Cotidiano

Bate-papo sobre capacitismo na sociedade acontece na segunda-feira em alusão ao dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual

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Por Gercineide Maia

A Associação das Pessoas com Deficiência Visual do Acre (Adevi) realiza segunda-feira, 13, a partir das 15 horas, um bate-papo, no canal do Youtube.  O evento traz discussões entorno do capacitismo, como acontece na sociedade e como deve ser combatido e tem como palestrante o professor Francisco Héliton do Nascimento, Mestre Educação Profissional e Tecnológica, do Instituto Federal do Acre (Ifac).  Participam desse encontro pessoas cegas e com baixa visão e seus familiares, professores, atendentes educacionais, dentre outros convidados.

Com o objetivo de incentivar o princípio de solidariedade humano, o dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual foi instituído em 26 de julho de 1961, por meio do Decreto nº 51.045, pelo presidente do Brasil, Jânio Quadros. A princípio, essa data foi nomeada como o dia do cego e com o passar dos anos passou a ter essa nova denominação para incluir também pessoas com baixa visão, resguardando esse público contra toda e qualquer forma de preconceito e discriminação, um direito inclusive presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Segundo a Pesquisa Nacional de Informação e Gênero (2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no Brasil, há mais de 6,5 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência visual e desse total 11 mil aproximadamente, são pessoas cegas e com baixa visão no Estado do Acre.

De acordo com o professor Francisco Héliton do Nascimento, o termo capacitismo deriva da tradução da palavra em inglês ableism. “Assim como o racismo está para as pessoas negras, o capacitismo está para as pessoas com deficiência. Capacitismo é excluir as pessoas em razão da deficiência, ou seja, é discriminar uma pessoa porque ela tem deficiência”, o professor complementa. “(A discriminação) ocorre de várias formas: por meio do preconceito e discriminação, quando as pessoas com deficiência são excluídas pela ausência de acessibilidade, por não pensarem em planejamento, em programas humanos que incluam essas pessoas”.

Francisco Héliton do Nascimento, Mestre Educação Profissional e Tecnológica, do Instituto Federal do Acre (Ifac) será o palestrante do evento em alusão ao dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual

Nascimento relata que um exemplo desse tipo de preconceito e discriminação acontece durante a construção de uma casa. “Imagine que você é uma pessoa esbelta, 1,80 cm, 70 quilos e imagina que na porta de entrada só precisa passar você. Por conta disso, manda fazer uma porta com 60cm de largura, mas você esquece que na sua cidade, na sua própria família tem pessoas obesas, com mobilidade reduzida ou que usam cadeiras de rodas”.

A coordenadora da Adevi, professora Lidiane dos Santos Mariano, primeira pessoa com cegueira formada em Química no Brasil, explanou que diálogos como esse são importantes para a inclusão. “Quem não sabe destaca o preconceito em relação a nossa capacidade, causando discriminação, impossibilitando o reconhecimento das capacidades humanas. Esse estruturalismo centra-se no modelo das pessoas consideradas normais e as pessoas com deficiência sofrem com isso, porque acabam ficando na invisibilidade”.

A coordenadora da Adevi, professora Lidiane dos Santos Mariano, primeira pessoa com cegueira formada em Química no Brasil

Mariano relata que expressões e atitudes preconceituosas passam despercebidas no dia a dia. “Às vezes isso aparece nas piadas ofensivas, nas brincadeiras que ridicularizam, nos julgamentos em relação ao que podemos fazer, sempre nos subestimando. Primeiro é preciso que haja respeito e empatia”, explica a professora.

Professora Maria Alaíde Sales de Castro, formada em Pedagogia e pós-graduada em Educação Inclusiva, do Núcleo de Apoio à Inclusão – (Napi), de Cruzeiro do Sul, pessoa com cegueira, fala da relevância desse dia para as pessoas com deficiência visual. “Neste dia também analisamos e interpretamos os nossos direitos, aquilo que temos e o que queremos. Uma de nossas análises é sobre o capacitismo”.

Professora Maria Alaíde Sales de Castro do Núcleo de Apoio à Inclusão – (Napi), de Cruzeiro do Sul explica que o preconceito ainda é muito nítido na sociedade

Castro conta que o preconceito social enfrentado pelas pessoas com deficiência ainda é muito nítido, um desses atos de capacitismo é quando uma pessoa se dirige a outra em vez de se dirigir a própria pessoa com deficiência visual. “Em alguns momentos, o capacitismo é muito visível. Nossa inteligência é medida pela nossa deficiência quando, na verdade, o que queremos, principalmente, é o respeito. A todos às pessoas com deficiência visual, o meu carinho”, diz a professora.

Diga não à toda e qualquer forma de preconceito e discriminação praticados na sociedade!

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