Esporte

Governo em falta com o futebol acreano

Estado promete convênio de R$2 milhões para times de futebol profissional do Acre, mas não conclui repasse

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Por Gustavo Almeida de Sousa

Foto: Gustavo Almeida de Sousa

No ano de 2022, os clubes do futebol acreano acabaram fechando acordo com o Governo do Acre, para repassar de R$1 milhão para os clubes de futebol profissional do estado, como uma forma de incentivar o esporte e melhorar os resultados nas competições nacionais.

Porém, esse repasse ficou apenas nas promessas do secretário Aberson Carvalho, da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, que falava sobre aguardar liberação da verba até o final do ano da temporada passada, o que acabou não acontecendo.

Em 2023, foi feito um novo acordo com as times acreanos acreanas e o repasse passou a ser no valor de R$2 milhões, mas novamente acabou não sendo realizado.

Em entrevista ao Jornal A Catraia, da Universidade Federal do Acre (Ufac), o presidente da Associação Desportiva Senador Guiomard (Adesg), Oscar Harlen, demonstra desânimo quando perguntado sobre a possibilidade desse dinheiro chegar ao clube: “Contávamos 100% com esse convênio. Não temos retorno nem previsão, acredito que não sai mais. Com toda certeza poderíamos montar um time bem competitivo. Até tivemos um patrocínio através da Federação (Federação de Futebol do Acre). Que sem ele seria praticamente impossível continuar ativos. Mas não conseguimos montar uma equipe para disputar de igual para igual com as outras.”

Ele ainda afirma que para não prejudicar os atletas resolveu manter os pés no chão e não fazer contratações ou movimentações de grande aporte financeiro. 

O dirigente do clube do interior disponibilizou o contato do zagueiro Renner Salles de Souza para entendermos o impacto que essa promessa não efetivada pelo governo teve no clube do interior.

Renner durante partida do Campeonato Acreano 2022 pela Adesg Foto: Arquivo pessoal/Manoel Façanha

Segundo o jogador, a equipe teria mais força para disputar com os times maiores com esse dinheiro que serviria para contratar mais peças para o elenco. “O nosso presidente contava muito com esse repasse que o governo prometeu para comprar material para treino, ajustar a estrutura do clube. Com esse repasse seriam feitas algumas contratações, mas como não saiu, complicou muito e ele realizou o básico. Ele contava muito com esse repasse para pagar o nosso salário e o que combinou com a gente, mas ele cumpriu dentro do possível o fortalecimento da equipe.”, afirmou Renner. 

Em uma posição totalmente diferente, o Humaitá, vice-campeão estadual de 2023, presidido por Igor Cotta, conseguiu bancar os custos da temporada com os ganhos do ano passado. Segundo o dirigente, o clube tem dinheiro para bancar os custos do ano da temporada e diz nunca ter contado com convênio.

“Investimos todo o dinheiro conquistado do ano passado nas competições nacionais e estaduais. Eu nunca contei com esse repasse. Se sair, será um bônus, bom para todos os clubes, fortalecerá. Eles deveriam olhar o nosso esporte com outros olhos. A cada ano, ao invés dos clubes estarem progredindo, estão regredindo por essa falta de apoio.”. Explica o dirigente do Humaitá.

No Brasil inteiro a situação dos pequenos clubes não é diferente, por conta disso alguns deles aderiram ao modelo de negócio conhecido como Sociedade Anônima do Futebol (SAF), instituída a partir da Lei SAF 14.193 aprovada em 2021. Visando permitir a reorganização societária dos clubes brasileiros, incentivando investimentos e viabilizando também a recuperação de grandes clubes que se encontram em difícil situação financeira e operacional.

Na Série A, do Campeonato Brasileiro, seis times aderiram ao projeto SAF, o Botafogo e o Cuiabá. Sendo o Cuiabá o primeiro a se tornar parte de uma SAF, além do Red Bull Bragantino, o Vasco, o Cruzeiro, e o último deles, o Coritiba, negociado em 90% por R$ 1,1 Bilhão, conforme aponta o site ge.globo.com.

Quando perguntado sobre o modelo de projeto da sociedade anônima, o presidente da Adesg explicou ser necessário estudar mais sobre o assunto e o que tem que ser feito, mas caso surgisse investidores com o projeto, ele aderiria. “Isso é um estudo grande que tem que ser feito. Claro que se achasse um grupo de investidores com um projeto vencedor, abriríamos conversa”, afirmou.

A verdade é que no futebol do país, os grandes salários e mega estruturas são de exclusividade dos principais clubes de liga, e quanto mais de divisão a equipe desce, menor é o aporte financeiro e retorno do clube.

Foto: Gustavo Almeida de Sousa

Com a promessa de repasse financeiro por parte do Governo do Estado do Acre, os clubes acreanos esperavam melhorar o nível do estadual e como consequência disso obter melhores resultados nas competições nacionais como Copa Verde, Série D e Copa do Brasil.

A redação do Jornal A Catraia tentou contatar o Governo do Estado por meio do responsável pela Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esportes, Aberson Carvalho, mas sem sucesso.

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