O museu da borracha recebeu a visita de crianças da escola Sesi para um tour pela história do estado do acre.
por: Gledson Pinto de Sousa
Localizado na avenida Ceará, 1144, no centro da cidade de Rio Branco o Museu da Borracha Governador Geraldo Mesquita está em pleno funcionamento desde os anos de 1970 com um acervo muito grande de documentos históricos, partituras musicais antigas e artigos que remetem aos anos de fundação do estado do Acre dando ênfase para a chamada revolução acreana. O museu encontrasse sobre a coordenação de Soraia Gomes de Oliveira Cavalcante. Soraia nos contou que o museu permaneceu fechado por aproximadamente seis meses para uma revitalização interna e externa período esse que durou de março a agosto de 2023. O museu recebe estudantes de escolas públicas e particulares com agendamento prévio dependendo da quantidade de alunos e está aberto para a visitação do público em geral sem agendamento.
A coordenadora Soraia, destaca que a visitação dos alunos do ensino infantil e fundamental reforça a importância do museu para a memória material e imaterial dos acreanos. A coordenadora levou nossa equipe para um pequeno passeio pelas salas históricas do museu mostrando as melhorias feitas na reforma e alguns itens e fotos históricas da época dos soldados da borracha, como eram conhecidos os nordestinos que chegaram ao acre para a coleta da seringa. Soraia reforçou que o museu da borracha é fonte de pesquisa para diversos tipos de estudantes por conter um grande acervo bibliográfico. O local para quem nasceu, viveu ou se criou nos milhares de seringais espalhados pelo Acre é uma verdadeira viagem ao passado, e reencontro com a identidade dos acreanos.
“O espaço recebe também um grande número de visitantes, na sua maioria estudantes da rede pública de ensino, que também utilizam o local como elemento de pesquisa. Esse tipo de visita respalda a nossa importância enquanto patrimônio e casa de memória, ” explicou a coordenadora.
crianças subindo as escadas do museu para uma primeira instrução. foto: Gledson Sousa
Os alunos entram no museu sempre acompanhados pelo guia
A visita das criança e adolescentes é acompanhada por um dos guias do museu no caso da escola Sesi eles foram acompanhados pelo guia que se chama José Augusto Sales o seu Augusto, como é carinhosamente conhecido, já está como guia no museu da borracha a mais de quatro anos e diz que é sempre um prazer receber as crianças e explicar um pouco da história de lutas e glórias do povo acreano para os pequenos a equipe de guias contas 5 guias que são: Soraia Gomes de oliveira, Osmir Fernandes, Yana Valente e Antônia Odicelda todos capacitados plenamente para mostrar todo o acervo do museu. Senhor Augusto diz que cada volta completa pelas salas históricas dura em média 30 minutos pois ele vai mostrando os itens e fazendo um breve histórico de cada um aguçando a imaginação das crianças. Um dos alunos chamado Davi Lima de Sousa, de dez anos, conta que gostou muito do passeio e que aprendeu muitas coisas novas, como as embarcações antigas a casa dos seringueiros o memorial entre outros itens do museu, contou também que pretende voltar mais vezes com familiares e amigos.
“Gostei muito da visita porque assim podemos aprender ainda mais sobre a história do nosso estado do Acre” afirmou Davi Sousa.
Ao final do passeio os alunos levam para casa uma pequena lembrança do museu. Trata-se de uma semente da árvore da seringueira que durante anos foi a principal fonte de renda dos acreanos de onde retiravam o látex, matéria prima da borracha e também principal item para fabricação de objetos relacionados à borracha durante a primeira grande guerra mundial.
Foto do senhor Augusto mostrando e entregando aos alunos sementes de seringueira. foto:Gledson Sousa
O Bibliográfico do museu é composto de um acervo de 1.825 títulos entre livros e revistas que abordam diversos temas da história do Acre, da Amazônia e revistas que abordam diversos temas da história do Acre, da Amazônia e do Brasil. A equipe do Museu da Borracha, que atende em sua biblioteca, tem orientado consultas diárias solicitadas por grupos de alunos, professores, pesquisadores e interessados. Existe também uma Hemeroteca cuja a coleção é composta por mais de 31.756 jornais de todo o Estado do Acre que são disponibilizados para pesquisas.
Ao manter viva a culinária típica do Acre, cozinheiro conquista turistas e moradores com sua famosa rabada no tucupi.
No Mercado do Bosque, um prato típico do Acre ganhou status de tradição: a rabada. Preparada há mais de três décadas por Antônio Felinto Alves,, eleviu seu nome atrelado à rabada, além de ser também o Toinho do Tacacá.
A iguaria se tornou referência gastronômica para acreanos e turistas. Seu Antônio iniciou sua trajetória aprendendo com Dora, uma cozinheira tradicional também muito conhecida pelos acreanos. Com o tempo, decidiu seguir carreira solo e consolidar seu próprio negócio. Hoje, acumula 35 anos de experiência e 18 certificados na área gastronômica.
“Quanto mais a gente se aprofunda nos temperos, no jeito de preparar, melhor fica. O segredo da rabada perfeita é cozinhar com carinho e amor, não apenas vender por vender”, afirma. Mesmo com décadas de tradição, Toinho também se adaptou às modernidades. O iFood tornou-se parte fundamental do negócio. “Nos tempos de friagem, chegamos a 90 ou 100 pedidos por dia. Nosso ponto forte é no aplicativo”, explica.
A fama atravessa fronteiras. Segundo ele, os turistas que chegam ao Acre procuram diretamente por seus pratos. “O pessoal, quando vem aqui, me fala que vai levar rabada para Brasília, Goiânia, Santa Catarina. Nosso sabor viaja junto com eles”, relata com orgulho.
Para o comerciante, o segredo do sucesso é manter a fé e a dedicação:“Quando o pessoal diz que está ruim, eu não concordo. Se você tem saúde e acorda enxergando, já é motivo para agradecer a Deus. O resto a gente corre atrás.”
A dor em palavra: Gabe Alódio prepara “A Casa de Vidro”
Após a estreia visceral com Fogo em Minha Pele, autora acreana lança novo romance que mistura silêncio, fragilidade e arquitetura emocional. Foto: Rafaela Rodrigues
O segundo livro de um autor, na maioria dos casos, revela muito mais do que o primeiro.
Se a estreia é a urgência de se apresentar ao mundo, a obra seguinte já nasce sob a consciência de que o público, e a própria autora, esperam algo. É nesse momento que Gabe L. Alódio, escritora acreana de 29 anos, se encontra com “A Casa de Vidro”, romance que será lançado em setembro e lançado em Rio Branco no dia 16 de outubro, às 19h, no Cine Teatro Recreio.
O título não é literal. Trata-se de uma metáfora clara, assumida pela autora, para a fragilidade e a exposição do ego. A casa é moderna, cercada por vidro, mas cada detalhe arquitetônico foi mentalmente desenhado antes da primeira frase. Ela descreve: “Sei onde a luz atravessa os cômodos, onde a vista se abre e onde qualquer pedra provocaria a primeira rachadura. Vejo a Casa de Vidro como uma metáfora para a própria escrita, transparente na linguagem, mas vulnerável na exposição dos temas abordados”.
Da intensidade ao silêncio
Em Fogo em Minha Pele (2024), livro de estreia, Gabe apresentou uma poesia narrativa marcada pela intensidade física e emocional, algo que remete à lírica confessional e a um certo intimismo da tradição modernista.
Já em A Casa de Vidro, essa energia se desloca para o silêncio e para a construção de atmosfera. A autora se aproxima de estratégias de escritores como Marguerite Duras ou Joan Didion, que sabem que a ausência pode ser mais expressiva que a presença.
A protagonista, Sophia, vive isolada com o marido numa casa que funciona como personagem. A narrativa gira em torno da tensão entre manter e perder o controle. Como descreve a própria Gabe, é como equilibrar crises carregando uma bandeja cheia de xícaras empilhadas.
Publicado em 2024, Fogo em Minha Pele apresentou a escrita visceral e confessional de Gabe, marcada por desejo, corpo e memória. Foto: divulgação
Referências cruzadas
O material visual que a autora preparou para orientar a capa é revelador. A arquitetura modernista da Casa Samambaia, de Lota de Macedo Soares, convive com as aranhas de Louise Bourgeois, símbolos de criação e aprisionamento. Há também Maria Callas, figura que sintetiza glória e abandono, e a presença de Dionísio, que remete à ligação entre vinho, prazer e destruição. É uma curadoria imagética que mostra a amplitude de referências da autora, em diálogo com artes visuais, música e mitologia.
Entre o fogo e o vidro
Se o primeiro livro era fogo, ardente e direto, marcado por desejo e paixão, o segundo é vidro: calculado, transparente, mas pronto para quebrar e cortar fundo. Essa mudança revela maturidade narrativa, sem perder a visceralidade que caracteriza a autora.
O desafio agora será ver como A Casa de Vidro dialoga com o leitor. Como diz Gabe: ˜Escrever é fácil, viver é difícil”. Talvez este novo livro seja justamente um gesto de habitar esse difícil, transformando-o mais uma vez em palavra.
A cada segunda-feira, o campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) vira palco para a Batalha da Ufac. Criada por um grupo de idealizadores da cena local, entre eles o estudante de Psicologia Davi Nogueira, a batalha é um espaço aberto para jovens expressarem suas histórias e críticas sociais por meio do rap.
O formato das batalhas de rap no Brasil surgiu no início dos anos 2000, inspirado por movimentos internacionais, e se consolidou em grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo.
Em Rio Branco, os eventos vem ganhando força desde a Batalha do Palácio, considerada a mais antiga da cidade, que era realizada às sextas-feiras na praça do Palácio Rio Branco.
Hoje o cenário local conta com eventos como a Batalha da Pista, do Santa Cruz e, principalmente, a Batalha da Ufac, que acontece no Teatro de Arena, conhecido como Coliseu, ao lado do Centro de Convivência.
Davi Nogueira destaca que o objetivo da batalha na universidade é democratizar o acesso à arte e trazer a comunidade para dentro do campus.
“Muita gente achava que não podia entrar aqui. O Coliseu da Ufac é o lugar ideal, com estrutura e visibilidade para um evento cultural”, explica.
Para os participantes, o evento é muito mais que uma disputa de rimas. Apache Shaft, MC que frequenta a batalha, conta que o encontro representa um espaço seguro para trocar experiências, fazer amizades e fortalecer a cultura local. “É meu abrigo nas segundas-feiras. Quanto mais rap, mais cultura, menos crime”, afirma.
Entre o público, o humorista e influenciador Rafael Barbosa valoriza o clima acolhedor da batalha e ressalta a necessidade de maior apoio para o evento crescer. “Aqui tem muita poesia e sentimento, mas faltam som adequado e divulgação do poder público”, sugere.
Momento em que os artistas fazem as batalhas. Foto: Felipe Salgado
Mais do que um show de talentos, a Batalha da Ufac é um importante instrumento de transformação social. Ao abrir as portas da universidade para a periferia, o evento reforça a ideia de que a cultura hip hop pode mudar vidas e fortalecer a autoestima de jovens, muitas vezes marginalizados.
Realizada de forma independente, a batalha conta com apoios voluntários e busca parceiros para ampliar sua estrutura. Na primeira edição, o evento lotou o Coliseu e conquistou mais de mil seguidores nas redes sociais antes mesmo de acontecer: um marco para o rap acreano.