Profissionais da saúde devem adotar medidas preventivas para garantir a segurança dos pacientes. Foto: Santiago Iñiguez/Getty Images
Por Inayme Lobo, Luanna Lins, Maxmone Dias e Tiago Soares
Dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), publicados no Relatório Mundial sobre Prevenção e Controle de Infecção, mostram que 70% das infecções hospitalares podem ser evitadas quando realizada uma boa higiene das mãos e adotadas demais práticas custo-efetivas.
O documento, que teve sua primeira edição lançada em 2022, ressalta que 10% dos pacientes, durante a internação hospitalar, morrem quando acometidos por alguma infecção relacionada à atenção à saúde (IRAS), ou seja, quando são infectados durante algum procedimento assistencial ou na internação. No Brasil, a taxa de IRAS é ainda maior, chegando a 14%. A recomendação da OMS é que o índice não ultrapasse os 5%.
De acordo com o infectologista e coordenador do Conselho de Controle de Infecção Hospitalar, da Fundação Hospitalar Estadual do Acre (Fundhacre), Alan Areal, a lavagem das mãos integra iniciativas e protocolos que prezam pela saúde e segurança de pacientes e profissionais. Ainda segundo o profissional, a prática deve ser realizada antes, durante e após os procedimentos médicos e hospitalares.
“É algo básico e antigo, mas ainda representa um desafio para os profissionais de saúde, no sentido destes compreenderem a importância desse ato que é simples. A higiene das mãos serve para prevenir a disseminação de infecções, tanto entre os profissionais de saúde, quanto entre os pacientes”, explica Alan Areal.
Com foco na prevenção, a Fundação Hospitalar Estadual do Acre implementou, em 2022, um programa que realiza treinamentos constantes para os profissionais e que tem o objetivo de conscientizar sobre o ato de lavar as mãos. “O programa está em vigor há um ano e tem reduzido os riscos de infecções na unidade de saúde. Trata-se de uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde, na qual a Fundação foi convidada para participar e abraçou a causa”, destaca o infectologista.
Recomendações no ambiente hospitalar
Sandra Oliveira, que é enfermeira e responsável por ministrar as capacitações sobre higiene das mãos na Fundhacre, explica que a prática deve ser realizada com uso de álcool entre 60% a 80%, desinfetante ou com água e sabonete líquido. No ambiente hospitalar, o recomendado é que a lavagem das mãos seja realizada em cinco momentos:
Antes de entrar em contato com o paciente
Antes da realização de procedimentos limpos/assépticos
Após o risco de exposição a fluidos corporais ou excreções
Após o contato com o paciente
Após tocar superfícies próximas ao paciente.
“Diariamente, cada profissional de saúde entra em contato com milhares de pessoas, e são nesses momentos em que as mãos podem se tornar veículos de doenças. Por isso, é de suma importância reforçarmos constantemente a necessidade da lavagem das mãos e realizarmos treinamentos na unidade”, afirma Sandra Oliveira.
Maneiras de melhorar a prática de higienização das mãos
Para além do ambiente hospitalar, conforme explica a professora do curso de Enfermagem, da Universidade Federal do Acre (Ufac), Valéria Rodrigues, a lavagem das mãos ganhou um novo significado para a população, principalmente após a pandemia de Covid-19. “É crucial investirmos na educação em saúde, destacando a importância da lavagem das mãos e do cuidado conosco e com o próximo”.
Lave as mãos com frequência: é importante lavar as mãos regularmente, especialmente em momentos cruciais, como antes de comer, depois de usar o banheiro, após tossir ou espirrar e após tocar superfícies públicas.
Use água e sabão: lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos é a forma mais eficaz de remoção de vírus e bactérias. Certifique-se de esfregar todas as áreas das mãos, incluindo as palmas, costas, entre os dedos e debaixo das unhas.
Use desinfetante para as mãos: quando não for possível lavar as mãos com água e sabão, é recomendado o uso de um desinfetante para as mãos à base de álcool com concentração de pelo menos 60%.
Evite tocar o rosto: caso não seja possível higienizar as mãos, evite tocar o rosto, especialmente a boca, o nariz e os olhos, pois essas áreas são portas de entrada para os vírus.