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Cotidiano

A pandemia não acabou

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Por Camila Santos Gomes e Emilly Maria Souza dos Santos

A pandemia da covid-19 chegou rapidamente ao Brasil e foi declarada de forma repentina pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março de 2020. Uma doença nova neste país, desconhecida e que quem travaria essa batalha seriam “murros no escuro”.

De acordo com a OMS, o vírus Sars-Cov-2 é responsável pela doença Covid-19, sendo uma variação da família coronavírus. Sobre a transmissão, sabe-se que de início em Wuhan, no mercado de animais silvestres, onde o vírus deriva de animais, mais precisamente de morcegos, conhecido por carregar um grande número de coronavírus diferentes.

A transmissão começou a aumentar e foi preciso decretar uma pandemia para o vírus. A OMS já declarou pandemia, porém no ano de 2009, quando surgiu uma nova cepa de influenza H1N1. De acordo com o Painel Coronavírus, o Brasil já está em 23.751.782 de casos acumulados desde o início da pandemia e 166.539 novos casos até o momento. A doença se alastrou pelo mundo inteiro, ninguém a conhecia, infelizmente muitos brasileiros foram vítimas da covida e 622.563 perderam suas vidas.

A pandemia não acabou e a transmissão do vírus continua no Brasil e no mundo. A região da Europa, por exemplo, registra atualmente um milhão de novas infecções a cada um dia, aproximadamente, e relata mais de 110.187.000 desde o início da pandemia. As estatísticas diárias mostram que ocorreram pelo menos 1.935.000 mortes até agora. Já na Ásia e no Oriente Médio, ocorreram 93.343.000 infecções e 1.277.000 mortes. Esses dados são do site graphics.reuters.com.

IMPACTOS DA PANDEMIA

A vulnerabilidade social é uma realidade na vida dos brasileiros, de acordo com estudos feitos pelo World Inequality Lab (Laboratório das Desigualdades Mundiais), que integra a Escola de Economia de Paris, em 2021, o Brasil permanece sendo um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo.

A desigualdade é uma realidade dos brasileiros, mas com a covid-19 e os reflexos da pandemia essa veracidade foi ainda mais exposta. No dia a dia comum do país, nos deparamos com pessoas em vulnerabilidade social e econômica, aumento da fome e desnutrição, famílias sem recursos ou qualquer ajuda financeira. É possível perceber que o percentual de extrema fome e falta de oportunidades profissionais tem crescido muito mais nos últimos dois anos.

É muito mais comum ver famílias em situações vulneráveis morando em locais de espaços reduzidos, sem acesso à água potável e tratamento de esgoto, por exemplo, por isso, um estudo do Instituto Trata Brasil, a covid-19 contamina muito mais em áreas que não tem saneamento básico. Outro pilar muito importante a ser destacado é a suspensão de aulas por conta da transmissão do vírus. A suspensão das aulas foi um agravador que cooperou para a vulnerabilidade social de muitas famílias.

 Foto: Odair Leal/Secom

Crianças e adolescentes faziam suas únicas refeições do dia nas escolas e o acesso à educação tornava o momento atual desses jovens menos assustador, afinal, enxergavam uma saída para um futuro melhor. A situação ficou ainda pior quando o ensino remoto foi adotado. Muitos jovens ficaram sem estudar por não terem acesso à tecnologia. Um levantamento feito pela TIC Educação, apontou que 39% dos estudantes de escolas públicas urbanas não possuem computador em casa, já os de escolas particulares o índice é de 9%.

POLÍTICAS PÚBLICAS NA PANDEMIA

Segundo o levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas Social (FGV Social) durante a pesquisa Desigualdade de Impactos Trabalhista na Pandemia, a queda de renda entre os 10% mais ricos ficou em -7,16%, representando menos de ⅓ da queda de renda da metade mais pobre.

O professor Marcelo Neri, que conduziu a pesquisa, afirmou que o aumento do desemprego foi a causa de pouco mais da metade, -11,5%, da queda de renda de -21,5% dos mais pobres. Trabalhadores deixaram o trabalho ou foram demitidos, sem perspectivas de encontrar outra oportunidade de emprego durante a pandemia.

Diante de pesquisas e dados como esses, o governo federal lançou o Auxílio Emergencial ou coronavoucher, que nada mais é que um programa de renda mínima aos brasileiros encontrados em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de diminuir os impactos econômicos causados pela pandemia. O site do governo federal (www.gov.br) publicou que em junho de 2020 mais de 63,5 milhões de brasileiros receberam o auxílio emergencial.

Imagem: site Agência Brasil

No estado do Acre, também houve uma mobilização para colocar comida na mesa das famílias em vulnerabilidade socioeconômica. O governo do Estado, por meio da secretaria de Assistência Social, dos Direitos Humanos e Políticas para as mulheres (SEASDHM), lançou o programa Auxílio do Bem. Consiste basicamente em cartões com valores de R $150 a R $550, dependendo da situação de cada família cadastrada no Cadúnico, com a renda per capita de até R $178 e não inseridas em algum programa do governo federal.

O intuito é de ajudar os mais necessitados, que não possuem nenhum benefício, com os cartões, os comércios autorizados e parceiros do governo do estado, as famílias poderiam comprar alimentos durante três meses. O cartão era recarregado automaticamente todo início do mês.

Avaliação

Cerca de 17 mil animais são vítimas de abandono no Acre e número aumenta a cada ano

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Por Arielly Casas, Lucas Sousa e Gabriela Queiroz

O município de Rio Branco registra um número de quase 17 mil animais abandonados, segundo o Centro de Zoonoses da Prefeitura de Rio Branco. Esse dado também reflete uma realidade nacional, na qual 25% dos cães e 26% dos gatos estão em situação de abandono, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um exemplo é o caso de Mimoso, mascote adotado pela clínica veterinária Cães & Cia. Um dos médicos veterinários da clínica, Denis Costa, conta que o gato foi levado há mais de um ano pelo cuidador que o abandonou. O animal estava com uma miíase (infestação da pele por larvas de moscas que se alimentam do tecido do hospedeiro) na cabeça.

Costa também relata que foi um caso difícil de tratar e que ninguém acreditava na recuperação. Agora, após 18 meses, Mimoso está totalmente recuperado.

“O mascote que nós temos aqui, ninguém acreditava que estaria vivo. Era um caso em que ninguém confiava, e agora ele está esbanjando saúde”, disse o veterinário.

Na imagem, o veterinário Denis e o mascote Mimoso. Foto: Lucas Sousa

Esse não é o único registro de casos assim. Trata-se de uma questão alarmante, que cresce cada vez mais e configura um crime previsto na legislação brasileira. Segundo o artigo 32 da Lei Federal nº 9.605/1998, o abandono e os maus-tratos contra animais são crimes, com pena de três meses a um ano de detenção, além de multa. Em 2020, houve uma modificação, aumentando a pena para dois a cinco anos de reclusão, conforme a Lei Federal nº 14.064/2020.

ONGs

Um dos maiores desafios enfrentados pelos ativistas de Organizações Não Governamentais (ONGs) é o alto custo dos tratamentos para os animais resgatados. Vanessa Facundes, presidente da ONG Patinha Carente, explica que a organização não consegue realizar o resgate de todos os animais devido as dívidas acumuladas com as clínicas veterinárias.

“Gostaríamos de poder resgatar todos, mas temos dívidas muito altas nas clínicas veterinárias particulares”, argumentou a presidente da ONG.

Projeto de Lei

No Acre, dos 24 deputados estaduais, Emerson Jarude (NOVO) defende a causa animal e já possui um projeto de ação em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac): o Projeto Cuidar, que tem como objetivo atender aos animais de rua. Instituições e ONGs que realizam trabalhos com esse foco também serão beneficiadas pelo projeto.

Jarude também anunciou o lançamento de um novo projeto: o Pet Farm (Farmácia de Pet), que será uma extensão do Projeto Cuidar.

“O Pet Farm é uma forma de conseguirmos disponibilizar medicamentos para os animais e auxiliarmos após o tratamento feito dentro desse projeto”, afirmou.

Poder público

A equipe de reportagem tentou contato com o Centro de Zoonoses da Prefeitura de Rio Branco para comentar a situação, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para qualquer posicionamento ou esclarecimento por parte do poder público.

A crescente população de animais abandonados em Rio Branco evidencia a urgência de políticas públicas efetivas, parcerias institucionais e o engajamento da sociedade civil. Proteger os animais é também um dever social e legal, que exige mais do que boa vontade, é preciso ação.

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Cotidiano

Do papel às telas: a transição do jornal impresso acreano para o digital

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Por Ana Luiza Pedroza, Ádrya Miranda, Daniel de Paula e Wellington Vidal

 

O jornal impresso, símbolo histórico e cultural no Acre, começa a se despedir lentamente do cotidiano da população. A era digital assume o protagonismo, apostando em novos formatos de levar acesso à informação, no entanto, sem apagar o legado construído pelo impresso na história acreana.

Apesar dos esforços para reinventar o jornalismo local, a transição do impresso para o digital trouxe grandes desafios. No Acre, essa movimentação ocorreu de forma tardia, mas com a contribuição de jornalistas que se desdobram diariamente para acompanhar as mudanças no modo de noticiar, mantendo o compromisso social com a população.

Entre os obstáculos, a pandemia de Covid-19 foi um dos que aceleraram o declínio dos jornais impressos em todo o país, e no Acre não foi diferente. O A Gazeta, um dos veículos mais populares do estado, foi diretamente impactado.

Rotativa, máquina utilizada na impressão dos jornais A Gazeta. Foto: Ádrya Miranda

Fundado em 1985, sob direção de Silvio Martinello e Elson Martins, o jornal se destacou pelo jornalismo investigativo e de cunho social, sendo pioneiro em projetos editoriais gráficos com diagramação no impresso acreano. Foi por meio de suas páginas que os acreanos acompanharam coberturas históricas, como o assassinato do sindicalista Chico Mendes.

Em 1998, tornou-se o primeiro jornal a circular em cores no estado, com até 3.500 exemplares vendidos em dias movimentados, segundo Silvio. Apesar das inovações com o jornal impresso, o veículo enfrentou as adaptações tecnológicas do século 21. O portal online, criado ainda nessa fase, tinha estrutura simples, servindo apenas para replicar, de forma reduzida, as notícias do jornal físico.

À esquerda, Maíra Martinello; ao fundo, Paula Martinello; e à direita, Silvio Martinello. Foto: Arquivo pessoal

A edição impressa teve o seu fim em 2021, após uma expressiva queda nas vendas. Paula Martinello, jornalista do A Gazeta do Acre, relata que a migração definitiva para o digital foi desafiadora e impulsionada pela pandemia. “Foi um processo muito gradativo, porque o trabalho online não é fácil. É muita concorrência, é um outro tipo de público e perfil de consumo da notícia”, comenta.

Para os jornalistas do A Gazeta, hoje, A Gazeta do Acre, o desafio não foi apenas adaptar-se ao ambiente online, mas reinventar a rotina de produção jornalística sem abrir mão da credibilidade construída. Segundo Maíra Martinello, foram necessárias estratégias para garantir a sobrevivência e a relevância no meio digital, que exige mais agilidade, versatilidade e presença em todas as plataformas.

“A gente foi entrando nesse mundo online, digital. Claro que tem pontos positivos, como o custo mais baixo, a praticidade e a democratização do acesso à informação. Mas a era digital exige muito mais do jornalista, que hoje precisa escrever, gravar vídeo, áudio, editar, usar várias ferramentas ao mesmo tempo”, explica.

A transição da notícia do impresso para o ambiente digital, embora tenha sido impactante para todo o campo jornalístico, foi recebida de maneira diferente por cada veículo, conforme suas particularidades. Outro nome importante da imprensa acreana, como o jornal O Rio Branco, também enfrentou esses momentos de transformação.

Portal de notícias oriobranco.net. Foto: Ádrya Miranda

Mendes também reforça a necessidade dos jornalistas manterem seu compromisso social, mesmo diante das mudanças impostas pela era digital. “Se vocês forem jornalistas e pretenderem ser responsáveis, não esperem que a notícia chegue até vocês. Vocês têm que ir atrás da notícia”, conclui.

Essa transformação também é percebida por leitores que acompanharam de perto o auge das edições impressas no Acre. “Porque o jornal é um documento, então ele vai ficar ali para sempre”, comenta o jornalista e leitor assíduo Gleilson Miranda, de 55 anos, ao destacar que o jornal impresso carrega um valor que vai além da notícia do dia, mas também a documentação de histórias.

Segundo ele, com o jornal impresso era possível encontrar experiências afetivas, que marcavam seu momento de leitura.

“O jornal é impresso, tem esse charme, tem essa coisa de você sentar, tomar um café e folhear as páginas, lendo as principais notícias. Isso era muito bom para a época. Hoje você tem essa notícia mais rápida. Notícia que chega muito rápido”, afirmou Gleilson, ao relembrar as sensações que os impressos lhe proporcionaram.

A transição dos jornais impressos para os portais digitais no Acre marca uma mudança profunda no modo de fazer e consumir jornalismo. Conhecer a história da imprensa local, com a contribuição das edições do A Gazeta e O Rio Branco, é essencial para entender o papel que esses veículos tiveram na formação da identidade e da memória do estado.

Edição impressa O Rio Branco. Foto: Arquivo Espaço Cultural Palhukas

Para Narciso Mendes, atual proprietário da TV Rio Branco, o impresso no Acre carrega o legado de muitas figuras marcantes da história local. No entanto, a migração do jornal impresso O Rio Branco para o meio online não teve o mesmo peso como teve para os demais veículos.

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Cotidiano

Mulheres jornalistas superam dificuldades e levantam questões importantes para a sociedade

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Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) mostrou que em 2021 49% das mulheres jornalistas sofreram ataques de gênero sendo desqualificadas com ofensas e xingamentos. No meio digital, o número sobe para 56,76%. Em uma área historicamente dominada por vozes masculinas, apesar das dificuldades as mulheres estão se destacando cada vez em maior número e trazendo à luz temáticas importantes para a sociedade.

Juliana Lofêgo, professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre, diz que a presença das mulheres está influenciando na cobertura de questões sociais, culturais e políticas. Para Lofêgo, elas têm desempenhado um papel significativo em destacar questões de violência contra mulheres e assédio, garantindo que essas problemáticas não sejam esquecidas ou minimizadas pela mídia. “Com o avanço do movimento feminista e as mudanças sociais, as mulheres jornalistas têm sido influenciadas a trazer à tona essas questões, mesmo que isso não tenha sido comum no início de suas carreiras”, complementa.

Consuela Araújo é jornalista formada pela Ufac e atua na área de assessoria de imprensa, ela relata que como jornalista mulher enfrentou estereótipos de gênero e discriminação ao longo da carreira, principalmente fora do jornalismo. Já no telejornalismo, outro campo onde atuou,  diz ter sido bem acolhida por colegas e pela comunidade, entretanto considera que a busca pela igualdade de oportunidades continua sendo uma luta constante. Araújo aconselha as futuras profissionais a buscarem aprimoramento, construir uma rede de contatos sólida e manter a paixão pela verdade e pela narrativa honesta. “Acreditar na importância do jornalismo local é essencial para contribuir significativamente para a sociedade acreana”, afirma. 

Servidora concursada do Estado, a jornalista Andreia Nobre relata que um grande desafio que enfrentou na carreira profissional foi quando se tornou mãe, pois teve que conciliar a maternidade e o trabalho. Ela acredita que esse seja um desafio para as mulheres em qualquer carreira e também para as que trabalham no setor privado.

Apesar das contribuições significativas das mulheres para abordar agendas importantes a serem discutidas na sociedade, a desconfiança em relação a sua capacidade profissional ainda é uma realidade. Ana Paula Melo, estudante do terceiro período do curso de Jornalismo, trabalha como estagiária no jornal Cidade Alerta, ela diz que percebeu que há um preconceito dentro da universidade pelo fato de ser uma mulher estudante de Jornalismo.

“Já vi algumas pessoas torcerem a cara num tom de desconfiança quando falo que faço Jornalismo. Alguns já dizem que somos compradas, e, às vezes, por ser mulher, dizem que ao invés de buscar informações, buscamos fofoca. Em rodinha de amigos, embora ainda seja estagiária, já fui questionada se algum político me paga para fazer matéria sobre ele. Será se eu não tenho capacidade para escrever sobre política? São reflexões que sempre me questiono, afinal, ser mulher é ter a sua capacidade sempre questionada”. Ela acredita que o maior desafio é alcançar credibilidade equivalente a dos homens e enfatiza a importância de inserir mais mulheres em posições de liderança nos veículos de comunicação. 

Texto produzido pelos acadêmicos Ana Caroline Santiago, Adriely Gurgel, Maria Eduarda Melo, Rian Pablo de Oliveira e Júlia Andrade. A produção faz parte da disciplina Fundamentos do Jornalismo.

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