Cotidiano

A importância da ação voluntária no cuidado de crianças vulneráveis

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Foto: Reprodução

Por Bruna Kéren e Carina Melo

No Brasil, quando são descobertos riscos, negligência, abandono, abuso e outras violações de direitos, crianças e jovens podem ser protegidos por cuidados institucionais. Tendo em conta os seus interesses, tais medidas de asilo podem ser temporárias até que eles se reintegrem na família ou sejam adotadas. Portanto, a maioria dos abrigos, casas de acolhimento e educandários necessita de voluntários para ajudar a recebê-los, criando assim um ambiente seguro e de confiança para o desenvolvimento psicossocial em todas as áreas do desenvolvimento infantil.

Dados do Sistema Nacional de Adoção em outubro de 2021 mostrava que existem mais de 29 mil crianças que moram em abrigos e outras 4 mil que estão aptas para adoção devido à situação de vulnerabilidade que encontram. São mais de 4 mil unidades de acolhimento em todo o país, além de redes voluntárias que ajudam essas instituições na educação, na saúde ou na evolução social das crianças, como também podem ajudar financeiramente.

Para o Coordenador Geral do Educandário Santa Margarida, Eduardo Vieira, o trabalho voluntário é muito importante para o desenvolvimento infantil. “O conjunto de voluntários que atuam na casa permitem às crianças o contato com diferentes pessoas, além daquelas do seu convívio direto diário. Isto amplia universos, permite experimentações diversas, ajuda na socialização e no entendimento do seu espaço na sociedade.” 

A voluntária Edenilse afirma que a relação é de puro afeto. “É algo espontâneo, desprovido de obrigações legais e compromissos formais.  E isso traz uma energia transformadora para a vida da criança acolhida que por meio disso tem a oportunidade de se sentir amada, de aprender a interagir e a se comunicar, desenvolver relações positivas. Além de receber, muitas vezes, cuidados que são essenciais ao seu desenvolvimento.” 

Fonte: Sistema Nacional de Adoção /  Reprodução: 8  de outubro de 2021

Outro aspecto importante a ser analisado é a realidade de crianças que muitas das vezes não é de fácil compreensão, além da singularidade de cada uma delas. Para Eduardo Vieira, “a maior dificuldade é entender a realidade e individualidade de cada criança. Cada uma tráz uma história, um perfil específico, e já acumula experiências que refletem no seu cotidiano. O entendimento destas especificidades e o respeito à individualidade de cada criança constituem um grande desafio que deve ser percebido pelo conjunto de profissionais e voluntários que atuam no Educandário.”

É válido ressaltar a importância da capacitação dos voluntários, pois essa é uma das dificuldades encontradas durante esse processo. “A equipe de cuidadores nem sempre está preparada para os cuidados que a criança necessita, considerando as especificidades da criança, aliado ao temor de cometermos falhas que prejudiquem a criança”, respondeu a voluntária sobre a maior dificuldade que encontrou no trabalho voluntário. 

Trabalhar com crianças em situação de risco é uma mudança de vida na realidade do voluntário, pois é um comprometimento com o trabalho desenvolvido na instituição e, o mais importante, com  com a criança – um laço que não deve se encerrar de uma hora para outra. Ademais, as pessoas que se dedicam a colaborar com o Educandário sentem uma mudança positiva em suas vidas.

“Tornar-se voluntário, de modo sistemático, te obriga a assumir compromissos de vida, a incluir em sua rotina o tempo necessário para honrar com os compromissos assumidos. Fazer parte da diretoria de uma entidade como o Educandário significa comprometer-se com a regularidade do funcionamento da casa, o bem-estar das crianças, as obrigações com os funcionários, etc. Avalio que esta experiência nos torna maiores, mais sensíveis aos problemas da sociedade. E te tira da zona de conforto de apenas criticar, mas te motiva a agir efetivamente por uma causa maior.” pontua o coordenador do Educandário. Para a voluntária, trabalhar com as crianças mostrou como ela poderia ser útil e o quanto é preciso ser responsável para atuar nessa área. 

E nesse ponto, o Educandário Santa Margarida faz parte de uma das mais de 300 instituições de acolhimento que existem na região Norte, onde mais de 1000 crianças estão em estado de acolhimento. A rede de apoio da instituição conta com mais de 100 voluntários, atuando em diversos setores como: acolhimento, saúde, educação, recreação, campanhas de arrecadação, melhorias das instalações físicas, comemoração dos aniversariantes do mês,  entre outras atividades que ocorrem.

Existem diversas formas de contribuir com ações voluntárias e uma delas é entrar em contato com o Educandário. Para “conhecer a realidade da casa e as necessidades do momento e, depois, a partir se sua experiência e conhecimentos,  identificar como pode se encaixar nas rotinas e atividades desenvolvidas. Ou também, buscando suprir carências que não passam necessariamente pelo contato direto com as crianças”, finaliza o coordenador.

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