Acre tem mais de 114 mil pessoas que não tomaram nenhuma dose contra a covid-19

Dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) mostram uma situação alarmante envolvendo a vacinação contra a covid-19 no Estado.

Por Ana Bessa e Evander Oliveira

Segundo os dados do portal Pacto Acre Sem Covid, atualizados diariamente pela Sesacre, o Estado possui como meta em seu plano vacinar 681.886 pessoas contra a covid-19, mas até o momento aplicou 566.240 primeiras doses, o que leva a entender que mais de 114 mil pessoas não tomaram nenhuma dose desde que a vacinação começou em meados de janeiro.

Segundo informações da pasta, a quantidade de primeira dose aplicada até agora equivale a uma taxa da cobertura vacinal em torno de 83%. Em relação a segunda dose e dose única, o Estado aplicou 432.866 doses, equivalente à 65% da meta de vacinação e restando mais de 250 mil doses a serem aplicadas.

Casos recentes

Apesar do esquema vacinal completo e da baixa ocupação em leitos provenientes da covid-19, os feriados do mês de novembro mostraram que os cuidados ainda devem ser mantidos enquanto a vacinação não alcança sua meta. Na época, o médico infectologista Thor Dantas usou as redes sociais para comentar um surto de casos da doença no curso de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), que infectou 19 alunos e levou à interrupção das aulas presenciais.

Segundo Thor, o surto entre alunos mostra que apesar de estarmos na faixa verde, a pandemia ainda persiste. “Como mostram também os exemplos mundiais de aumento expressivo de casos que estão sendo vistos em países como Alemanha e Holanda, cuidados precisam ser mantidos”, afirma.

Meios para alcançar a meta

Com a estagnação da vacinação, bem como os surtos que surgem ao redor do mundo, o governo do Estado instaurou o decreto n° 10.599 no dia 29 de novembro, no qual exige a apresentação do comprovante de vacinação no âmbito estadual. A exigência serve para a entrada nas repartições públicas, eventos sociais, culturais, recreativos, esportivos, religiosos e similares, sejam eles públicos ou particulares com público superior a 100 pessoas.

O passaporte da vacina desencadeou reações diversas da população, entre elas o recente protesto de um pequeno grupo contra a obrigatoriedade do passaporte sanitário para se entrar em estabelecimentos públicos. O protesto ocorreu no último dia, 7, na frente da Câmara de Rio Branco, onde os manifestantes afirmam que tal medida fere os princípios da liberdade de “ir e vir”.

Em contrapartida, o médico infectologista Thor Dantas alega que, apesar de ainda não estabelecida uma meta de vacinação para se deixar de usar as máscaras, atualmente a meta para o esquema básico de primeira e segunda dose seja efetivo, deve-se atingir algo em torno de 80% a 90% da população acreana.

Ainda segundo Thor, a dose de reforço vem se mostrando algo essencial no aumento da imunidade, o que pode vir a ser uma presença garantida no esquema vacinal anual do rio-branquense. “O que sabemos, e está bastante claro, é que a terceira dose muito provavelmente vai ser parte de um calendário básico de vacinação. Os dados científicos mostram que esse reforço é muito eficaz em promover uma imunidade mais forte de modo que, muito provavelmente, a gente vai considerar uma imunidade duradoura para todo mundo quando todos tiverem a terceira dose”, destaca o médico.