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Com apoio da Motorola, Pavic-Lab forma nova geração de cientistas da computação pela Ufac

Com R$ 12 milhões de investimento da Motorola, Pavic-Lab conta com infraestrutura moderna, incluindo estações de trabalho e ambientes colaborativos. Foto: Luanna Lins/Ufac

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Por Bruno Firmino, Carlos Alexandre, Inayme Lobo e Luanna Lins

Como exemplo do potencial tecnológico e acadêmico que emerge da região Norte do Brasil, destaca-se o Centro de Pesquisa Aplicada e Treinamento de Novas Tecnologias em Visão e Inteligência Computacional (Pavic-Lab), da Universidade Federal do Acre (Ufac). O projeto já alcançou dezenas de estudantes e pesquisadores oferecendo infraestrutura de ponta e um programa estruturado de formação acadêmica e técnica, com foco em visão computacional.

O PAVIC-Lab é resultado de uma parceria entre a Ufac, a Motorola, a Flextronics e a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape), viabilizada por meio da Lei de Informática (Lei nº 8.248/1991).

Instalado no campus-sede da UFAC em Rio Branco, o laboratório é voltado à pesquisa aplicada nas áreas de visão computacional e inteligência artificial. Com investimento superior a 9 milhões de reais até 2024, o espaço oferece estrutura de ponta para que estudantes de graduação e pós-graduação desenvolvam soluções tecnológicas com aplicações em áreas como saúde, agricultura, meio ambiente e sensoriamento remoto.

Apesar do apoio privado, o Pavic-Lab mantém independência acadêmica e tem como foco a formação científica e técnica. Foto: Luanna Lins/Ufac

O laboratório é coordenado pela professora Ana Beatriz Alvarez, que destaca o papel transformador do projeto para os estudantes envolvidos. O ambiente do PAVIC reúne bolsistas da graduação, mestrado e também alunos externos, que participam de treinamentos técnicos com certificação de 300 horas. Os projetos desenvolvidos no espaço se concentram no aprimoramento de imagens digitais, com aplicação de algoritmos de inteligência artificial para remover sombras, neblinas ou melhorar áreas degradadas, sempre com potencial de aplicação prática em problemas reais da Amazônia e de outras regiões.

Para a professora Ana Beatriz, o diferencial do PAVIC está na autonomia científica e no incentivo à produção de conhecimento. “A Motorola não define o que pesquisamos. Nossa autonomia científica é total”, afirma. A estrutura avançada, que inclui uma GPU Farm exclusiva, garante condições ideais para o desenvolvimento de pesquisas complexas que antes não eram possíveis na universidade.

Professora Ana Beatriz Alvarez destaca a importância dos incentivos à tecnologia para o desenvolvimento científico na região. Foto: Luanna Lins/Ufac

O impacto do laboratório pode ser medido em números. Ao completar três anos de atividade, o PAVIC Lab já se consolida como um dos núcleos mais produtivos da UFAC. O laboratório contabiliza 26 publicações científicas, muitas delas em periódicos classificados entre A1 e A4 no sistema Qualis CAPES, além de sete dissertações de mestrado e cerca de 11 trabalhos de conclusão de curso. Os alunos também têm participado de conferências científicas nacionais e internacionais. Segundo a professora Ana Beatriz, coordenadora do projeto, o PAVIC responde atualmente por cerca de 47 por cento das publicações do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFAC, o que demonstra a importância do centro para a consolidação da pesquisa em tecnologia dentro da universidade.

Atualmente, o laboratório está em reforma para ampliar sua área física e atender à crescente demanda de estudantes. A nova configuração prevê espaços dedicados para grupos de estudo, produção técnica e reuniões, tornando o ambiente mais dinâmico e colaborativo.

Enquanto expande sua infraestrutura, o PAVIC-Lab também amplia suas perspectivas. Com a quarta turma do treinamento técnico em andamento e novos projetos em fase de submissão. Mais do que formar programadores ou cientistas, o laboratório ajuda a construir novas trajetórias de vida baseadas em pesquisa, colaboração e pertencimento.

Equipe do Pavic-Lab levou experiência do Acre ao Congresso Internacional de Engenharia Eletrônica e Aplicações (Elecon 2023) em Cusco, Peru. Foto: Cedida

Nova geração de pesquisadores

O laboratório já coleciona conquistas coletivas com cerca de 26 artigos científicos publicados, parcerias internacionais e ex-alunos que seguem para o mestrado com uma base sólida em pesquisa aplicada.

Entre os talentos revelados pelo Pavic está Thuanne Paixão, pesquisadora plena, formada em Sistemas de Informação com mestrado em Ciência da Computação. Ela conta: “Quando ingressei no projeto, estava desenvolvendo minha pesquisa de mestrado sobre controle de um sistema robótico de coluna lombar 3D. Graças ao laboratório, consegui divulgar esse trabalho em conferências nacionais e internacionais. E hoje, atuo orientando alunos e contribuindo com artigos científicos”.

Thuanne Paixão apresentou seus estudos em eventos nacionais e internacionais após experiência no laboratório. Foto: Luanna Lins/Ufac

Outro destaque é Clécio Elias Silva, atualmente mestrando em Ciência da Computação, que também iniciou no Pavic durante a sua graduação: “Meu primeiro projeto foi um classificador de padrões em imagens de ultrassom pulmonar. Depois, segmentei nódulos cancerígenos em imagens de mama e trabalhei com doenças em folhas de café. Hoje, pesquiso a reconstrução de ambientes internos 3D. Tudo isso graças à base que recebi no Pavic”.

Clécio Elias iniciou no Pavic ainda na graduação e hoje desenvolve pesquisas em reconstrução de ambientes 3D no mestrado. Foto: Luanna Lins/Ufac

Descobrindo-se pesquisadora

A transformação promovida pelo projeto também é visível na trajetória de Emili Bezerra, um exemplo de como o investimento em pesquisa científica pode transformar trajetórias. Ela entrou no Pavic no último ano da graduação em Engenharia Elétrica sem qualquer experiência em pesquisa, programação ou leitura técnica em inglês, mas rapidamente encontrou seu caminho no geoprocessamento e desenvolveu uma pesquisa sobre ilhas de calor em Rio Branco, tema que resultou em seu trabalho de conclusão de curso.

Emili Bezerra foi aprovada em doutorados após publicar sete artigos e hoje pesquisa no ITA, levando a ciência acreana a outros estados. Foto: Cedida

Mais do que aprendizado técnico, Emili destaca o crescimento pessoal que viveu no projeto. “Aprendi a lidar com frustrações e a resolver problemas com o que tinha em mãos. Foi ali que percebi que eu podia ser pesquisadora, uma possibilidade que nunca imaginei”. Ao longo do mestrado, orientado pela professora Ana, Emili publicou sete artigos e, posteriormente, foi aprovada em diversos programas de doutorado, optando pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), onde segue em uma nova linha de pesquisa.

Para ela, o Pavic tem papel essencial na promoção da ciência na região Norte: “Foi minha porta de entrada, não só pelo suporte financeiro, mas pelo ambiente de troca e descoberta. Aprendi a trabalhar em equipe, desenvolver minhas ideias e trocar experiências com outros profissionais”.

Quanto ao potencial da vida acadêmica, ela aconselha: “Se você gosta de ler e se desafiar, entre para a pesquisa. Não é um universo fácil, frustrante muitas vezes, mas é incrível quando tudo dá certo. Graças ao Pavic conseguimos várias publicações, participamos de eventos, viajamos para outros estados e até mesmo outro país, foi uma experiência transformadora.

Redação

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Projeto promove estudos sobre gênero e sexualidade na Ufac

Encontros do Projeto Tibira reúnem estudantes e comunidade para debater gênero, sexualidade e diversidade na Ufac. Foto: cedida

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Por Bruno Medim e Carlos Alexandre

O Projeto de Extensão Tibira, da Universidade Federal do Acre (Ufac), vem se consolidando como um espaço de debate e acolhimento sobre gênero e sexualidade. Criado em novembro de 2023 como grupo de estudos, o Tibira se tornou projeto de extensão neste semestre e agora está aberto a toda a comunidade interna e externa da instituição.

Coordenado pelo professor Fabrício Ricardo Lopes, do curso de Psicologia, o projeto realiza encontros quinzenais baseados em leituras de obras que discutem gênero, sexualidade e suas interseções com outras áreas do conhecimento. Neste semestre, o grupo estuda o livro A arte queer do fracasso, do teórico estadunidense Jack Halberstam.

Segundo Fabrício Lopes, o Tibira foi pensado como um espaço não apenas de estudo, mas também de convivência e acolhimento. “No nosso grupo, buscamos não apenas o estudo, mas uma forma de socialização também, como disse, um ponto de encontro. No Tibira, além de estudarmos, nós acolhemos e nos protegemos”, explica o professor.

O nome do projeto faz referência a Tibira do Maranhão, indígena tupinambá que foi uma das primeiras vítimas de homofobia registradas no Brasil, segundo o historiador Luiz Mott.

Coordenado pelo professor Fabrício Lopes, o grupo promove debates críticos e fortalece o respeito às diferenças. Foto: cedida

Além de rodas de leitura, o projeto adota um caráter itinerante, ocupando diferentes espaços do campus da Ufac. As informações sobre local e horário das reuniões são divulgadas no perfil do grupo no Instagram, @tibira.ac.

Para o professor, o Tibira ainda está em sua fase inicial, mas já tem planos de expansão. “Em breve, ele deve se tornar um grupo não só de extensão, mas de ações de Ensino e Pesquisa também. Temos planos de ampliar nossas atividades para acolhimento em saúde mental da comunidade LGBTQIAPN+, além de cursos sobre letramento antidiscriminatório”, afirma.

O estudante de Psicologia Andrei Campos da Costa, que participa do Tibira desde a primeira reunião, ressalta a importância do espaço para a formação acadêmica e pessoal.

“Enquanto pessoa não-binária, vi no grupo uma oportunidade de aprofundar a discussão sobre gênero e sexualidade. Penso que o debate acerca de gênero e sexualidade é primordial, principalmente pois tais temáticas perpassam nossa existência e nos impactam de diferentes formas. Somos seres diversificados, e isso também vale  para a maneira como expressamos nossa existência e como amamos”, destaca.

O projeto tem atraído estudantes de diferentes cursos, mas também busca o engajamento de pessoas de fora da universidade que desejam ampliar seus conhecimentos sobre o tema.

Com encontros regulares e propostas de diálogo crítico, o Tibira se consolida como espaço de reflexão, resistência e produção de saberes, fortalecendo a diversidade e o respeito às diferenças dentro e fora da Ufac.

Redação

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Fotojornalismo é tema da Mostra de Comunicação Visual

Com o tema “Olhares que contam histórias”, projeto da Ufac destaca a prática da fotografia como ferramenta de expressão social

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Por Emily Cristina Correa, Mariana Moreira e Francielle Julião

A Mostra de Comunicação Visual da Universidade Federal do Acre (UFAC) chega à sua 13ª edição em 2025 com o tema “Fotojornalismo social: DF olhares que contam histórias”. Criada como disciplina optativa pelo professor Milton Chamarelli, do curso de Jornalismo, o evento tem se consolidado como um espaço de prática e experimentação para estudantes, mesmo diante de limitações técnicas.

A edição deste ano acontece no dia 9 de outubro, a partir das 18h, no Museu dos Povos Acreanos, em Rio Branco. A exposição é aberta ao público e reúne trabalhos fotográficos desenvolvidos por alunos ao longo da disciplina.

Desde a 5ª edição, os alunos têm utilizado celulares para captar as imagens apresentadas na mostra, devido à falta de câmeras fotográficas profissionais nos laboratórios do curso. O atraso de anos entre solicitação-compra-entrega de novos equipamentos fez com que a atividade recorresse a essa solução inicialmente temporária.   

Para o professor Chamarelli, isso não impede a qualidade dos trabalhos. “Embora não tenhamos as máquinas fotográficas, as fotografias são feitas pelo celular, e isso vem acontecendo desde a 5ª Mostra. Os alunos não têm acesso a câmeras, mas ainda assim temos obtido ótimos resultados”, afirma.

A Mostra, segundo ele, nasceu da necessidade de levar o conteúdo da disciplina do campo teórico para a prática. “A ideia da disciplina surgiu após percebermos que trabalhávamos apenas com conceitos. Foi então que resolvemos transformar o que víamos de forma abstrata em prática por meio da fotografia.”

Com o passar dos anos, a atividade ganhou estrutura e hoje conta com comissões organizadoras, equipe de assessoria de comunicação, além de momentos de confraternização na noite do evento – com música e coffee-break.

Experiência estudantil

A estudante de Jornalismo Sarah Helena Brito participou da organização da 12ª edição da Mostra de Comunicação Visual e destaca os desafios enfrentados. “Fiquei na equipe de Assessoria. Tivemos que começar tudo do zero: criar a identidade visual, testar cores que combinassem com o tema. Foi um trabalho intenso”, relembra.

Para ela, a disciplina teve um impacto significativo tanto em sua formação acadêmica quanto pessoal. “Me ajudou muito a desenvolver esse olhar social dentro da fotografia no Jornalismo. É algo que procuro levar para todos os lugares, seja na atuação jornalística ou fora dela.”

Redação

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Florestas do futuro

Programa alia prototipagem sustentável e inovação a partir da reciclagem de garrafas PET. Foto: cedida

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Por Karina Paiva e Júlio Queiroz

Iniciado de uma observação sobre a limitada reciclagem do plástico PET na Amazônia, surgiu em 2023 o Programa Florestas do Futuro, buscando alternativas sustentáveis e de baixo custo, que também pudessem trazer conscientização acerca de outros usos que este e outros resíduos plásticos podem ter.  

Impulsionado pela professora Bianca Cerqueira Martins, do curso de Bacharelado em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre – Campus Floresta, o projeto integra inovação e sustentabilidade através da impressão 3D, utilizando filamentos feitos com plástico PET reciclado. 

As investigações e colaborações estabelecidas pela professora, acerca do potencial de uma ferramenta de reciclagem e dos tipos de filamentos existentes, evoluíram para um Programa de Extensão, que visa despertar o interesse de meninas e mulheres em Engenharia Florestal, Tecnologia e Inovação, indo além das questões ambientais para promover também a igualdade de gênero em um campo dominado majoritariamente por homens.

“Por meio da prototipagem de equipamentos de baixo custo com PET reciclado, o Programa busca envolver jovens em práticas criativas, sustentáveis e transformadoras, promovendo inclusão, consciência ambiental e protagonismo feminino”, ressalta Bianca Martins.

Além de popularizar pesquisas em tecnologia de produtos florestais, promover oficinas de reciclagem e oficinas de prototipagem e desenho 3D, o Programa inclui a criação de um estande itinerante de Ciências Florestais, cujo objetivo, além de difundir o conhecimento para diversas comunidades, é também promover a interação e fomentar a troca de experiências e saberes entre jovens estudantes e pesquisadoras de diversas áreas.

Projeto Florestas do Futuro: Despertando o Interesse de Meninas e Mulheres na Engenharia Florestal, Tecnologia e Inovação para um Mundo Sustentável. Foto: cedida

Colaboração 

O Programa conta com a colaboração crucial do técnico italiano Stefano Vannucci, especialista em eletrônica e programação, que desenvolveu, entre outros modelos, o PullStruder, um dispositivo de baixo custo e baixo consumo de energia, utilizado para produção do filamento plástico da garrafa PET, para ser usado em impressoras 3D.

Pull Struder, primeiro protótipo de reciclagem de PET para produção de filamento. Foto: cedida

“Ao conhecer a proposta, ele demonstrou entusiasmo e interesse em colaborar com o desenvolvimento do projeto, com foco na promoção da economia circular na Amazônia, por meio da reutilização de resíduos sólidos, impulsionando a bioeconomia”, destaca a professora.

Atualmente o projeto atua sem uma oficina própria, utilizando o Laboratório de Ciências Florestais do Campus Floresta da Ufac (Labflor), e busca novas parcerias para a instalação de uma sede permanente no Centro de Juventudes de Cruzeiro do Sul, que é mantido pelo Grupo Marista.

O plástico utilizado nas atividades e experimentos é obtido pelos próprios estudantes, principalmente os do curso de Engenharia Florestal, por meio da coleta de garrafas na própria universidade, em eventos acadêmicos e no alojamento universitário.

Ao recolherem o material, os alunos se tornam parte da solução para o problema do lixo plástico, transformando-o em recurso útil, inclusive para seu aprendizado em sala de aula. Parte desse resíduo também é adquirida por meio da doação de garrafas defeituosas que seriam descartadas por empresas locais.

A reciclagem do plástico no Brasil

O plástico é um material amplamente utilizado pela indústria. Seu consumo e descarte impróprio acabam, muitas vezes, causando prejuízos à natureza, uma vez que este resíduo possui grande produção e difícil decomposição no ambiente.

Um estudo anual sobre reciclagem de plásticos no Brasil, encomendado pelo Movimento Plástico Transforma, revelou que, em 2023, 1,4 milhão de toneladas desse resíduo foram destinadas à reciclagem, sendo 984 mil toneladas oriundas de embalagens. 

Desse total, apenas 28% foram recicladas e reutilizadas pela indústria. No caso da resina pós-consumo – embalagens de alimentos e descartáveis que são recicladas e transformadas em matéria-prima para serem reaproveitadas pela indústria – foram 939 mil toneladas produzidas, sendo a maior parte (41%) de Polietileno Tereftalato (PET).

Nesse panorama, o Norte foi a região que menos produziu o material reciclado, com apenas 12 mil toneladas produzidas, em contraste com o Sudeste (510 mil toneladas), Sul (257 mil toneladas), Nordeste (110 mil toneladas) e Centro-Oeste (39 mil toneladas).

Fonte:  Abiplast – Associação Brasileira da Indústria do Plástico, 2023. Disponível em: https://www.abiplast.org.br/noticias/reciclagem-de-plasticos-no-brasil-estudo-aponta-indice-de-243-para-as-embalagens-em-2023/

O uso sustentável e a reciclagem do plástico, tem o potencial de não apenas reduzir a quantidade desse material no ecossistema, ajudando na preservação dos recursos naturais e minimizando danos ambientais, mas também na obtenção de insumos para a criação de novos produtos a partir da sua reutilização, promovendo a economia circular.

Impressão 3D e filamentos plásticos

A impressora 3D, usada para prototipagem, pode utilizar vários tipos de filamentos plásticos, e cada tipo de plástico é aplicado conforme suas características e os objetivos pretendidos. 

Entre os principais tipos de filamentos estão os de Ácido Polilático (PLA), que são biodegradáveis e de fácil uso, os de Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS), que se deformam facilmente mas resistem bem a altas temperaturas, os de Nylon, flexíveis e de alta resistência, os de Termoplástico Poliuretano (TPU), também flexíveis e de alta elasticidade e os de Tereftalato de Polietileno Glicol (PETG), que apesar de leves, com boa resistência e moldagem a baixas temperaturas, não se decompõe de maneira natural no ambiente. 

A professora Bianca Martins explica que, no caso do Programa Florestas do Futuro, o uso de garrafas PET além de atender a demanda da reciclagem de um resíduo, que é um poluente grave na natureza, é o material reciclado mais viável economicamente por ser mais barato e acessível que filamentos comerciais. 

“Por isso nós falamos que se trata de economia circular, consumir o plástico destinado ao lixo no Juruá, reciclando, utilizando e reintroduzindo em cadeias produtivas de outros produtos, evitando que se utilize plástico de fora e evitando que se jogue no lixo o plástico que é descartado”, pontua.

Criar sem agredir o meio ambiente

As práticas de prototipagem estão alinhadas ao curso de Engenharia Florestal e a criação de produtos inovadores sem a necessidade de derrubar árvores. Entre as pesquisas desenvolvidas por meio do Florestas do Futuro, está o trabalho de conclusão de curso da Cristina Lima de Melo, aluna do 10° período do curso, que combina o uso de fibras naturais e PET reciclado.

“No início começou com uma proposta de tema de trabalho de conclusão de curso, porém, antes mesmo do tema, já existia o esboço de uma atividade de extensão de outros alunos. A priori estou aprofundando o tema voltado para às propriedades físico-químicas e mecânicas das fibras”, conta Lima.

Além disso, outras propostas como protótipos de caixas, modelos de máquinas florestais e materiais didáticos como representações do relevo de unidades de conservação, se destacam entre as produções do Programa. Todo esse material é difundido nas escolas, por meio do estande de Ciências Florestais.

Práticas criativas

Atualmente o programa se prepara para promover uma oficina de prototipagem, que ocorrerá aos sábados, no mês de outubro no Centro de Juventudes de Cruzeiro do Sul, destinada a escolas de ensino fundamental e médio, especialmente meninas e mulheres.

Em 2024 já havia ocorrido uma oficina introdutória sobre o assunto e a deste ano terá maior duração. Foto: cedida

Serão 30h de oficina, com uma programação que incluirá palestras sobre bioeconomia, economia circular, reciclagem de PET, programa de edição 3D, sistemas Pull Struder e impressão 3D, sob condução da coordenadora Bianca Martins e do técnico Stefano Vannucci, além da participação de outras professoras e alunos do curso de Engenharia Florestal.

O intuito da oficina é aliar conhecimento e prática para que os jovens consigam ter uma boa introdução ao desenvolvimento de equipamentos inovadores e manuseá-los de forma descomplicada.

A coordenadora do Programa enfatiza sobre a importância de ações como essa para formar agentes de promoção do desenvolvimento sustentável na região do Juruá e em outras regiões.

Com educação científica e práticas criativas, o Programa aprofunda o conhecimento relacionado à prototipagem, às tecnologias de baixo custo e aos usos do plástico, permitindo que jovens estudantes levem esses hábitos e saberes para suas casas e comunidades.

Bianca Martins, engenheira florestal e coordenadora do programa e Stefano Vannucci, projetista e desenvolvedor do sistema PullStruder. Foto: cedida

“Para mim e para o senhor Stefano, o produto mais importante de toda essa iniciativa é o desenvolvimento de mentes capazes de pensar lá na frente, capazes de buscar soluções para problemas, capazes de inventar novas máquinas, de terem novas ideias para reutilização do PET e de outros resíduos”, conclui.

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