“Eu gosto muito da minha cidade, mas infelizmente lá não tem muitas oportunidades de emprego e nem de crescimento”, disse Laís.
Por Adélia Galdino e Carolina Torres
O processo migratório no estado do Acre tem se alavancado para o Sul e o Sudeste, em decorrência de vários problemas enfrentados pela população acreana, como a falta de segurança pública, além da ausência de emprego e qualidade de vida. Estados pequenos e menos desenvolvidos como o Acre, que são distantes do resto do Brasil, sofrem consequências com os elevados custos em transporte, alimentação, saúde, moradia entre outros.
Os acreanos têm pesquisado cidades perfeitas para se morar, e planejado a tão sonhada mudança para outro estado, as principais escolhas têm sido cidades do Sul e Sudeste, que oferecem benefícios que não são encontrados no Acre. Como a publicitária Larissa Castro, a correspondente bancária Laís Torres e a aposentada federal, Margarida Reis, que resolveram se mudar para Curitiba-Paraná e Florianópolis-SC.
As entrevistadas relatam o processo de mudança desde suas aspirações, dificuldades e sonhos, que envolve organização e planejamento a fim de conseguir se estabilizar em um novo lugar.
A publicitária e bacharel em direito Larissa Castro, de 29 anos, é natural da cidade de Feijó, no entanto morava na capital Rio Branco. Em 2021 ela resolveu se mudar para Curitiba – Paraná.
Larissa relata que sempre teve vontade de sair do Acre. “Porém , ainda não tinha estabilidade e nem independência financeira para isso. Me organizei, me estruturei e quando tive a oportunidade eu saí. Mudei juntamente com meu noivo”.
No estado do Acre ela trabalhava como coordenadora de Marketing em uma empresa e um dos problemas era a limitação oferecida pelo estado. “O único problema mesmo era a limitação que o estado oferece. Sempre quis me desenvolver mais profissionalmente e no Acre eu não tinha tanto”, afirma a publicitária.
A feijoense destaca que a cidade de Curitiba oferece melhor qualidade de vida, com mais oportunidade de emprego, próximo de grandes centros e de outras cidades. “com apenas 1h30min de carro já estou no litoral, posso pegar uma praia, coisa que não tinha no Acre”. Além disso, Curitiba foi eleita a melhor capital para se viver em 2021, possuindo um dos melhores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil.
Atualmente, Larissa trabalha em home office. “Meu contrato é de tele trabalho, então qualquer lugar do Brasil eu poderia ir, porém escolhi Curitiba”. Ela também faz uma comparação com relação à média salarial do Acre ao de Curitiba, “O salário também está na média exigida do piso salarial da minha profissão. No Acre eu trabalhava presencialmente e tinha uma qualidade profissional muito inferior ao que eu tenho agora. Hoje consigo trabalhar de casa, juntamente com meu noivo. Não preciso pegar trânsito, tenho meus animais perto de mim e tenho uma saúde mental muito melhor”.
Uma das dificuldades relatadas é a distância familiar e ter que se adaptar a novas culturas. “Fora isso, está tudo muito maravilhoso. Sempre fui muito flexível a mudanças”.
A publicitária deixa algumas recomendações para quem também planeja um dia se mudar para Curitiba ou outra cidade do Brasil, “primeiro, organização, é necessário se organizar financeiramente e ter pelo menos um valor de emergência para se manter pelo menos uns 3 meses. É necessário também muito planejamento e muita coragem. Não foi fácil abandonar uma vida profissional bem estável e toda minha família, porém não me arrependo”, finaliza Larissa.
Oportunidades de emprego
Laís Andréa Torres da Silva também é uma das várias pessoas que se mudaram para Florianópolis – Santa Catarina, com 24 anos, é formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Acre (UFAC), e morava em Rio Branco.
Ela destaca que devido a pandemia apenas estudava. E a falta de emprego foi um dos motivadores para ocasionar a mudança “eu gosto muito da minha cidade, mas infelizmente lá não tem muitas oportunidades de emprego e nem de crescimento, fiquei muito tempo lutando para conseguir um emprego para que eu pudesse me manter e não conseguia em lugar nenhum e isso foi um dos grandes motivos que me fez vir embora e mudar totalmente a minha vida”.
Laís destaca que o apoio de familiares e amigos, foi um fator importante para a mudança, além da inspiração de obter novas oportunidades de emprego, crescimento e qualidade de vida. “Eu vim com uma outra amiga, tive ajuda dela e apoio da minha mãe. O que me inspirou a sair do Acre foi a busca por novas oportunidades de crescimento e poder ter melhores condições de vida, escolhi Florianópolis porque me apresentou tudo isso, e aqui eu tenho feito muita coisa que em Rio Branco eu só sonhava, é uma cidade linda e cheia de oportunidades”.
Atualmente Laís é correspondente bancária no Paraná Banco, ela destaca que apareceram muitas oportunidades de emprego e escolheu o que melhor se encaixava com seus horários disponíveis. “Assim que cheguei aqui, eu consegui um emprego na primeira semana, só que não batia com os meus horários de aula, pois eu ainda estava em ensino remoto pela UFAC, e então eu saí e consegui esse bem rápido, também porque aqui tem muitas vagas de emprego, você encontra vagas de emprego a cada esquina que você passa, e todas são vagas boas que são para todas as profissões”.
Ela relata um pouco das dificuldades iniciais em Florianópolis “estou amando morar aqui, ainda não me acostumei às baixas temperaturas. No início foi um pouco assustador estar tão longe da minha família e amigos e tentar lutar em um lugar que eu nunca tinha conhecido”.
A correspondente comenta que deseja voltar ao Acre apenas para visitar, mas que não pensa em morar novamente, além de algumas recomendações para quem deseja fazer uma mudança de vida. “Eu quero muito voltar para visitar o Acre, ver minha família e meus amigos, mas não penso em voltar a morar lá. E para quem pensa em sair do Acre em busca de novas oportunidades, eu recomendo muito, pois você vê um leque de oportunidades que se abrem em outros lugares, só que tem que ir preparado para tudo, até conseguir se estabilizar em uma nova cidade”, finaliza Laís.
Um local para quem busca sossego
Florianópolis, além de ser um lugar para quem procura emprego, também é muito buscado por quem quer descansar e ficar próximo da família, como a aposentada federal Margarida Reis, que escolheu a capital por conta das filhas que residem lá desde 2000. “Ao me aposentar há 11 anos atrás vim com o meu marido morar aqui, no começo foi difícil a adaptação, mas hoje gostamos muito, temos uma boa qualidade de vida, um bom círculo de amigos, a violência é baixa e o sistema de saúde é muito bom”, mas ela destaca que viver fora do acre é viver de saudades e sempre que pode retorna para visitar os amigos e familiares.