro de 40 anos, natural do
município de Xapuri, cresceu aprendendo desde cedo a produzir borracha nos seringais com
os seus avós que eram seringueiros e depois com os seus pais no ramo da agricultura com a
produção de arroz, feijão e criação de animais. Apesar de aprender a mexer com a terra desde
cedo, Paulo Sérgio começou a produzir castanha e ganhar seu dinheiro somente aos 18 anos.

“Comecei a ser produtor desde que me tornei de maior, mas quando cheguei no projeto de
assentamento de Xapuri eu tinha cinco anos, então eu moro neste lugar há 35 anos e desde
esse período eu sempre produzi, não fazia negócios, mas, a partir do momento que me tornei de maior e comecei a ganhar meu dinheiro com meu trabalho, eu entrei no ramo e estou até
hoje”, explicou.

Atualmente, Paulo, além de ser produtor rural e sócio da Cooperxapuri filiada à Cooperacre,
desde a sua fundação em 2018, é funcionário público, agente comunitário de saúde, atuando
na comunidade na qual reside no projeto de assentamento agroextrativista do seringal
Equador em Xapuri.

Na cooperativa, administra o cultivo da castanha e a produção da borracha, que se tornaram
uma fonte de renda extra. “Além da comercialização da castanha e borracha, a minha
intenção é ampliar para a produção de café e cultivo de frutas. Hoje me sinto feliz em estar
colaborando com a indústria alimentícia, porque é dessa forma que a nossa matéria-prima
está sendo valorizada, agregando valor e obtendo melhores rendas. No passado, quando não
comercializávamos para uma indústria, os nossos produtos eram desvalorizados, e agora
através da comercialização para a Cooperacre, nossos produtos têm muito mais valor,
chegando a faturar com o mercado R$30 mil reais”, explicou.

Produtos selecionados para compor as prateleiras de mercados, comércios e estabelecimentos do estado. Foto: Bruna Rosa.

Beneficiando diretamente quatro mil famílias, a Cooperativa Central de Comercialização
Extrativista do Acre (Cooperacre), que trabalha com a produção e exportação de polpas de
frutas, castanha-do-Brasil, borracha e em breve o café, movimentou, em 2022, R$40 milhões.
A Cooperativa dos Agricultores e Pecuaristas da Regional do Baixo Acre (Coopel), faturou
R$6 milhões com a comercialização da manteiga, doce de leite, queijo e leite, em grande
escala.

Com a comercialização no estado, os produtos extrativistas da Cooperacre são exportados
para outros nove países, entre eles Estados Unidos e Emirados Árabes. A Coopel,
comercializa a produção nas padarias, comércios e nos grandes mercados da região acreana.

A movimentação da cadeia produtiva é feita por acordo técnico com a Agência Brasileira de
Promoção de Exportação e Investimentos (Apex Brasil), que atua na comercialização dos
produtos de cooperativas brasileiras no exterior para atrair investidores nos setores da
economia do estado e possibilitar a inserção das cooperativas nas cadeias globais de valor e
investimentos.

Kássio Almada, gerente de vendas da Cooperacre, ressalta que os produtos agroextrativistas
movimentam em média 40 milhões por ano na economia acreana. “Os produtos da
biodiversidade estão cada vez mais em evidência, devido à emissão zero de carbono, é um
produto totalmente sustentável que tem proporcionado uma grande diferença nos produtos
extrativistas não-madeireiros na agregação de valor da região”, declarou.

Matéria-prima e Geração de Emprego

A matéria-prima disponível no estado não é capaz de suprir a grande demanda de
encomendas que as cooperativas recebem para fazer as exportações dos produtos
agroextrativistas, para isso é preciso adquirir matéria-prima de outros estados e municípios. A
Cooperacre adquire de diversas comunidades extrativistas acreanas e de estados como Pará,
Amazonas e Mato Grosso. Na Coopel, a matéria-prima é adquirida por 160 produtores dos
municípios de Acrelândia, Plácido de Castro, Quinari, Capixaba, Xapuri, Brasiléia e
Epitaciolândia.

Preparação do leite para a produção de queijo na cooperativa dos Agricultores e Pecuaristas da Região do Baixo Acre – Coopel. Foto: Bruna Rosa.

Ezequiel Rodrigues, presidente da Coopel explica que a compra de matéria-prima em outros
municípios é uma estratégia. “É uma estratégia para suprir toda demanda que os comércios e
mercados locais precisam, além das exportações para outros países que outras cooperativas
proporcionam”, comentou.

Conforme foi relatado, a produção de emprego e renda é um caminho possível com a junção
dos pequenos produtores rurais, sendo possível que somente duas indústrias cooperativistas
gerem 320 empregos diretos e indiretos na capital acreana. Com a Cooperacre
proporcionando 260 empregos de forma direta, e a Coopel, 60 empregos de forma direta.
Gerando também empregos de forma indireta, comprando a produção dos produtores
familiares, dos extrativistas, e dos pequenos e médios agricultores da amazônia, contribuindo
para um impacto positivo na economia local, proporcionando melhor qualidade de vida aos
envolvidos.

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