Projeto explora vivências de pessoas anônimas que integram a comunidade e contribuem para o debate da diversidade no estado
PorGabriel Freire e Guilherme Limes
Incentivar a cultura acreana em tempos de pandemia tem sido um dos grandes desafios para produtores de cultura do estado. Com a série intitulada “O Acre Resiste”, disponível no Instagram, o jornalista e produtor cultural Daniel Scarcello, 25 anos, busca valorizar personalidades locais LGBTQIAP+ por meio de sete vídeos que contam histórias e vivências pessoais de nove entrevistados.
“A série está dividida em sete vídeos por temáticas. Inicialmente a ideia era dividir os vídeos pelas siglas para tentar abranger boa parte da comunidade”, explica.
A iniciativa teve início em dezembro de 2019 quando Scarcello resolveu colocar o projeto escrito em prática, do papel para uma sequência de vídeos todos gravados em fevereiro e com cronograma definido para postagem. Os vídeos vão ao ar às segundas e sextas, 19h.
“Eu poderia estar aí fazendo vídeos sobre filmes e outras culturas, mas aí eu penso: Já tem tanta gente falando sobre isso, então eu queria encontrar alguma coisa que não tivesse. Bom, o Acre que é o meu lugar, nosso lugar de fala, e que acho que carece muito de coisas nossas, sabe? Referências nossas. Nós estamos sempre buscando muito de fora. Acho que nós precisamos nos fortalecer muito em relação a nossa regionalidade e cultura, então eu quis manter isso”, relatou.
O jornalista explica que preferiu convidar pessoas que não fossem referências ou especialistas sobre a temática, e optou por trazer pessoas do cotidiano com suas vivências das mais diversas áreas de atuação social e profissional para explorar a diversidade de pessoas anônimas que fazem parte da comunidade
“Eu busquei fazer uma referência de gerações nos vídeos. Não foram fáceis em todos, busquei ter uma diversidade dos entrevistados de um para o outro para que nós pudéssemos ter locais de fala dentro da própria pauta”, explicou.
A intenção da série é tratar os temas com mais leveza e tranquilidade. A questão da sensibilidade nos vídeos é tratada com o objetivo de aproximar quem estiver assistindo a entender as vivências por trás das histórias de vida daquelas personalidades.
Nos vídeos, o jornalista traz dados referentes a casos de agressões sofridas por pessoas que pertencem a comunidade. Scarcello acredita que quanto mais estes assuntos puderem ser compartilhados e discutidos mais pessoas poderão entender sobre as temáticas.
“Há várias pessoas que ainda não sabem lidar bem com a sua sexualidade ou sua identidade de gênero. Então quanto mais nós normalizamos para que estas pessoas saibam lidar, tirando esse peso e deixando essa pauta mais leve como deve ser, as pessoas passarão a entender que isso é mais uma questão de característica nossa”, frisou.
A inspiração para a criação da série surgiu a partir de projeções pessoais que o jornalista preferiu compartilhar consigo e com outras pessoas que também se identifiquem com o assunto. E até mesmo para ter um compartilhamento de ideias com outras pessoas para uma troca de experiências e vivências pessoais.
Movimento
Criada em 1978 pelo artista norte-americano Gilbert Baker, a bandeira com as cores do arco-íris representa o movimento LGBTQIAP+, símbolo do orgulho gay reconhecido no mundo. Junho é o mês do orgulho LGBTQIAP+, a data alusiva representa para comunidade LGBTQIAP+ as manifestações ocorridas em 8 de junho de 1969, nos Estados Unidos, contra a polícia de Nova Iorque na Rebelião de Stonewall.
A rebelião ocorreu no bairro de Greenwich Village no bar Stonewall Inn na cidade Manhattan. O movimento ganhou adeptos na luta por direitos no país e no mundo. Com apoio da multidão, moradores de Greenwich Village se organizaram para os protestos que duraram semanas e uniram-se em torno das causas.
LGBTfobia no país
Com finalidade de combater a LGBTfobia e discriminação por identidade de gênero e orientação sexual foi criado em 3 de agosto de 2017 pelo Conselho Estadual de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, decreto n° 7.311. Tem o intuito de propor políticas públicas voltadas para comunidade e assim diminuir a violência, a desigualdade social e desconstruir preconceitos enraizados na sociedade.
Denúncias
Com pena de 1 a 3 anos de prisão, a LGBTfobia é equiparada ao crime de racismo de acordo com o Supremo Tribunal Federal. Em caso de violência Disque 100 através do portal no site http://www.disque100.gov.br ou pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil. Qualquer dúvida sobre as políticas ou orientação psicológica: direitoshumanos.seasdhm@gmail.com.
O Ministério Público do Estado do Acre (MP/AC) também vem atendendo casos de denúncia através do Centro de Atendimento à Vítima (CAV) por meio do aplicativo CAV MPAC disponibilizado para aparelhos com sistema operacional Android, pelo WhatsApp no número (68) 9 99934701 ou pelo e-mail cav@mpac.mp.br.